14/12/2011  Fonte: Gazeta do povo

Os principais grupos supermercadistas investiram aproximadamente R$ 230 milhões em 2011 na inauguração ou reforma de quase 20 unidades no Paraná. Para 2012, as empresas devem seguir investindo. Com base no aumento do consumo da nova classe média, elas apostam em crescimentos superiores ao do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

A expectativa do setor é de que a política de valorização do salário mínimo continue elevando o po­der de com­­pra da classe C, que gasta em média 48% do orçamento no supermercado. Assim, mesmo diante do cenário de incertezas da economia mundial, o segmento espera um crescimento médio anual entre 3% e 5% até 2016.

“É importante perceber que a crise é financeira e está concentrada na Europa e nos Estados Unidos. A situação financeira do Brasil é excelente e nada indica que haverá uma redução drástica na renda do trabalhador”, avalia o presidente da Associação Paranaense de Su­­per­­mercados (Apras), Pedro Joanir Zonta, que também preside a rede Condor.

Essa confiança é baseada no mesmo argumento usado pelo setor supermercadista no auge da crise mundial de 2008 – de que, mesmo diante de um aperto econômico, ninguém deixa de comprar comida e outros produtos essenciais para o dia a dia.

Sozinha, a rede comandada por Zonta investiu R$ 100 milhões neste ano, o maior investimento da história do grupo. Ontem, a rede inaugurou sua 33.ª loja, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A loja recebeu investimento de R$ 40 milhões e vai gerar 400 empregos.

“Devemos fechar 2011 com crescimento nominal de 20% no faturamento. Ou 14%, se descontada a inflação”, diz o empresário. Segundo ele, em 2012, o Condor deve elevar em 20% o volume de investimentos. Entre os projetos estão duas lojas em Curitiba e uma em Pinhais, na região metropolitana. “Temos a meta de chegar a 2016 com 45 lojas, 12 mil colabora­­dores e R$ 4 bilhões em faturamento, o dobro do atual”, revela Zonta.

O grupo Walmart foi o responsável pelo segundo maior investimento do setor no estado. O grupo, que opera no Paraná com as bandeiras Walmart, BIG, Mercado­rama, Maxxi Atacado, Sam’s Club, e Todo Dia, investiu R$ 96,5 mi­­lhões na abertura de oito novas lojas, que geraram 920 empregos. A empresa ainda não anunciou seus planos para 2012.

O grupo Muffato investiu na reforma ou inauguração de unidades em Campo Mourão, Cambé, Cascavel, Toledo, Paranavaí e Apucarana. O desembolso variou entre R$ 7 milhões e R$ 20 milhões em cada unidade. O grupo estima investir R$ 70 milhões nos próximos três anos na abertura de pelo menos seis supermercados no interior. O Muffato, que também atua no setor atacadista, de postos de combustíveis e hoteleiro, faturou R$ 1,9 bilhão em 2010 e emprega mais de 8 mil pessoas no Paraná.

O grupo Pão de Açúcar, que opera com as bandeiras Pão de Açúcar e Extra, não investiu em novas unidades no Paraná neste ano, e não divulga os planos para 2012.

Fusão de Pão de Açúcar e Carrefour deu em nada

Em 2011, o que poderia ser o maior negócio da história do setor supermercadista brasileiro acabou se transformando em uma novela. No fim de junho, o grupo Carrefour recebeu formalmente uma proposta de fusão de seus ativos no Brasil com a maior empresa de varejo do país, o grupo Pão de Açúcar. Mas a oferta, que chegou a contar com a “simpatia” – leia-se disposição de financiar US$ 2,4 bilhões da operação – do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), acabou desagradando os controladores do grupo francês Casino, sócios do Pão de Açúcar no Brasil. Em reunião em Paris, o conselho de administração do grupo recusou por unanimidade a proposta de fusão.

O Casino teve uma reação enfurecida ao perceber que sua participação estava sendo diluída. A empresa publicou um comunicado na imprensa acusando Abilio Diniz de agir ilegalmente e se armou para a briga, com a compra de ações preferenciais do Pão de Açúcar no mercado e até levantando dinheiro na Colômbia para eventualmente adquirir a parte de Diniz no negócio.