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Exportações

26/04/2012

Vaca louca favorece o Brasil

Exportações

26/04/2012  Fonte: Gazeta do povo

Apesar de o mercado internacional considerar que o caso de doença da vaca louca confirmado anteontem pelos Estados Unidos foi isolado e está sob controle, o Brasil pretende ganhar espaço nas exportações de carne bovina a partir do episódio. Os embarques brasileiros caíram 11% em 2011, para 1,09 milhão de toneladas. Os representantes do setor acreditam que, diante da ocorrência, a qualidade sanitária da carne brasileira deve ser mais reconhecida.

“Os Estados Unidos vendem muito para a Rússia e para a Europa, que sempre impõem restrições ao produto brasileiro. No contexto internacional, se um grande exportador tem um problema de vaca louca, com certeza algo pode prejudicá-lo. E ganham os outros exportadores”, avaliou o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar.

O setor não aposta em embargos contra os EUA, mas considera que os importadores vão rever suas opções. O Brasil expandiu suas vendas de bovinos diante da crise do mal da vaca louca nos anos 1980 e 90, e as de frango diante do temor da gripe aviária na última década.

“Isso aconteceu porque estávamos preparados para fornecer carne de qualidade”, disse o economista Antonio Poloni , assessor da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). Em sua avaliação, os projetos do estado – como a criação da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) – convergem neste sentido. O estado tenta retomar as exportações de carne bovina, interrompidas no ano passado após o fechamento de um frigorífico em Maringá.

A União Europeia, o Canadá, o México e o Japão confirmaram ontem que continuarão importando carne dos EUA. Duas redes sul-coreanas suspenderam a distribuição da carne norte-americana, isoladamente. A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) informou que não vai rebaixar os Estados Unidos, que é área de “risco controlado” em relação à vaca louca.

Essa é a mesma categoria do Brasil, apesar de o país nunca ter registrado a doença. O país espera que a OIE eleve seu status para “risco insignificante” em maio.

A preocupação sanitária brasileira, neste momento, é com a aftosa – principal termômetro internacional de qualidade sanitária. Os EUA não registram aftosa desde 1929.

A doença da vaca ganhou repercussão na década de 1980. Os animais doentes apresentam disfunções no sistema nervoso central e acabam morrendo. Houve registro de 3,5 mil casos por mês no auge da epidemia, entre 1992 e 93. Atualmente, ocorrem menos de 50 casos ao ano. A ingestão da carne doente pode causar disfunções também no ser humano.

Saúde animal

Paraná tenta garantir cobertura da vacinação contra a febre aftosa

O Paraná vai buscar garantir cobertura próxima de 100% na vacinação contra a aftosa que começa dia 1º de maio. A campanha será lançada neste sábado, em Castro, informou ontem a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

O veterinário da Seab Silmar Bürer avalia que o quadro é de normalidade, quatro meses após o último registro da doença no Paraguai, mas não dispensa participação maciça dos pecuaristas. Ao todo, 4,2 milhões de animais de até 2 anos de idade devem ser imunizados no próximo mês. Em novembro, todo o rebanho terá de ser vacinado novamente.

Para se tornar área livre sem vacinação em 2013, o estado ainda precisa contratar mais agentes sanitários e reforçar sua vigilância nas fronteiras e divisas, conforme avaliação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Um estudo da Seab indica que o estado pode ganhar R$ 1,42 bilhão em 20 anos ao se tornar área livre sem vacinação.

Soja tem maior cotação em 43 meses

Depois de cair 3 centavos por libra-peso na terça-feira (limite diário de baixa), a cotação do boi no mercado futuro dos Estados Unidos teve alta ontem, recuperando metade das perdas. A suposta redução da demanda por grãos na alimentação bovina foi descartada. Os rumores de que faltará soja na América do Sul para atender à demanda internacional fizeram a oleaginosa saltar, na Bolsa de Chicago, para o mais alto valor desde setembro de 2008 – quando o mercado financeiro mundial sentiu o peso do pedido de concordata do Lehman Brothers, segundo maior banco de investimentos dos EUA.

Ao fechar o pregão norte-americano de ontem em US$ 14,72 por bushel, a soja teve alta de dois dígitos (+12 pontos), o que influenciou os preços nas praças do Paraná. A saca de 60 quilos teve valorização diária de quase 1% no estado, sendo comercializada a R$ 54, numa sequência de recordes. Os analistas alertam, no entanto, para possíveis correções baixistas nas cotações do produto nas próximas semanas, uma vez que há uma importante resistência psicológica estabelecida na marca de US$ 15 por bushel.