Sexta-feira às 01 de Novembro de 2024 às 04:35:20
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Prejuízo milionário: cerca de 80 pessoas pagaram por carro e há meses não recebem

Estima-se que mais de 200 carros foram negociados e um valor que pode chegar a R$ 20 milhões. Caso está sendo investigado

Prejuízo milionário: cerca de 80 pessoas pagaram por carro e há meses não recebem

Há algum tempo a Folha recebeu informação de um possível golpe em Campo Largo, que já somava diversas vítimas na cidade e parece já estar em cerca de 100 pessoas lesadas, considerando também em Curitiba – apenas em um grupo de WhatsApp são quase 80. A reportagem da Folha esteve em Curitiba, na Delegacia de Estelionato, mas o delegado informou que ainda não é possível passar mais informações porque o caso está no início das investigações. Orientou, apenas, que as vítimas prestem depoimento para juntar ao processo.

Conforme relatou uma das vítimas campo-larguenses, uma pessoa de Campo Largo tinha um cargo de gerência em uma grande montadora de veículos e intermediava a venda de veículos de funcionários desta montadora para compradores externos e lojistas. “O forte era negociar os carros seminovos, com baixa quilometragem, de diretores e grandes executivos da empresa”, explicou uma vítima.

É uma prática comum de algumas montadoras darem como benefício aos funcionários a compra do veículo de fábrica com valor cerca de 20% menor do que quando compra em concessionária. Mas esse gerente acabou conseguindo encontrar uma forma de usar esse benefício, sem consentimento da montadora, para revender a outras pessoas, em grande proporção. Inicialmente entregava os veículos, mas desde outubro de 2021 continuou recebendo os pedidos e os valores – transferidos de forma integral por PIX, mas parou de entregar. A justificativa era sempre que estava atrasando devido à pandemia.

Aos poucos os clientes começaram a ver que poderiam estar caindo em um golpe, porque conversaram entre si e viram que era grande o número de pessoas envolvidas. Com orientação de advogados, formaram um grupo e estão tentando reaver o prejuízo. A montadora também foi notificada do caso, mas acaba também sendo uma vítima neste processo.

A Folha entrou em contato com um advogado de algumas das vítimas, mas o mesmo disse que a princípio ficou decidido que não serão passadas informações, para que a investigação ocorra da forma mais sigilosa possível, para não tomar nenhuma decisão precipitada. “Depoimentos estão sendo prestados e as pessoas estão levando a documentação na Delegacia para formar um conjunto probatório ainda maior”, informou.

Também tentamos contato com o advogado desta pessoa que na época ocupava cargo de gerência e foi desligado da montadora, mas o mesmo não atendeu. Este gerente, que residia em Campo Largo, há alguns anos reside na Europa, de onde fazia as negociações.