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Opinião

Empresas são vilãs ou vítimas de achaque?

Empresas são vilãs ou vítimas de achaque?

03/04/2015

Quanto custa vender ou prestar serviço para o Governo? Vale a pena? Quantas empresas já quebraram por venderem e não receberem do Poder Público? O problema é o mesmo, em todos os níveis, na União, estados e municípios. Na prática, observa-se que muitas empresas e prestadoras de serviço cobram valores muito acima do mercado,  para produtos e serviços, quando o cliente é um ente público. Talvez esta seja uma reação natural do mercado, contra o calote ou as dificuldades para receber.

Há muito sabia-se que os preços de grandes obras, principalmente na União, eram superfaturadas. Não se encaixava nos preços do mercado, um estádio, um viaduto ou uma escola, custarem milhões de dólares, quando sabe-se que a obra custaria muito menos do que a metade desses valores.

Esses preços só se encaixariam em um ambiente de grande corrupção, que acaba de ser desnudada pela Operação Lava Jato. Mas aí surge uma grande dúvida: são as empresas corruptas ou vítimas de achaque por membros de um Governo sustentado pela corrupção? Porque as empresas acabavam pagando propina muitas vezes como única forma de terem liberados os valores dos serviços, obras ou produtos entregues há meses, anos, para os entes públicos.

A tese de que as empresas são vítimas, não vilãs, pode, e deve ser analisada profundamente pela Justiça. Para que os corruptos, os verdadeiros, não escapem impunes, enquanto empresários pagam a conta, com anos e anos de prisão. Os políticos, esses sim, que se beneficiaram do “esquema”, devem ser denunciados e punidos exemplarmente, porque as empresas executaram as obras, entregaram os produtos e serviços, e o sobrepreço acabou devolvido aos “donos” do poder.

Os empresários têm culpa? Têm, mas não são apenas eles que devem ser punidos. Afinal, não existe corrupto sem o corruptor, como não existe ladrão sem um receptador. O grande problema é que, como no Mensalão, apenas o “laranja” continua preso, enquanto os verdadeiros alibabás e seus 40 ladrões já estão todos em casa, e muitos continuaram roubando, sem ninguém os incomodar.