06/03/2012
Destaque na CeBIT, Brasil tenta se vender como polo tecnológico
06/03/2012
Fonte:R7.com
A maior feira de tecnologia e comunicação do mundo, a CeBIT, será aberta nesta segunda-feira (5) em Hannover, na Alemanha, com o Brasil na posição de destaque, como país-parceiro do evento deste ano.
Com direito à presença da presidente Dilma Rousseff, que discursará na abertura ao lado da chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, o Brasil tenta aproveitar a oportunidade para vender ao mundo uma imagem de polo importante de produção de tecnologia.
Nos últimos anos o Brasil consolidou sua imagem como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de commodities, mas o país espera também ganhar espaço no mercado para produtos com alto valor agregado, como no setor de tecnologia.
Segundo o governo brasileiro, o país é hoje o sexto maior mercado consumidor do setor de tecnologia e comunicação, mas a produção atualmente é voltada principalmente para o consumo interno.
Rubens Gama, diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores, falou à BBC Brasil sobre a participação brasileira.
- A promoção da inclusão digital e do acesso ao conhecimento encontra-se entre as prioridades do atual governo. Por isso é tão importante para o Brasil ser o país-parceiro da CeBIT 2012. Nós vamos poder mostrar ao mundo a capacidade brasileira de desenvolvimento e produção em tecnologia de informação e comunicação [TIC] e com isso atrair investimentos para a área.
Segundo ele, o país já tem hoje expertise em algumas áreas do setor, especialmente em aplicações ligadas ao setor financeiro e de segurança bancária e na indústria do software customizado, desenvolvido de acordo com as demandas específicas do cliente.
O diplomata também aponta o chamado e-government, ou governo eletrônico, como uma área na qual o Brasil vem sendo reconhecido pelo seu avanço - com o pioneirismo na realização de votações com urnas eletrônicas e na coleta e no processamento de informações tributárias.
- Em ambas, o Brasil atingiu um nível de excelência global, e ambas podem agregar valor à imagem do país nesse setor.
Oportunidade de negócios
Para os representantes das empresas do setor, a participação brasileira na CeBIT deste ano será também uma oportunidade única de negócios, como observa Djalma Petit, diretor de mercado da Softex (Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro), que vem organizando a participação brasileira na CeBIT há 13 anos.
- Nossa participação está baseada em dois pilares - o reforço da imagem do Brasil como um mercado avançado de TIC e a oportunidade de negócios para as empresas brasileiras
Para ele, o Brasil vive "um paradoxo", com um dos maiores mercados produtores de tecnologia do mundo, mas com exportações ainda tímidas, já que a produção hoje atende basicamente o consumo interno.
Segundo a Softex, o setor de tecnologia brasileiro gerou um faturamento de R$ 296,2 bilhões (US$ 171 bilhões) em 2010 e está em crescimento acelerado. A associação espera um avanço de 6% no setor neste ano.
"Inversão da lógica"
O governo brasileiro estima que até 2020 o setor de tecnologia e comunicação deverá representar 6% do PIB brasileiro.
Para Gama, " setor de TICs é central hoje em dia para a economia mundial".
- Na crise de 2008, por exemplo, enquanto muitos setores demoraram dois anos e meio para recuperar os níveis de faturamento do período imediatamente anterior, o setor de TICs recuperou o faturamento pré-crise em menos de seis meses. O setor está em expansão e seguirá assim.
Segundo ele, o Brasil deve investir em parcerias com outros países com produção avançada de tecnologia para melhor aproveitar suas capacidades específicas.
- A cooperação é mais produtiva para o Brasil do que a competição direta.
Ele aponta o exemplo da Índia, que tem alta produção de softwares padrões, mas pouca capacidade instalada para customização, como tem o Brasil.
- Para aumentar as exportações brasileiras, seria interessante, por exemplo, uma eventual parceria com a indústria indiana, na qual esta fornecesse os códigos padrões e o Brasil entrasse com a customização. Com isso, poderíamos abrir um excelente mercado no sudeste asiático, na China e, eventualmente, até o Japão, já que a Índia possui extensas carteiras de clientes nessa região. Para os indianos, a parceria com o Brasil poderia abrir mercados na América Latina para seus serviços primários - com a finalização do produto dada pelo Brasil.
Segundo ele, essa seria "a inversão da lógica dos produtos básicos, em que o Brasil entra com a parcela mais primária da agregação de valor".
Petrobras e Embrapa
Segundo Djalma Petit, da Softex, o grande avanço da participação brasileira na feira deste ano é a presença nos diversos setores temáticos da CeBIT.
Os cerca de 130 expositores brasileiros, entre empresas e instituições privadas e governamentais, estarão distribuídos em seis pavilhões diferentes pela feira de acordo com suas áreas de atuação - um para soluções para educação e outros setores, um para sistemas eletrônicos de governo, um para tecnologias de telecomunicações, um para tecnologias para o setor financeiro, segurança e certificados digitais, um pavilhão para as indústrias-chave de petróleo e agricultura e um para jogos e TV digital.
Entre as empresas brasileiras presentes estarão também as estatais Petrobras, apontada como uma das líderes no desenvolvimento de tecnologias para perfuração de poços de petróleo em águas profundas e na produção de biocombustíveis, e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que tem mostrado avanços no setor de tecnologia voltada à agricultura.
A CeBIT, que vai até o dia 10 de março, conta neste ano com cerca de 4.200 expositores de 70 países e estima cerca de 350 mil visitantes ao longo do evento.