18-03-2011
A tragédia que abalou o Japão e o mundo, na última Sexta-feira (11), nos traz algumas lições importantes, que mostram diferenças abissais entre a educação e a cultura do povo japonês e a educação e a cultura dos nossos irmãos brasileiros. O tsunami mostrado praticamente em tempo real, pelas emissoras de televisão e pela Internet, nos levam a refletir: E se o Japão fosse aqui? E se o terremoto de nove graus acontecesse no Mar Territorial Brasileiro, seguido de tsunami com ondas de dez metros de altura?
Nossa cidades litorâneas não possuem nenhuma fortificação para quebrar a força das ondas. Basta uma pequena ressaca para vermos dezenas de quilômetros de praias, ruas e casas serem engolidas pelo mar, do Rio Grande do Sul ao Maranhão. Matinhos, no litoral do Paraná é um exemplo, não temos proteção, não se pensou, no Brasil, que algo semelhante possa acontecer, e se acontecesse, a destruição seria infinitamente maior do que a sofrida pelas cidades do Norte do Japão.
Se o Japão fosse aqui, muitas das nossas cidades litorâneas, incluindo capitais como Florianópolis, Rio, Recife, com milhões de habitantes, certamente seriam destruídas.
Se Fukushima fosse aqui, nossas usinas atômicas, que também ficam à beira-mar, certamente seriam destruídas, e Deus sabe o resultado da catástrofe.
Mas outros detalhes importantes, podemos ver, pelas imagens trazidas do Japão. Numa delas, um gari usa apenas uma pinça de madeira, para limpar as ruas de Tóquio, mais limpas do que a maioria dos shoppings do Brasil. Um único papel, jogado no chão (certamente por um estrangeiro), é rapidamente recolhido. Aqui, qualquer chuvinha enche de água as ruas dos grandes centros, graças às centenas de toneladas de lixo, deixadas nas calçadas. Nossa educação é muito diferente da educação dos japoneses.
Os japoneses não promoveram quebra-quebra, ou saques em lojas, após o tsunami. Aqui, certamente, o pânico se espalharia rapidamente e muita gente invadiria lojas e supermercados, levando tudo sem pagar. Talvez até joalherias seriam arrombadas, como já aconteceu pontualmente, em algumas cidades, em eventos menos traumáticos do que o vivido hoje pelos japoneses. No Brasil, até em acidentes nas estradas, cargas são saqueadas.
Pela TV vemos os japoneses em fila, ordeiramente, para comprar combustíveis e alimentos, para embarcar em ônibus ou nos guichês de aeroportos e estações ferroviárias, sob temperaturas abaixo de zero. Aqui certamente as imagens seriam de caos.
Deus sabe o que faz, e livrou o Brasil de catástrofes gigantescas, como terremotos e furacões. Temos as nossa tragédias diárias, provocadas hora pelo excesso de chuva, hora pela grande estiagem. Em uma ou outra morremos um pouco, para nos reinventarmos mais adiante. Nossas tragédias, entretanto, são do tamanho que conseguimos suportar. Resta olharmos para os nossos irmãos japoneses, pararmos de reclamar e arregaçarmos nossas mangas, para ajudarmos os paranaenses do Litoral, paulistas da Capital, mineiros da região de Belo Horizonte e cariocas das serras, atingidos, todos os anos pelas chuvas de Março, que fecham o Verão. Precisamos pressionar os governos para que retirem o povo mais necessitado de lugares que, sabemos, mais ano menos ano, serão atingidos pelas chuvas e morrerão soterrados. Nós, os brasileiros, temos muito que aprender com os nossos irmãos japoneses...