18/02/2012
Políticos usam trios elétricos como palanque político
18/02/2012 Fonte: Gazeta do povo
A equação “feriado de carnaval mais ano eleitoral” chega a um resultado certeiro: trio elétrico é igual a palanque. Na mais popular festa do país, a cartilha do político traz orientações aos desconhecidos, odiados e elogiados. Para quem quer reconhecimento, a orientação consiste em comparecer ao maior número de eventos. Aos malvistos, vale a reflexão: a emoção popular leva a reações sinceras, aumentando o risco das vaias. Se a popularidade for boa, o desaparecimento é a opção sugerida, evitando os riscos da exposição.
Cientista político, o professor da UFPR Adriano Codato diz que não vê problemas na participação dos políticos nas festas. “Faz parte do jogo. Político usa o que estiver à disposição para ter visibilidade, ainda mais próximo de eleição”, diz. Mas a presença nem sempre garante o resultado. Na quinta-feira, o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PP), foi vaiado ao chegar em um trio elétrico.
A presidente Dilma Rousseff, que surfa na crista das boas avaliações, vai evitar a folia e descansar na base naval de Aratu, na Bahia. Comportamento oposto ao de 2010, quando, na disputa à Presidência, foi uma ilustre foliona. “Por ser recente na política, esperava participação mais efetiva nesses eventos. Mas a Dilma é intimista e recatada e está com um trunfo na mão, a sua popularidade”, diz Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
“A participação no carnaval sempre pode virar um mico. E a Dilma não tem o perfil político que gosta de aparecer sempre”, diz o professor da UFPR. Tanto Codato quanto Maria do Socorro lembram o ex-presidente Itamar Franco, flagrado ao lado de uma modelo sem calcinha, em 1994.
O governador Beto Richa (PSDB) também está na capital baiana para aproveitar o feriado. Já o prefeito Luciano Ducci (PSB) permanece em Curitiba e deve participar apenas de uma missa, na terça-feira.
Folia
Em cidades com festas mais movimentadas, o carnaval se transforma em evento político até mesmo para as escolas de samba. Em São Paulo, o enredo da Gaviões da Fiel homenageia o ex-presidente Lula: “Verás que o filho fiel não foge à luta. Lula, o retrato de uma nação”. E a Vai Vai trata da presidente Dilma na letra de seu samba: “Mulheres que brilham: a força feminina no progresso social e cultural do país”. “Pelo histórico do carnaval, há relação forte com a política, pois cria elo entre as lideranças e o público. Algumas escolas de samba fazem brincadeiras políticas”, afirma Maria do Socorro.
Para Codato, mais do que o teor das músicas, o financiamento das festas por parlamentares tornam seus nomes mais comentados em determinadas bases eleitorais. “Pré-candidatos a prefeito e a vereador tendem a aparecer bastante e financiar parte das festas. Isso é muito comum no Rio de Janeiro, até porque os donos de escolas costumam colaborar em campanhas políticas”, diz. Nesse caso, viabilizar a festa é uma quase garantia de votos das comunidades envolvidas.
O que não pode
A Resolução nº 23.370, do Tribunal Superior Eleitoral, autoriza a propaganda eleitoral a partir de 6 de julho. Portanto, algumas atitudes são vedadas a partir desse período e podem ser consideradas como campanha antecipada no carnaval. Veja algumas delas.
- Distribuição de brindes, como chaveiros, bonés e camisetas.
- Realização de showmícios para a promoção de candidatos.
- Colocação de cavaletes, bonecos e cartazes nas ruas.
- Instalação de outdoors com promoção política.