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Política

Assistência social

02/04/2012

Miséria põe Gleisi e Richa do mesmo lado

Assistência social

02/04/2012  Fonte: Gazeta do povo

Principal meta da gestão da presidente da República Dilma Rousseff (PT), a erradicação da pobreza foi um dos temas abordados na reunião entre a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), e o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), na última semana. A ministra pediu ao governador ajuda para complementar o Bolsa Família no Paraná, como forma de erradicar a pobreza extrema no estado – que hoje atinge 2,95% da população. Ainda não há um formato ou um prazo definido para a ajuda.

Segundo o governo do es­­tado, Richa já se reuniu com as secretarias envolvidas para discutir o assunto. O governador deve se reunir, também, com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Cam­­pello, no dia 21 de abril, para estudar maneiras de desenvolver essa parceria entre os dois governos.

De acordo com Gleisi, o governo federal não tem conversado apenas com o Paraná, mas com todas as unidades da federação. A ideia é que os estados complementem o Bolsa Família. Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Sergipe e Bahia, entre outros estados, também já iniciaram conversas com a União. A ministra afirma que a ideia é erradicar a miséria do país até o fim do mandato, em 2014.

O número absoluto de pessoas em situação de pobreza extrema, ou seja, que vivem com menos de R$ 70 por mês, no Paraná assusta: são 306 mil pessoas. Entretanto, se comparado com o resto do país, o número está entre os mais baixos: apenas 2,95% da população do estado está na miséria, enquanto a média do país é de 8,5%. Em estados como o Maranhão, esse índice chega a 25%. Para Gleisi, como o número de miseráveis do Paraná é menor, com a ajuda do governo do estado, é possível zerar esse número até meados de 2013.

Família Paranaense

No mês passado, o governo do estado deu largada ao projeto Família Paranaense, desenvolvido nos moldes do Família Curitibana. A iniciativa, que será gerida pela Secretaria da Família e do Desenvolvimento Social (Seds) e envolve outras 16 secretarias, prevê ações de acompanhamento social, educação profissionalizante, habitação e saúde, entre outras coisas, para as populações mais carentes do estado. O governo do estado elaborou uma lista de 30 municípios prioritários para o início do projeto.

Serão investidos R$ 178 mi­­lhões, sendo que R$ 100 mi­­lhões dependem da liberação de empréstimos do Ban­­co Interamericano de De­­sen­­volvimento (BID) – assunto central da reunião entre Richa e Gleisi. As famílias cadastradas poderão permanecer no programa por dois anos.

No Família Paranaense, não está prevista a transfe­­rência direta de renda. Haverá apenas distribuição de comida e de produtos de limpeza para as famílias cadastrada, no valor de R$ 50 por pessoa. Logo, o funcionamento é bastante diferente do Bolsa Família. “Não vamos sobrepor o nosso programa ao Bol­­sa Família. A ideia é que o Família Paranaense apoie o programa federal, buscando atender a população carente do estado”, afirma Richa.

 

Números

Estado tem 56 cidades em pior situação que o resto do país

Paraná está mais perto de erradicar a miséria do que o resto do país. A porcentagem de pessoas em situação de extrema pobreza no Paraná é muito menor do que a média nacional: 2,95% dos paranaenses vivem com menos de R$ 70 por mês, enquanto no Brasil essa média é de 8,5%. Entretanto, essa realidade se mostra bem menos animadora quando comparamos diferentes municípios: 56 das 399 cidades do estado têm índices de pobreza maiores do que o resto do país.

Em alguns casos, a miséria atinge um quinto da população.

Única cidade do Paraná com o Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM) baixo em 2008, Doutor Ulysses, no Vale do Ribeira, é também a campeã no número de miseráveis. 20,9% da população do município, de 5.727 habitantes, vive com menos de R$ 70. A cidade se encaixa no perfil dos municípios mais pobres do estado: população abaixo dos 20 mil habitantes e predominantemente rural. Entre as 56 cidades com mais miseráveis que a média brasileira, apenas cinco têm mais de 20 mil habitantes: Pinhão, Quedas do Iguaçu, Ortigueira, Reserva e Prudentópolis.

A região Centro-Sul do Paraná é a campeã entre as cidades com mais pobreza do estado. Onze dos municípios entre os 20 mais pobres estão na região, enquanto outros dois são limítrofes. Regiões como o Vale do Ribeira, na Região Metropolitana de Curitiba, e a microrregião de Ivaiporã, no Norte do Estado, também contam com diversos municípios entre os mais pobres.

Menos pobreza

Por outro lado, em outros municípios, a miséria se aproxima do zero. A cidade com menos miseráveis no estado também é pequena, como Doutor Ulysses: Entre Rios do Oeste, na fronteira com o Paraguai, tem apenas 3.926 habitantes – um terço deles na zona rural. Apenas 18 pessoas, segundo o IBGE, vivem abaixo da linha da pobreza, e outras 91 podem receber benefícios do Bolsa Família. Entre os municípios com proporcionalmente menos pobres estão quatro polos importantes do estado: Maringá é a quarta colocada, com apenas 0,57% de sua população em situação de pobreza, Cianorte é a 10.ª, Curitiba é a 17.ª e Marechal Cândido Rondon é a 19.ª.

Se o Centro-Sul é a região com mais pobres, o Noroeste é a região das cidades com menos miseráveis no estado. Nove dos 20 municípios melhor colocados estão na região. O perfil, entretanto, varia de municípios pequenos e rurais, como Guaporema e São Jorge do Patrocínio, até polos industriais, como Cianorte.


Colaborou Angélica Favretto