Segunda-feira às 25 de Novembro de 2024 às 01:44:02
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Prevenção da anemia em crianças pequenas exige atenção especial à alimentação

Médico pediatra explica como acontece a doença e também sobre os mitos que a rodeia

Prevenção da anemia em crianças pequenas exige atenção especial à alimentação

A anemia é sempre uma preocupação entre os pais ou responsáveis por crianças pe­quenas, principalmente quando há recusa alimentar. Embora de 2006, dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) apontaram que mais de 20% das crianças brasileiras menores de cinco anos sofriam com essa condição. O número subia para quase 25% quando eram bebês de até dois anos.

O médico pediatra Haroldo Torres Alves explica que anemia é uma doença que provoca a diminuição da hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio no sangue para as célu­las e tecidos do corpo. “Pode ter várias causas, como doenças genéticas familiares, que pro­vocam com má formação ou destruição das células sanguíneas, que chamamos de hemácias, em doenças autoimunes, bem como em deficiência de ferro, zinco, vitamina B12 e proteínas. Mas de modo mais comum, cerca de 90% das anemias acontecem por deficiência de ferro, devido à má alimentação, quando se deixa de comer especialmente carnes vermelhas, ovo, feijão, entre vários outros alimentos ricos em ferro.”

Segundo o médico, essa deficiência de oxigenação nos tecidos e órgãos do corpo, pode gerar sintomas como fraqueza, indisposição, sonolência excessiva, perda de apetite, falta de ganho e até perda de peso, baixo crescimento das crianças, mau rendimento escolar. O diag­nóstico é simples, com um exame de hemograma já é possível detectar se a criança está anêmica ou não. Por meio do hemograma, é possível analisar os níveis de hemoglobina, a do­sagem de ferro, ferritina – proteína responsável por carregar o ferro no sangue – e índices de proteínas e vitaminas.

“A partir da idade de 06 meses de idade, quando os alimentos diferentes do leite materno ou fórmula começam a serem introduzidos, a adaptação para aceitação desses alimentos e especificamente a rejeição da criança aos alimentos enriquecidos com ferro levam à anemia, diagnosticada com baixo ganho de peso entre 07 a 08 meses de idade. Com 01 ano, a crian­ça está mais determinada com escolha de alimentos e recusa de outros, episódios que vão piorando até os 02 e 03 anos, quando acontecem as recusas e birras e troca de alimentos dos pais, a anemia vai se instalando e os sintomas aparecendo”, esclarece o médico.

O tratamento dessa doença é feito por meio da reposição de ferro, por meio de vitaminas em um período de três meses, além da correção da dieta da criança, cujos pais ou responsá­veis devem adotar um cardápio mais variado, com produtos naturais. Se não tratadas, a ane­mia do tipo mais comum pode evoluir para baixo ganho de peso e altura, desnutrição, baixa imunidade e consequente infecções de repetição, baixo rendimento escolar, déficit intelectu­al, “algumas sequelas que podem ser transitórias e ser recuperadas, outras com comprometi­mento permanente devido à deficiência nutricional”, explica.

“A família necessita estar com alimentação saudável e em concordância a respeito do que deve ser oferecido à criança sob orientação pediátrica e nutricional adequada. Correções dos erros alimentares devem ser feitas sob orientações adequadas para que não se desen­volva a anemia e nem outras doenças associadas e suas consequências”, completa o médico.

Anemia x Leucemia

Algumas pessoas acreditam que uma “anemia não tratada vira leucemia”, mas isso não é verdade. “Anemia não vira leucemia, como tantos temem. O contrário acontece, sim. A leucemia gera uma baixa na produção de células sanguíneas e dão anemia. A ligação entre essas doenças é assim: pacientes com leucemia também têm anemia; pacientes com anemia não estão propen­sos a leucemia por causa da própria anemia, mas podem estar por outras cau­sas diversas”, diz.

Somente crianças magrinhas são anêmicas

Não! As crianças gordinhas também podem apresentar deficiência de nu­trientes. “Crianças gordinhas são um sinal de erro alimentar, muitas vezes com ingestão excessiva de guloseimas, alimentos gordurosos, pães, massas, leite e derivados, e naturalmente uma má aceitação dos alimentos saudáveis inge­ridos nas refeições principais, almoço e jantar, que não devem ser substituí­das. A criança é mais ‘gordinha’ até os 02 anos de idade, mas a partir dessa idade o ritmo de crescimento é mais acelerado que o ganho de peso, ainda mais com o gasto de energia com as atividades da criança. O acompanha­mento em consultas pediátricas rotineiras vai demonstrar se o ganho de peso e altura está equilibrado e se há necessidade de uma investigação de doen­ças e tratamento”, explica.

Cozinhar em panela de ferro

“O uso da panela de ferro para cozinhar realmente libera ferro nos alimentos, não é mito. Isso ajuda a prevenir a anemia, mas a prevenção efetiva é comer os alimentos ricos em ferro em uma dieta equilibrada iniciada a partir dos 6 meses de idade e com hábito alimentar saudá­vel e toda a família e o acompanhamento periódico em consultas pedi­átricas”, finaliza.