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Política

Ministros demitidos

05/02/2012

Apesar da gravidade das acusações, nenhum sofreu outra punição além da perda do cargo.

Ministros demitidos

05/02/2012  Fonte: Gazeta do povo

Sete ministros do governo Dilma Rousseff já deixaram o Planalto por causa de escândalos que vão de tráfico de influência a mau uso do dinheiro público. O último a cair foi Mário Negromonte, que deixou o Ministério das Cidades na última quinta-feira. Apesar da gravidade das acusações que pesam contra ele e outros seis ex-integrantes da administração Dilma, nenhum sofreu outra punição além da perda do cargo. Enquanto nada acontece na área judicial, alguns ex-ministros seguem na vida pública. Negromonte (PP-BA) e o ex-ministro do Turismo Pedro Novais (PMDB-MA) voltaram para suas cadeiras na Câmara dos Deputados. O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) retornou ao Senado. Orlando Silva, que deixou o Ministério do Esporte no fim do ano passado, já anunciou a intenção de ser candidato a vereador de São Paulo. Para o professor de Ciência Política Doacir Quadros, do grupo Uninter, a maior punição para quem deixa o governo federal em meio a denúncias são os danos causados em suas carreiras políticas. “Eles perdem reputação, têm a imagem extremamente questionada [...]. Com isso, internamente no partido, o poder de barganha deles diminui”, diz Doacir, que ressalta haver exceções – caso do ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que continua a comandar o PDT.

Mário Negromonte (PP) – Cidades

Demissão: 2 de fevereiro de 2011

Último ministro da gestão Dilma a cair, Negromonte deixou o cargo após uma série de denúncias de irregularidades que correram na imprensa desde o ano passado. A suspeita mais recente é que integrantes do PP – partido do ex-ministro – estariam negociando um projeto milionário de informatização do Ministério das Cidades. O Ministério Público Federal instaurou em setembro do um inquérito para investigar denúncias de que pessoas da cúpula do pasta, próximas a Negromonte, teriam favorecido empresas que contribuem para o PP. Ainda não há previsão da conclusão da investigação. Negromonte reassumiu o cargo de deputado federal na sexta-feira.

Carlos Lupi (PDT) – Trabalho

Demissão: 4 de dezembro de 2011

Lupi perdeu o cargo após uma série de escândalos, que envolveram desde denúncias de que teria sido funcionário fantasma na Câmara dos Deputados entre 2000 e 2006 até o uso de um jatinho particular, de um empresário que tem contratos com o Ministério do Trabalho. Denúncias de cobrança de propina para a liberação de verbas a ONGs também pesaram contra o pedetista. O episódio do uso do jatinho está sendo investigado pelo Ministério Público Federal, mas não há previsão de conclusão.

Orlando Silva (PC do B) – Esporte

Demissão: 16 de outubro de 2011

Orlando Silva caiu após denúncias de desvio de verbas e de cobrança de propinas em convênios envolvendo ONGs e o programa Segundo Tempo, um dos carros-chefe do ministério. Segundo as denúncias, ONGs tinham de pagar uma taxa de até 20% do valor do convênio para receber verba da pasta. Orlando Silva foi apontado como um dos beneficiários do esquema, que teria desviado R$ 40 milhões. Corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ) um inquérito para apurar as denúncias contra o ex-ministro. Apesar do escândalo, o ex-ministro mantém pretensões eleitorais. Ele anunciou que será candidato a vereador de São Paulo na eleição deste ano.

Antonio Palocci (PT) – Casa Civil

Demissão: 7 de junho de 2011

Primeiro ministro da gestão Dilma a cair, Palocci é suspeito de enriquecimento ilícito – seu patrimônio aumentou 20 vezes, entre 2006 e 2010, época em que era deputado federal. Pesa sob Palocci a suspeita de que teria enriquecido por meio da prática de tráfico de influência que teria favorecido a sua empresa de consultoria, a Projeto. O Ministério Público Federal em Brasília abriu inquérito civil público para investigar Palocci por improbidade administrativa no caso da evolução patrimonial. A investigação corre em sigilo. Já a Procuradoria-Geral da República arquivou a investigação criminal sobre o caso.

Alfredo Nascimento (PR) – Transportes

Demissão: 6 de julho de 2011

Atualmente no cargo de senador, Nascimento caiu após uma série de denúncias de superfaturamento em obras e cobrança de propina envolvendo integrantes da cúpula do ministério. O vídeo em que Nascimento aparecia ao lado do deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP), supostamente negociando a liberação de verbas para atrair integrantes para o partido deles, dificultou ainda mais a permanência de Nascimento no cargo. Atualmente, corre um inquérito contra Nascimento e Costa Neto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as denúncias.

Wagner Rossi (PMDB) Agricultura

Demissão: 17 de agosto de 2011

Terceiro ministro da gestão Dilma a cair por causa de denúncias de irregularidades, Rossi é o que está em situação mais complicada. Ele é suspeito de ser um dos cabeças no esquema que envolveu suposto tráfico de influência e pagamento de propinas no ministério. Rossi ainda foi acusado de ter usado o jatinho de uma empresa de agronegócio que teria contratos com a pasta. Em novembro, o ex-ministro foi indiciado pela Polícia Federal, enquadrado nos crimes de formação de quadrilha, peculato e fraude em licitação.

Pedro Novais (PMDB) Turismo

Demissão: 14 de setembro de 2011

Novais deixou o cargo em meio a uma operação policial que descobriu desvio de dinheiro do ministério, no período anterior à gestão dele. Novais não estava envolvido. Mas acabaram vindo à tona denúncias contra ele por uso irregular da verba da gabinete e de ressarcimento no período em que era deputado federal. O primeiro escândalo foi o pagamento de um motel com dinheiro da Câmara. Novais também foi acusado de nomear uma empregada doméstica e um motorista particular como servidores da Casa. A denúncia é investigada pelo Ministério Público Federal. Após deixar o ministério, Novais voltou para a Câmara.