04/11/2011
É interessante, e extremanete importante, a iniciativa da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural de Campo Largo, em discutir a produção, comércio e consumo de alimentos seguros. Há mais de 60 anos, desde que o uso de agrotóxicos se tornou “tradicional” no Brasil, os seres humanos vêm consumindo veneno, em todos os alimentos que põem na boca. Ainda hoje, agricultores sem nenhum estudo, sem nenhum acompanhamento técnico, despejam toneladas de agrotóxicos em suas lavouras, com o objetivo de matar pragas, afastar plantas invasoras, produzir mais alimentos.
O Brasil já baniu muitos agrotóxicos, considerados mais perigosos, mas o que é permitido, o que é legal, ainda é altamente perigoso para os seres humanos. Além disso, há o contrabando. Através das nossas fronteiras desguarnecidas entram milhares de toneladas de venenos, que poluem nosso solo, nosso ar e nossos rios. E o que é pior, muitos desses alimentos contaminados vêm parar em nossas mesas, sem a menor cerimônia.
O uso de agrotóxicos foi tão intenso, nos últimos 50, 60 anos, que até o leite materno está contaminado. Mulheres que se alimentaram durante toda sua vida com produtos contendo resíduos de agrotóxicos, transmitem parte desses resíduos para o bebê, através do leite.
A iniciativa da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural de Campo Largo é, portanto, elogiável. O Município, até por conta da sua condição de fornecedor de água para Curitiba, pela sua localização, sobre importanque aquífero de água mineral, há muito sofre restrições ao uso de agrotóxicos. Com o tempo, o nosso agricultor foi aprendendo a produzir alimentos sem o uso de substâncias tóxicas. Hoje a cidade é referência na produção de alimentos orgânicos, de alimentos seguros. Mas é preciso avançar mais, é preciso banir o que ainda resta da cultura do uso de agrotóxicos, em algumas lavouras. Há exemplos que devem ser mostrados e copiados, como a Associação de Produtores de Orgânicos, que produzem verdutas e frutas apenas com adubação e controle orgânicos de pragas. Há, inclusive, um produtor de morangos orgânicos na cidade, que compra joaninhas para espalhá-las na sua lavoura, porque esse inseto é um predador natural de inúmeras pragas, pois alimentam-se de afídeos, moscas da fruta, pulgões, piolhos da folha e outros tipos de insetos, a maioria deles nocivos para as plantas. E um punhado de joaninhas não é barato.
Campo Largo está de parabéns, pela iniciativa da Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural. A discussão de assuntos como esse, e as consequentes ações que deverão surgir, a partir dessas discussões, certamente vão nos levar à proliferação das ideias da prática de produção de alimentos seguros, com culturas mais limpas e saudáveis, num futuro não muito distante. As futuras gerações certamente agradecerão essa guinada de cultura que Campo Largo está iniciando.