Sabado às 23 de Novembro de 2024 às 06:45:32
Política

Oito candidatos a vereador receberam auxílio emergencial e justificam o motivo

O Tribunal de Contas da União – TCU publicou uma lista de candidatos às eleições de 2020 que receberam auxílio emergencial nesta pandemia, mesmo com patrimônio igual ou superior a R$ 300 mil.

Oito candidatos a vereador receberam auxílio emergencial e justificam o motivo

Oito candidatos a vereador receberam auxílio emergencial e justificam o motivo O Tribunal de Contas da União – TCU publicou uma lista de candidatos às eleições de 2020 que receberam auxílio emergencial nesta pandemia, mesmo com patrimônio igual ou superior a R$ 300 mil.

Nesta lista consta oito candidatos a vereador de Campo Largo. Segundo a publicação, a situação demonstra uso indevido do benefício, visto que aponta renda incompatível com as regras do programa. A lista com os nomes foi obtida através de cruzamento de dados do TCU com o Ministério da Cidadania, tendo por referência inicialmente as concessões e os pagamentos do auxílio de abril a julho de 2020. O Tribunal ressalta que os resultados são apenas indícios de renda incompatível, que há risco de erro de preenchimento do candidato, risco de fraudes, que o Tribunal Superior Eleitoral é quem confirma se é um crime eleitoral, mas que o papel do TCU é garantir o bom uso do dinheiro público.

A lista começou a ser divulgada pelas redes sociais e a Folha tentou contato com todos os candidatos divulgados na lista para que pudessem explicar a situação. Até o momento, não conseguimos contato com duas pessoas para justificar.

A candidata Geslline Giovana Braga, do Coletivo Magnólia, disse que a pandemia a deixou em uma situação financeira bem complicada. “Eu sou autônoma e trabalho com Cultura, com produção de livros e documentários. Quando veio a pandemia eu fiquei desesperada e sem qualquer perspectiva de trabalho para o ano interno. Todos os projetos em que eu estava foram cancelados. A área da Cultura foi uma das mais afetadas", explicou. Comentou sobre a aprovação da Lei Aldir Blanc, mas disse que para a cidade receber os recursos precisava estar inserido no sistema de Cultura Nacional e Campo Largo ainda não estava, que apenas na última sexta-feira abriu o edital de chamamento público.

Detalhou que mesmo assim estão destinando um valor baixo para produtores culturais, o que inclusive está sendo questionado. “Não tenho vergonha de falar que minha situação ficou complicadíssima”, diz Geslline, que recebeu duas parcelas do auxílio. Ela completa que quando uma das produtoras que trabalha conseguiu recursos ela cancelou o recebimento do auxílio, mesmo o valor que passou a receber foi menor que o auxílio. Em relação ao seu patrimônio declarado, ela apenas tem em seu nome um carro que já tem dez anos e a casa que tem no nome dela é uma casa de madeira que era dos pais dela, que quem mora é a irmã. Como autônoma diz que estava no seu direito e acredita que não teve nada de errado nisso.

O candidato João Freita é advogado e diz que devolveu todas as parcelas do auxílio e tem os recibos para comprovar. Ele é advogado e quando iniciou a pandemia recebeu o pedido de ajuda de muitas pessoas para fazer o cadastro e receber o benefício. Assim, contou que fez um cadastro para saber como era e poder auxiliar outras pessoas carentes a receber. “Achei que podia fazer e cancelar, mas só cancela devolvendo as parcelas”, comenta, afirmando ter feito a devolução e que não ficou com um real do Governo. “Nunca peguei dinheiro do Governo Federal para nada e estou tranquilo em relação a isso. Não tenho nada a esconder”, declara ele, que se coloca à disposição para enviar os recibos a quem quiser verificar.

O candidato Luiz Carlos Portela Sant' Ana entrou em contato com a Redação informando que seu patrimônio declarado possui valor elevado exclusivamente em virtude de avaliação média da residência que reside há mais de 40 anos, a qual fora adquirida através de herança de sua finada mãe. Sua remuneração atual se baseia em seu trabalho autônomo de afiações e de relojoeiro exercido em uma pequena relojoaria de sua propriedade, na qual  trabalha junto de sua esposa e filho no centro da cidade, ponto este alugado, com despesas mensais. Ele diz que teve a sua renda diretamente afetada em virtude da pandemia, passando por dificuldades financeiras decorrentes da obrigatoriedade de fechamento de seu comércio e da diminuição direta de seus fregueses, se vendo obrigado a solicitar aludido auxílio para ajudar a regularmente manter a sua subsistência e as despesas de seu comércio e de sua residência.

A reportagem da Folha também conversou com a candidata Maria Madalena Biernaski, conhecida por Maria Polaca, que até receber a ligação não sabia da publicação do TCU. Disse ser autônoma, que trabalha como diarista e que realiza serviços gerais, até mesmo de carpir, e ficou sem emprego na pandemia. Conta que trabalhava a semana inteira e de repente perdeu os lugares para trabalhar. Declarou que não sabe sobre esse patrimônio de R$ 300 mil e que vai ver sobre essa situação. O candidato Rogério Baumel, conhecido por

Rogério das Tintas enviou uma nota na qual diz que: “Quem me conhece do dia a dia sabe que o nome Rogério das Tintas vem do período em que trabalhei como vendedor no comércio de tintas, e durante o processo eleitoral é mais fácil você ser lembrado pelo nome que é conhecido na cidade. Nunca fui o proprietário da loja, basta pesquisar na Junta Comercial e com os clientes que ali compravam. Atualmente, atuo como corretor de imóveis, e assim como muitos campo-larguenses, infelizmente me encontrei em uma situação financeiramente delicada, afinal foram várias pessoas que perderam o emprego e outras que viram seus negócios quase fecharem, se não falirem. Infelizmente, assim como muitos campo-larguenses, eu também peguei Covid-19 e precisei cumprir o protocolo de isolamento social.

Foi um momento de incerteza em relação à vida, mas graças a Deus consegui vencer essa doença. Lamento profundamente pelos amigos que perdi, e pelas famílias que tiveram seus entes queridos levados por essa doença maldita. O auxílio foi um recurso que me ajudou neste período. Reafirmo aqui o compromisso de que cumpri todos os requisitos da lei. Inclusive, os valores recebidos após a minha nomeação como vereador foram devidamente devolvidos. Fui questionado sobre o patrimônio declarado. Este, trata-se da minha casa, onde moro com a minha família e que foi fruto de herança e de muito trabalho como vendedor.

Portanto, peço que não julguem antes de conhecer verdadeiramente os fatos. Estou aberto para conversar com quem quer que seja e esclarecer qualquer ponto que ainda não ficou esclarecido.”

O candidato Thiago Kaminski, que tem uma banca no Centro, declarou que assim como muitos comerciantes foi obrigado a fechar o comércio e assim não teve rendimento nenhum. Sobre o patrimônio declarado, diz que não tinha patrimônio nenhum e que o apartamento declarado foi comprado no início de setembro, mas que está todo financiado. “Aparece declarado o valor total do imóvel, mas está parcelado em 420 meses”, explicou, dizendo que não tem esse valor.

A Folha também tentou falar com o candidato José Almeida e não conseguiu o contato da candidata Helen Patricia Pirili. Colocamo-nos à disposição para também prestar os esclarecimentos no jornal.