11/04/2012
Conselho de Ética abre processo que pode causar cassação de Demóstenes
11/04/2012 Fonte: R7 Notícias
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado abriu, na tarde desta terça-feira (10), processo disciplinar por quebra de decoro contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Demóstenes terá dez dias úteis para se defender. O prazo será contado a partir da notificação da comissão.
O senador é suspeito de participar de um suposto esquema de exploração de jogos ilegais, como o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis, comandado pelo empresário Carlos Ramos Araújo, o Carlinhos Cachoeira. A quadrilha, desmontada pela Polícia Federal na operação Monte Carlo, atuava em Goiás e no Distrito Federal.
Gravações feitas pela PF com o aval da Justiça revelaram a ligação entre o senador e o bicheiro e apontaram, inclusive, que Demóstenes recebia dinheiro de Cachoeira e atuava em favor de seus interesses no Congresso.
O relator do processo será decidido por sorteio, já que nenhum senador quis assumir o papel de julgar o colega. A escolha será feita nesta quinta-feira (12), às 10h. Embora, na prática, a investigação ainda nem tenha começado, o presidente do conselho, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) já admitiu que as chances de cassação são grandes.
— Olha, eu sou presidente da comissão, mas fiquei impressionado. Depois que 44 senadores, inclusive eu, manifestarmos confiança de que ele estaria fora dessas irregularidades, na realidade o que vimos depois é que havia um compartilhamento de ideias e de iniciativas entre o senador da República e um contraventor. O clima aqui no Senado, que antes era de torcida para que não fossem verdadeiras as acusações, hoje é de inteira decepção e frieza com o nome do senador Demóstenes Torres.
Valadares, que tem 69 anos, assumiu o comando do conselho por ser seu mais velho integrante. Coube a ele o cargo depois que o peemedebista Vital do Rêgo (PB) negou o convite feito por seu partido para exercer a função.
A cadeira de presidente do Conselho de Ética está vaga desde setembro do ano passado, mês em que o senador João Alberto (PMDB-MA) deixou a Casa para ocupar um cargo no governo de Roseana Sarney, no Maranhão.
O senador Jayme Campos (DEM-MT), que era o vice-presidente do órgão e deveria assumir o posto, declarou-se impedido de julgar o colega, que era do DEM – na semana passada, sob pressão, Demóstenes pediu sua desfiliação.
Assim que assumiu o novo posto no Conselho de Ética, Valadares prometeu que não haverá nenhum privilégio para um ou outro senador.
— Qualquer representação que seja apresentada dentro do regimento em anuência aos trâmites legais não sofrerá nenhum bloqueio e não haverá qualquer tentativa de impedir sua tramitação, conforme o padrão desta comissão e também da minha vida pública.
Os senadores da oposição Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Álvaro Dias (PSDB-PR) comemoraram a instauração do processo e lembraram que já estão colhendo assinaturas para abertura de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar a ligação de outros parlamentares com Cachoeira.
Além do processo no Senado, Demóstenes é investigado também em um inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal).