21/10/2011

A arte estimula a criatividade, impulsiona a vontade de construir algo, reconhece talentos, proporciona socialização, traz bem-estar e conhecimento. Para crianças portadoras de necessidades especiais, ainda ajuda muito a melhorar a parte psicológica e motora. É essa a avaliação que o artista Toto Lopes faz a partir de toda sua experiência e trabalho em projetos sociais.
Atualmente ele está nos projetos Tocando Corações no CEMAE e Tempo de Temperar Arte, este realizado no bairro Francisco Gorski e apoiado pela RodoNorte e Ministério da Cultura. Ele tem tido o prazer de descobrir novos talentos em crianças e jovens que a cada dia se interessam mais pela arte.
Segundo ele, as opções de lazer nos bairros é algo muito precário, por isso destaca a importância dos projetos sociais e que devem ser bem aproveitados pelos jovens. Geralmente trabalha com crianças acima de cinco anos e sempre procura incentivar a arte, até mesmo pelo simples fato de oferecer materiais necessários, o que muitos não têm condições de comprar. Assim, o jovem começa a se descobrir e, com muita determinação e talento, consegue até a usar a arte como profissão.
No projeto no Gorski, ele descobriu três meninas que têm muita vocação para moda. Há três meses tem observado os desenhos e diz que sempre percebeu o talento delas, mas que, com o estímulo, hoje elas já fazem desenhos muito mais técnicos. “No início eram desenhos simples, mais riscos. Hoje já é mais técnico, têm noção de luz e sombra, de corte de roupa. Antes elas faziam cópias, hoje elas criam os modelos”, orgulha-se ele. E por iniciativa própria elas passaram a costurar roupas para bonecas e já chegaram até a fazer roupas para elas mesmas. “Elas estão muito estimuladas”, completa, dizendo que essa é uma das gratificações de seu trabalho.
Um outro caso de que se orgulha é um grafiteiro, de 18 anos, que hoje faz obras com estilo do artista Salvador Dali, um realismo fantástico. A cada dia ele tem mudado seu estilo e já pintou alguns muros em locais permitidos, como no Provopar. Hoje ele já usa a arte como profissão.
No CEMAE, começou a perceber em um menino com dificuldades motoras a vontade em também fazer arte. Toto conta que o menino não consegue mexer as mãos, mas mostrava ter vontade em pegar as coisas com a boca. Até que Toto adaptou um pincel para boca e hoje este jovem se realiza em saber que também pode construir algo, pode ver o resultado do seu trabalho e usar as cores como as outras crianças também.
Para Toto, essa é uma forma de tirar os jovens da violência, das drogas, ainda é uma forma de lazer, de descobrir a habilidade de cada pessoa e, trabalhando com as crianças e adolescentes acaba refletindo nos adultos. “É gratificante. Uma troca de aprendizado”, completa.

Trajetória artística
Toto conta que desde cedo foi estimulado pela aulas artísticas na escola e por pessoas que davam materiais para que ele criasse. Em 1992 fez aula de Artes na Fundação João XXIII, onde teve noção do básico, aprendeu escultura, pintura, a talhar madeira, pode conhecer diversos materiais e ferramentas que ajudaram muito a construir toda sua vida artística, claro que aliado a muita dedicação e persistência.
Em 2003 ele realmente se descobriu como artista e passou a ter a Arte como trabalho. Começou a construir carros alegóricos, enfeites em lojas, Casa do Papai Noel e decorações em geral. Em 2008 teve um incentivo ainda maior com o reconhecimento de seu talento a partir da tela A Santa, a qual foi exposta na Itália, divulgando, assim, seu trabalho internacionalmente. A partir disso passou a ter um reconhecimento ainda maior no sul do País, onde hoje realiza diversos trabalhos com decoração e arte e se envolve em diversos projetos.
“O artista precisa divulgar sua arte, expandir, sair do seu mundinho”, diz Toto, que hoje vive só de Arte, após ter passado muitos anos trabalhando no comércio durante o dia e aproveitando as horas vagas a noite para exercer sua verdadeira paixão.