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Opinião

A Violência que une gerações

20-08-2010

Marcelinho (o nome é fictício), todos os dias, reza ajoelhado, ao pé da cama, com os olhos fechados.

A Violência que une gerações

20-08-2010

Marcelinho (o nome é fictício), todos os dias, reza ajoelhado, ao pé da cama, com os olhos fechados. Pede a Deus que traga de volta o seu pai, que um dia chegou em casa "estranho", espancou a mãe, foi embora e nunca mais voltou. Aninha (o nome também é fictício), também reza, na hora de dormir, mas com as mãozinhas postas pede a Nossa Senhora que traga a sua mãe de volta, porque um dia ela saiu de casa e nunca mais voltou.

Os dois casos, reais em nossa cidade, não são únicos, nem isolados, acontecem muito mais frequentemente do que imaginamos. Na maioria das vezes esses casos têm como causa, as diculdades econômicas das famílias, a desagregação causada por falhas estruturais na criação dos, hoje, pais e mães e, ainda, os casos relacionados às drogas, à violência que gera violência e se autoalimenta, de geração em geração.

Mães, pais, que não têm as mínimas condições psicológicas, econômicas e culturais, de criar um filho, estão por aí, como dizem os cientistas, proliferando. Falta, no País, um conjunto de leis que realmente funcionem, ao lado de um conjunto de possibilidades, de Educação, de Emprego, de Salários, que dêem, à geração que está chegando, condições de se diferenciar da atual. Há, na sociedade atual, um componente altamente daninho, que destrói não apenas o indivíduo, mas todos os que estão em sua volta.

A droga, e dentre elas a mais perigosa, o Crack, é o inimigo mais potente que a sociedade tem, hoje, para enfrentar. O Crack vicia com uma velocidade espantosa, demoniaca, diriam os religiosos mais obstusos. E nada se pode fazer, num País com fronteiras abertas, desgaurnecidas, com políticos corruptos, que só enxergam os fins, sem se importar com os meios, onde o crime organizado floresce como milho semeado em terra fértil.
Marcelinho, como Aninha e milhares de outros brasileirinhos que, hoje, choram a ausência do pai ou da mãe, ou a ausência de ambos, têm pouca esperança de viver um futuro feliz, porque na infância, quando deveriam, não foram apresentados a eles, esta inalcansável senhora, que se chama "Felicidade".

É hora de pensarmos, com seriedade, o que estamos fazendo com as nossas crianças, o que queremos que elas sejam, daqui há 15, 20 anos; um cidadão equilibrado e feliz, ou uma vítima das circunstâncias?