O pediatra Luciano Weber afirma que as crianças comem muito carboidrato. Adolescentes brasileiros possuem altos níveis de colesterol, segundo pesquisa.
20/04/2016
Uma pesquisa realizada com mais de 38 mil adolescentes publicada pela Revista de Saúde Pública em fevereiro de 2016 mostrou níveis preocupantes de colesterol na faixa etária de 12 a 17 anos. A pesquisa foi chamada de Erica (Estudo dos Riscos Cardiovasculares em Adolescentes), e além de pesquisar o colesterol, também se ateve a números como tabagismo, hipertensão, nível de atividade física e síndrome metabólica, totalizando 75 mil participantes com idade entre 12 e 17 anos.
De uma forma geral, o colesterol é um lipídio produzido pelo corpo humano, que desempenha funções essenciais como a produção de hormônio e também de vitamina D. A Medicina classifica o colesterol em dois tipos, o HDL e o LDL. O HDL é conhecido como o “colesterol do bem”, já que ele é responsável pela retirada do excesso de colesterol das artérias, impedindo o seu depósito e a formação de uma camada de gordura, devolvendo para o fígado.
Já o LDL é considerado um vilão. Quando em excesso no sangue é prejudicial e pode ser o responsável pelo aparecimento de doenças cardiovasculares, já que fica depositado nas artérias e provoca o entupimento das mesmas. Foi esse tipo de colesterol que mais apareceu no exame de sangue dos adolescentes que realizaram a pesquisa.
O pediatra Luciano Ultramari Weber explica que a causa do grande aparecimento de colesterol em crianças e adolescentes é o consumo exagerado de calorias vazias. “Nosso corpo foi feito para consumir verduras, legumes, proteína e pouco carboidrato. O que acontece é que hoje as crianças consomem muito carboidrato. Entendemos por calorias vazias aqueles alimentos que não possuem fibras, vitaminas. São apenas fontes de energia”, esclarece.
O cuidado com a alimentação deve ser a base para uma saúde impecável antes mesmo do nascimento da criança. Pesquisas científicas já comprovaram que mães que possuem uma alimentação mais variada e rica possuem menos chances de gerar filhos com crescimento abaixo do normal, com deficiência de vitaminas, podendo apresentar doenças sérias no futuro. “Depois que o bebê nasce é muito importante que a mãe o amamente por no mínimo seis meses. Crianças que são amamentadas no peito possuem 48% menos chance de se tornarem obesas no futuro”, explica o médico.
Após a introdução dos alimentos, os pais devem ficar atentos às quantidades de açúcar ingeridas pela criança e maneirar nos alimentos industrializados. “A criança pode comer doces, mas a quantidade é determinada pelos pais, e deve ser restrita. Quando a criança tem fome no meio da tarde, por exemplo, ao invés de sempre dar iogurte, os pais podem preparar algum lanche saudável, com salada, por exemplo, ou então optar por uma fruta. A variedade de alimentos é essencial na fase de crescimento”, recomenda o Dr. Luciano.
Entre os prejuízos que adolescentes com colesterol alto podem apresentar está a grande possibilidade de se tornar um adulto obeso no futuro, que podem resultar em doenças sérias no futuro, como doenças cardiovasculares e problemas no fígado, complicações metabólicas, problemas respiratórios, desgaste nos ossos e articulações, além do surgimento de câncer. “Eu sempre reforço que o hábito é muito importante para evitar problemas mais sérios no futuro. Se um adolescente já está com sobrepeso está na hora de repensar a alimentação dele, só que nessa fase é mais difícil controlar o que ele come. Aí, então é necessária a criação de um novo costume que pode levar um tempo para se adaptar”, finaliza.
Corpo em movimento
As crianças pequenas possuem uma energia indiscutível e quase nunca conseguem parar quietas e isso não quer dizer que a criança seja portadora de algum distúrbio, presente apenas em cerca de 10% da população. Com o passar dos anos essa energia vai diminuindo, mas os pais não devem deixar adolescentes inertes. “O gasto de energia é essencial para manter o corpo em equilíbrio. Manter hábitos de alimentação saudável e uma rotina de exercícios físicos é imprescindível para evitar problemas de saúde no futuro. E isso vale para a família no geral, não apenas para o adolescente”, aconselha do pediatra.