Estive no final da tarde do último sábado, dia 1º, na Central de Flagrantes da Capital, da Polícia Civil, localizada no bairro do Portão, em Curitiba.
Estive no final da tarde do último sábado, dia 1º, na Central de Flagrantes da Capital, da Polícia Civil, localizada no bairro do Portão, em Curitiba. Lá, também funciona a Central de Flagrantes da RMC. Como seria de esperar, o movimento é constante. Mas, nos fins de semana, a correria dos registros de Boletins de Ocorrência e de flagrantes se intensificam à noite e ao longo da madrugada.
Visitei as duas unidades nesse horário exatamente sabendo que ainda não havia iniciado o “rush” para conversar com Delegados, policiais e populares que buscavam atendimento. Como era de se prever, todos foram unânimes: há falta de pessoal e muita demora para o registro de flagrantes, que envolve diversos procedimentos e pode durar até duas horas ou mais.
Esses dois fatores têm provocado uma série de problemas, em especial, longas esperas e muitas reclamações de quem precisa fazer um BO ou receber outro atendimento. E os flagrantes encaminhados pela Polícia Militar e Guardas Municipais se acumulam. Na quinta-feira passada, dia 30, um vídeo gravado por um soldado da PM em frente à Central de Flagrantes viralizou nas redes sociais.
Na quarta-feira anterior, dia 29, uma equipe da PM prendeu três assaltantes por volta das 16 horas, sendo um de menor e dois adultos. Depois de duas horas fazendo o registro na Delegacia do Adolescente, os PMs se dirigiram à Central de Flagrantes para os procedimentos com os outros dois meliantes. O detalhe é que o vídeo dos PMs esperando para realizar o flagrante foi gravado às seis horas da manhã.
Ou seja, a equipe de PMs gastou mais de 14 horas entre a ocorrência e o registro do flagrante. A exaustão do policial militar no vídeo era evidente e justificada porque o seu turno de 24 horas havia se encerrado às 19 horas da quarta-feira, apenas três horas depois das prisões. É lamentável que cenas como essas se repitam por causa da falta de pessoal na Polícia Civil.
Em dados oficiais que me foram enviados no início de dezembro, dos 7.305 cargos existentes na Polícia Civil, apenas 3.872 encontravam-se ocupados por delegados, escrivães, investigadores e papiloscopistas. As demais 3.433 vagas não estavam preenchidas. O surpreendente é que o quadro completo de policiais civis é de pelo menos 20 anos atrás.
O atual governo, porém, parece buscar novos rumos e soluções. Em recente reunião com o secretário de Segurança Pública, Coronel Marinho, e o Delegado Geral da Polícia Civil, Silvio Rockembach, tive a satisfação de tomar conhecimento que está em estudo uma programação de concursos para os próximos anos visando a reposição dos diversos cargos da instituição.
Acredito que somente com planejamento será possível retomar os investimentos e contratações que resgatem a credibilidade e a confiança da sociedade na Polícia Civil. E, com o rigor necessário, o Coronel Marinho e Rockembach possam conduzir uma gestão de sucesso da segurança pública no Paraná.
*Rubens Recalcatti é Deputado Estadual pelo PSD