17-12-2010
Parlamentares federais (deputados e senadores); o presidente da República, o vice-presidente; e os ministros de Estado vão receber, a partir de Fevereiro de 2011, salários isonômicos. O decreto aprovado nesse apagar das luzes de 2010 iguala os vencimentos no Executivo e Legislativo aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal que, a partir de 1º de Fevereiro de 2011, ficarão em R$ 26,7 mil.
Essa isonomia, embora possa ser justa, eleva em mais de 100% os salários de alguns desses servidores públicos, o que, para o cidadão comum, soa como uma heresia, um escárnio. Enquanto deputados e senadores aumentam os próprios vencimentos em níveis estratorféricos, o salário do trabalhador é reajustado em cinco, oito, 10%, conforme a categoria, e o Salário Mínimo não passa de R$ 540,00.
E mais, o que não se divulgou sobre esse reajuste de salários, é que ele deverá provocar um efeito cascata, permitindo que parlamentares e demais servidores públicos dos legislativos e do executivos estaduais, e municipais, reajustem seus salários proporcionalmente aos vencimentos federais.
Os prefeitos de todos os municípios, certamente vão ficar em dificuldade, em 2011, pois muitos deles não conseguirão recursos para os reajustes salariais que virão.
Outro detalhe, que não ficou esclarecido no decreto que reajusta os salários em nível federal, é que, além do salário de mais de R$ 26 mil, os parlamentares poderão ter correção também nas verbas de gabinete e verbas indenizatórias, que chegam a R$ 75 mil individualmente.
Junto com o aumento dos salários dos deputados e senadores, haverá, também, pressão forte para o aumento proporcional, dos servidores de ambas as casas. Isso vai significar um considerável aumento das despesas, dinheiro que parece não estar disponível no Orçamento. Vai, então, uma inocente pergunta: Quem vai pagar a conta?
O Governo é "alimentado" pelos impostos cobrados do cidadão que luta com dificuldade para sustentar a sua família. O brasileiro, que esse ano já pagou mais de R$ 1,2 trilhão em impostos, o equivalente a cinco meses de trabalho, certamente terá que fazer mais esse esforço e arumar dinheiro para rechear a conta bancária e encher os bolsos de parlamentares e membros do Poder Executivo, que nem sempre tratam o povo como deveriam, com respeito e dignidade. E nós, os cidadãos, continuamos votando neles. Até quando?