A Folha de Campo Largo realizou na manhã desta quarta-feira (20) uma live com o prefeito Maurício Rivabem, no gabinete da Prefeitura
A Folha de Campo Largo realizou na manhã desta quarta-feira (20) uma live com o prefeito Maurício Rivabem, no gabinete da Prefeitura. Entre os diversos assuntos ligados a projetos e reclamações enviadas pelos leitores, um dos assuntos de maior destaque foi a Saúde Pública na cidade, que será abordada na matéria desta semana. A participação dos leitores na live foi bastante intensa, com muitas perguntas enviadas – chegando a 200 comentários. A entrevista está disponível no Facebook da Folha de Campo Largo, mas confira os principais tópicos apresentados.
Filas na UPA e chamamentos de médicos
O prefeito destaca que conhece a realidade e acompanha diariamente a movimentação da Unidade de Pronto Atendimento pelas câmeras, que tem acesso por meio de aplicativo no celular. Inclusive, retrata que na última segunda-feira (18) havia uma grande fila de espera para atendimento na UPA. “A gente percebe que a maior movimentação e necessidade de consultas no pronto atendimento são na segunda-feira. Nesta segunda, por exemplo, dos oito médicos, três faltaram. Não estou questionando isso, eles estavam de atestado. Mas no formato que tenho hoje, que é público, são as 12 horas de plantão com cinco médicos em atendimento. Se chega uma emergência, eles precisam se mobilizar para atender a emergência.”
Questionado sobre o que pode ser feito para reduzir este efeito sobre a população, o prefeito comenta que já conversou com lideranças de outras cidades sobre a viabilidade de implementar modelo em que uma empresa fica responsável pela contratação de médicos, ou seja, os profissionais não são contratados via concurso público. O prefeito irá para Brasília no início de maio, onde há várias cidades da região com este modelo implementado e há intenção de trazer para cá.
“Se tivéssemos esse modelo nesta segunda, em que três médicos faltaram, em 30 minutos a empresa contratada deveria ter três médicos para suprir a carência, obrigatoriamente, previsto em contrato. Toda a parte de pagamentos de salários também fica ao encargo da empresa, pois iremos contratar o serviço. Em algumas situações há até uma economia ao adotar esse sistema. Nossa intenção, mais do que implementar na cidade este modelo, é fazer todo um sistema para que as pessoas sejam muito bem atendidas”, explica.
Campo Largo tem hoje mais de 180 médicos, que atendem não só na UPA, mas nas 18 Unidades Básicas de Saúde. Há uma escala médica, com plantão de sete médicos, na UPA, e na segunda-feira são oito profissionais. “Há 20 dias, aproximadamente, chamamos mais 17 médicos, para darmos um maior suporte, mas não apareceu nenhum. Hoje a realidade salarial destes profissionais na Região Metropolitana é muito maior do que em Campo Largo. É legítimo que os médicos procurem onde há mais condições de trabalho, é natural. Em algumas especialidades nós abrimos concurso público e não aparece ninguém.
Psiquiatra, por exemplo, não aparece, porque o salário oferecido pela Prefeitura não é condizente com a realidade das outras prefeituras. Pediatras é a mesma coisa”, diz Maurício.
Por conta desta defasagem foi necessário alterar a tabela de pagamentos aos médicos, por meio do Projeto de Lei do Executivo nº 10 de 2022. “Nós temos um orçamento e precisamos segui-lo, por isso as modificações precisam ser encaixadas. Então nós aumentamos razoavelmente bem a hora/plantão que era em torno de R$ 105, passou para aproximadamente R$ 150, para que pudéssemos atrair esses profissionais”, diz. Outra intenção, para melhorar o atendimento, é ampliá-lo em algumas unidades básicas de saúde. Em determinados bairros, há UBS que possuem atendimento até as 22h e a intenção é trazer essa possibilidade para outras unidades também, conforme a demanda da região. “As pessoas trabalham, chegam em casa após às 18h e a UBS fecha às 17h. Neste local há um atendimento importante, em que as pessoas estabelecem vínculo com o médico, ele acompanha o tratamento, então irá favorecer muito a população, com acompanhamento real”, reforça.
Mais UBS e instituições de saúde na cidade
O prefeito aproveitou para anunciar os projetos que estão por vir na cidade, dentro da Saúde Pública. Haverá projetos de UBS na Legrand, que atenderá toda a região do Botiatuva, outra UBS no Três Rios, que atenderá a população e irá desafogar a UBS do Águas Claras. Há projeto para dobrar o tamanho da UBS do Santa Cruz, no interior do município. Há ainda um projeto, bem encaminhado, ao lado do Centro da Juventude, de UBS para atender o Bom Jesus. Hoje a UBS do Rivabem está com grande demanda de pacientes para serem atendidos diariamente – visto que compreende desde o Itaqui de Cima, Ouro Preto, Ferrari e Bom Jesus.
“Como conseguimos um novo terreno, nossa ideia é construir um novo Cras no Rivabem, tipo três, com grande capacidade de atendimento para atendimento maior da população. Então vamos unir o atual UBS com o Cras, fazendo ali um grande posto de saúde. Adquirimos também um terreno, com 14 mil m2 no Saad. Deste terreno, oito mil m2 serão doados para o Estado, onde será construído um colégio estadual e no restante a construção de uma UBS para atendimento de toda essa região”, revela.
Os Três Córregos também recebeu anúncio de melhoria nos últimos dias. “É algo que me deixa muito feliz. Além de termos a escola nova, com 570m2, inclusive com piscina térmica para as crianças e atendimento humanitário no Cemae, estamos reformando toda a UBS e também há previsão de construção de um heliponto, que será o primeiro heliponto na região rural na RMC. Se uma pessoa infarta no interior do município, ela leva de 45 a 50 minutos para chegar ao Hospital do Rocio. Com um heliponto, basta o acionamento e esta remoção acontece em cinco minutos, o que irá salvar muitas vidas. É o fruto de uma parceria com o Estado do Paraná, os helicópteros são da Polícia Militar. Esse transporte de pacientes será possível até mesmo à noite, pois de dentro do helicóptero será possível acionar as luzes da pista”, finaliza.
Segundo ele, dentistas existem em todos as UBS, com salas novas para atendimento. Existe projeto para construção do CEO, o Centro de Especialidades de Odontologia. “Faremos na região central, e a nossa ideia é disponibilizar inclusive implantes dentários para a população gratuitamente, bem como outros tratamentos que não são realizados nas UBS”, revela.
Centro Médico Hospitalar
Maurício relembra que o Centro Médico Hospitalar era utilizado para atendimento de urgência e emergência, porém era um espaço apertado e que comportava poucas pessoas, se comparado a atual UPA, que possui salas novas. Atualmente fechado, o CMH passará por reforma e funcionará como centro de especialidades, ainda que não seja obrigação do município fornecer este serviço. O projeto de reforma do CMH é de aproximadamente R$ 4 milhões, dentro de uma parceria com outros municípios da RMC.
Medicamentos
Foi citado ainda durante a entrevista que há algum tempo havia reclamações sobre falta de remédios. “Nós investimos muito nesta parte, e temos em Campo Largo hoje um estoque com mais de 200 tipos de medicamentos. Pode faltar, sim, mas por questões laboratoriais, que faltam ingredientes e a própria empresa não conseguia entregar para nós. Quando fazemos a licitação, ela é válida para o ano inteiro”, ressalta. A Farmácia Especial, localizada na Avenida Natal Pigatto, pode mudar de endereço futuramente, com localização mais para o Centro.
Atendimentos nos hospitais
Questionado por leitores, Maurício explica que hospitais que estão instalados em Campo Largo dependem da reguladora estadual, que distribui as vagas. “O Hospital Infantil Waldemar Monastier atende sim campo-larguenses mas depois de passarem pela Central Reguladora do Estado. Não existe portas abertas porque ele é um hospital de especialidades e não um pronto-socorro. No HIWM terá um aumento muito grande em atendimentos a partir do segundo semestre. O que era 40 atendimentos por mês, passará a mais de 400, após investimento do Estado. Nós conseguimos uma parceria com o Hospital Pequeno Príncipe também, para movimentar a fila de cirurgias de coluna, que chega a ter espera de dois anos. O HPP trará profissionais que farão essas cirurgias e logo teremos uma fila zerada”, explica.
O prefeito completa dizendo que existe uma determinação antiga, que de todas as vagas da regulação são divididas em 70% para Curitiba e 30% para toda a RMC, composto por 29 município. “Nós questionamos muito isso, há um certo tempo, para que mude para no mínimo 50/50%, e acontece muito de nós ficarmos com paciente dez a 15 dias aguardando vagas na UPA, sendo que temos hospitais de referência na cidade. Isso são trâmites necessários, mas que lutamos para mudar”, ressalta.