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Opinião

Desemprego começa a assustar os trabalhadores

Desemprego começa a assustar os trabalhadores

29/06/2015

Férias coletivas, redução da jornada, eliminação de um turno de trabalho, lay-off, esses são alguns dos assuntos que os trabalhadores temem ouvir. No chão de fábrica, onde se sabe quase tudo sobre a saúde financeira da indústria, ouve-se notícias das mais variadas. Perder o emprego nesta altura dos acontecimentos, em meio a uma crise que já se arrasta por mais de um ano, é temerário.

Não sabe o trabalhador, se uma vez desempregado conseguirá, com facilidade, nova colocação. As empresas, com  raras excessões, não estão contratando nos mesmos níveis dos últimos anos. As vendas estão em queda, em muitos casos  a contração atinge índices superiores a 40% e a saída é reduzir estoque de matéria-prima, produção, custos, estoque de produtos acabados, despesas com combustíveis, energia.

Nesta semana, as informações sobre o fechamento de uma das grandes indústrias de louças da cidade, com desemprego para mais de 380 trabalhadores, trouxe ainda mais apreensão. Há, em contrapartida, informações sobre investimentos no setor, mas para quando? Afinal, o cidadão precisa por o alimento na mesa da sua família todos os dias, e esse é um assunto que não dá para esperar.

Um trabalhador, já com idade para se aposentar, e na iminência de ficar desempregado, desabafou aos companheiros: “Não sei o que fazer se não conseguir um novo trabalho. O dinheiro da rescisão não vai durar muito tempo, talvez três, quatro meses, e depois?”  Um sindicalista, que acompanhava o desenrolar dos acontecimentos, revelou que às vezes, nas lutas por salários, contrariando todas as normas, é melhor ceder até mesmo em alguma conquista importante, para garantir o emprego de todos.

A grande dúvida é o tempo que a crise vai durar. Pelas perspectivas dos economistas, os juros continuarão elevados, nos próximos seis meses, pelo menos, para forçar a redução da inflação. E os efeitos desse remédio amargo só serão sentidos em um, dois anos. Viveremos, por consequência, um resto de 2015 mergulhados nas dificuldades e um 2016 igualmente difícil para, só em 2017, se tudo der certo, começarmos a respirar aliviados novamente.

Já se espera, para 2015, uma redução considerável do PIB (Produto Interno Bruto), em torno de 1,1%. Será, segundo os especialistas, a maior retração da nossa Economia, dos últimos 23 anos. Esse encolhimento poderá proporcionar greves, protestos, revoltas e até mesmo o que não se espera, uma crise política e institucional sem precedentes.