Sexta-feira às 15 de Agosto de 2025 às 07:20:54
Opinião

A infância está sob ameaça e o alerta não pode ser ignorado

A infância está sob ameaça e o alerta não pode ser ignorado

Um vídeo bastante incômodo, e até mesmo difícil de assistir, se tornou o grande viral da semana. Produzido pelo influenciador e youtuber Felipe Bressanim, o Felca, acendeu um alerta que deveria ressoar muito além das redes sociais. Ao expor casos de adultização infantil e a exploração velada, ou se olhada por outro ângulo explícita, de crianças e adolescentes em ambientes digitais, fez com que muitas pessoas abram os olhos para algo grave e que está na sociedade há muito tempo e já chegou a ser denunciado por outras pessoas influentes, inclusive políticos, como a senadora Damares Alves, que chegou a ser ridicularizada por famosos. 
Quando paramos para pensar no passado da nossa sociedade, víamos na televisão dos anos 1990, uma exposição demasiada crianças em programas de auditório, comerciais e novelas, em temas que chegam a ser perturbadores. Também haviam “produtos infantis” que ganhavam estampas bem sugestivas de coisas que eram moda naquela época. Porém, hoje o tempo é outro e a tecnologia também. A internet multiplicou a velocidade e o alcance de conteúdos inadequados e, pior, que incentivam comportamentos e estimulam a sexualização precoce.
Os impactos de um contato precoce com esses conteúdos adultos vão muito além do momento da visualização e não são esquecidos pela mente das crianças. Eles afetam o desenvolvimento emocional, distorcem a visão de relacionamentos, moldam padrões de beleza e comportamento, e podem comprometer autoestima e identidade. É como se fosse um processo de erosão da infância, que se dá muitas vezes na palma da mão e está na casa de quase a totalidade dos brasileiros.
Com este assunto em alta, políticos questionam se este não é o momento de aprovar uma lei que regulamenta o uso das redes sociais, porém isso é transferir uma responsabilidade das famílias para o Estado. Essa não é a solução e está longe de ser. É nesse ponto que a responsabilidade das famílias se torna insubstituível. O combate à exploração infantil no ambiente digital precisa caminhar junto com a educação digital da população e não substituí-la. Não há ferramenta de moderação ou lei capaz de substituir a presença ativa e o diálogo aberto entre pais e filhos. Monitorar o que a criança consome, estabelecer limites claros e ensinar senso crítico sobre o que se vê são medidas tão urgentes e que só podem ser feitas pelas famílias. 
Se o Estado e a sociedade querem ajudar as famílias na proteção da infância, outros apoios e estratégias são muito bem-vindos. Começa oferecendo à população alternativas saudáveis de lazer, estimulando as brincadeiras offline, promover contato com a natureza, construindo uma sociedade mais segura de modo geral e incentivando experiências que fortaleçam autoestima e valores. Assim, as crianças entenderão o seu valor e não precisarão buscar aprovação em curtidas.