04-02-2011
É certo que Campo Largo ganhou muito, em toda a sua história, em riqueza, desenvolvimento econômico e qualidade de vida, graças à sua (nossa) BR-277, que corta a cidade de Leste a Oeste e traz tudo de bom, e também de ruim. Com o tempo a rodovia começou a ficar pequena para o grande movimento de caminhões, ônibus e automóveis. Veio a duplicação, o fluxo melhorou mas com o tempo, e sem manutenção, os buracos e as armadilhas do trecho mataram muitos dos nossos vizinhos, amigos, familiares. Com a privatização, a rodovia passou a ficar cada vez mais segura.
Em nome da nossa segurança e da segurança dos demais usuários da rodovia, a concessionária recapeou a pista, melhorou a sinalização, derrubou árvores, colocou sinaleiro, lombadas eletrônicas ("pardais"), passarelas e fechou alguns acessos considerados perigosos. Aqui e alí, alguns moradores reclamaram pelas dificuldades de acesso, com o fechamento das saídas mais próximas de casa.
Mas a segurança, perseguida até às últimas conse-
quências, levou a concessionária a fechar também alguns retornos considerados problemáticos, que registravam altos índices de acidentes, mas também importantes para os usuários e moradores, por facilitar o ir e vir de todos. É claro que o protesto viria imediatamente. Moradores não aceitam, por exemplo (e eles estão certos em não aceitar), sair do Cercadinho e trafegar cinco quilômetros, na rodovia, até o trevo da Natal Pigatto, para fazer o retorno e se dirigir à Curitiba. Antes eles andavam metade desse percurso.
Muitos dos moradores que protestam contra o fechamento do retorno, não são contra maior segurança na rodovia, onde até muitos parentes, vizinhos e familiares morreram. Eles reivindicam, basicamente, o direito de ir e vir. E se um retorno foi fechado, uma trincheira deveria ser aberta para permitir a livre circulação dos moradores. Uma coisa não poderia ser feita sem a outra. A concessionária está certa em fechar o retorno, mas a comunidade também está certa, em reivindicar os seus direitos. Quem deve resolver o problema são as nossas autoridades constituídas, no caso o Governo do Estado, porque a sociedade não pode pagar pela incompetência dos políticos. Os moradores precisam do acesso ao outro lado da rodovia, quer com retorno, quer com trincheira. Eles querem, e têm todo o direito de exigir que, enquanto a trincheira não for construída, que o retorno seja mantido.