22/12/2011
Na última terça-feira (20), a Vigilância Sanitária Estadual interditou os setores de Pediatria, Lavanderia, Central de Materiais e Posto de Enfermagem do Centro Médico.
23/12/2011
“Nós estamos investigando como o veneno chegou ao Centro Médico. Pode ter havido crime, pode ter sido intencional, não sabemos, mas também pode ter havido uma contaminação acidental”, disse o prefeito Edson Basso, durante coletiva de Imprensa, na tarde de Quarta-feira, em seu gabinete. Ele se referia ao caso do menino que recebeu uma dose de “Chumbinho”, veneno de rato diluído com Carvão Ativado, remédio contra intoxicação química, naquela Unidade de Saúde.
O prefeito recebeu a Imprensa, acompanhado da secretária municipal de Saúde, Christiane Chemin e dos médicos Kengi Itinose, diretor Técnico da Secretaria de Saúde e Heitor Pinheiro Lima Neto - diretor Técnico do SAMU, juntamente com o secretário municipal de Segurança, Benedito Facini. Eles informaram, ainda, que a interdição de algumas alas do Centro Médico, pela Vigilância Sanitária Estadual, ocorreu em decorrência de problemas estruturais e que a unidade já estava em obras de reforma.
O caso
Na última terça-feira (20), a Vigilância Sanitária Estadual interditou os setores de Pediatria, Lavanderia, Central de Materiais e Posto de Enfermagem do Centro Médico. A ação, realizada em conjunto com a vigilância municipal, foi motivada pela intoxicação de uma criança de três anos de idade, por “chumbinho”, inseticida com o princípio ativo Aldicarbe, cuja venda é proibida em todo o País.
Segundo relatou o médico Kengi Itinose, a criança foi atendida no setor de Pediatria, no dia 27 de novembro, após ter ingerido Naftalina. A equipe realizou uma lavagem gástrica, e deveria ter administrado Carvão Ativado para neutralizar os efeitos da Naftalina. No entanto, junto com o Carvão, havia uma pequena porção de Chumbinho, na medicação diluída. O menino imediatamente apresentou sintomas de intoxicação, fazendo uma convulsão e insuficiência respiratória, sendo imediatamente atendido e, posteriormente, encaminhado à UTI do Hospital Infantil.
O menino foi medicado e se recuperou, sem sequelas, recebendo alta dias depois. No último dia 15 o resultado do exame do material que a criança ingeriu no Centro Médico comprovou que, junto com Carvão Ativado existia uma quantidade de chumbinho. A equipe da Vigilância Sanitária Estadual, em inspeção na última Terça-feira (20), interditou algumas alas do Centro Médico, mas, segundo o prefeito Edson Basso, trata-se de uma consequência da inspeção, não diretamente ligado ao caso de intoxicação da criança.
As vigilâncias Estadual e Municipal, em conjunto com a Polícia Civil (Nucrisa e Delegacia do Consumidor), fizeram uma blitz em vários estabelecimentos comerciais do centro de Campo Largo, que comercializam produtos agropecuários para investigar a possível origem do chumbinho. Não foi encontrada a substância, porém foram constatadas diversas irregularidades, como venda de produtos alimentícios junto com venenos, inseticidas irregulares e produtos vencidos.
O prefeito Edson Basso adiantou que houve um erro de administração de medicamento ao menino e em vez de Carvão Ativado, a mistura estava contaminada com chumbinho.
Informações não oficiais apontam que o chumbinho pode ter chegado ao Centro Médico há alguns meses, quando a mãe de um paciente intoxicado com o produto levou uma amostra do agrotóxico para confirmação do diagnóstico. O frasco não teria sido desprezado e acidentalmente pode ter sido misturado ao lote de Carvão, dada à sua aparência, à primeira vista.
Atendimento
Devido ao fechamento da Pediatria, a equipe que atuava no Centro Médico foi deslocada para o Hospital Regional Infantil, que concentra agora o atendimento de emergência, a UTI e os internamentos. Os serviços de lavanderia e esterilização de materiais estão sendo realizados em outros hospitais enquanto as alas do Centro Médico passam por reforma. A secretária Christiane Chemin acredita que em 60 dias todo o Centro Médico estará readequado.
Ela adiantou que felizmente o menino foi atendido imediatamente e não terá sequelas. Coincidentemente o Carvão Ativado é, também, antídoto para veneno, como o chumbinho, fator que pode ter contribuído para que o menino sobrevivesse sem maiores consequências.
Um inquérito Administrativo foi aberto e deverá apontar para a contaminação do produto (carvão Ativado), com o chumbinho. Há possibilidade do caso ser, posteriormente, encaminhado para o Ministério Públicou ou para a Polícia Civil, se ficar comprovado que houve contaminação intencional.