Realizada no início de agosto, a Jornada Mundial da Juventude levou mais de 1,5 milhão de pessoas, dos mais variados países, motivados pela fé. Neste ano, a JMJ aconteceu na cidade de Lisboa, em Portugal, e concentrou um grande público, tornando-se na quinta maior Jornada da Juventude já realizada na história do evento. De origem católica, a JMJ 2023 foi anunciada em 2019 pelo Papa Francisco para acontecer em 2022, porém, por conta da pandemia de Covid-19, precisou ser adiada para este ano. O próximo evento está marcado para acontecer em 2027, na cidade de Seul, capital da Coréia do Sul.
Campo Largo também esteve representada no evento. A Folha conversou com Laís Estevam Reis, que atuou como voluntária no evento, e também com Ana Carolina Gorski e Heloiza dos Santos, que participaram como peregrinas. Ambas compartilharam um pouco das suas experiências.
Voluntária na JMJ
Laís conta que vem de uma família católica, por isso sempre esteve envolvida com a igreja. “Eu comecei a servir quando tinha uns 10 anos e entrei para a pastoral de coroinhas e acólitos. Já com 20 anos, senti necessidade de me encontrar com outros jovens que partilhassem da mesma fé que eu e busquei um grupo de jovens, e até hoje estou no movimento Jornada Jovem. Atualmente também faço parte da liturgia da minha comunidade.”
A vontade de participar da Jornada Mundial da Juventude veio principalmente pelo amadurecimento da fé, vontade de servir a Deus de um jeito diferente, em um evento onde tantos jovens podem estar juntos. A decisão envolveu conversa com mais pessoas que já tinham participado do evento e para ela pareceu ter mais sentido participar como voluntária, para poder ser mais ativa no processo.
“Eu fui sozinha, conhecia pessoas – até do mesmo grupo de jovens que eu – que iriam como peregrinos. Mas no dia em que cheguei no meu alojamento encontrei uma colega da pastoral litúrgica, ver um rosto conhecido foi reconfortante”, relembra.
“Nos primeiros dias trabalhei na rede de restauração (restaurante). Voluntários e peregrinos tinham uma credencial para usar os restaurantes credenciados da cidade para almoçar e jantar. Mas com o início do evento, quando começaram os eventos centrais com o Papa, fui transferida para área da Saúde. A demanda para atendimentos foi maior que o esperado, então atuei como psicóloga, que é a minha formação, atendendo na sua maioria casos de crise de ansiedade e pânico”, relembra.
Questionada sobre a sensação de participar do evento que tem alcance mundial, ela relata que se sentiu privilegiada e abençoada por dividir estes momentos com tantas pessoas. “Pude confirmar que há amor, caridade e esperança viva em muitos jovens, que com alegria querem viver sua fé e levá-las ao mundo. A energia que esse contexto proporciona é inexplicável racionalmente, somente pode sentir se você tiver fé e se entregar de coração. Vale lembrar que a JMJ acolhe a todas as idades e crenças, o Papa Francisco sempre deixou isso muito evidente em suas falas”, registra.
Em uma experiência tão intensa, um encontro com Cristo foi mais que perceptível na vida de Laís. “São dias de vivências muito intensas, onde eu pude focar apenas na minha fé e nesse encontro diário com o Sagrado, e isso é uma oportunidade muito rara. Acho que pude vivenciar uma conexão diferente com Deus, vivenciar na prática o servir e compreender que a fé basta para tudo. Algumas coisas mudaram em mim, e que eu siga tentando todos os dias estender essa conexão para minha vida rotineira e seguir os ensinamentos que o Papa apontou em suas homilias de modo prático, seja com minhas palavras ou ações”, diz.
Ela acrescenta que muitas lembranças ficarão marcadas em sua vida. “As homilias do Papa que pareciam dizer algo específico para mim; todos os jovens rezando, cada um no seu idioma, as orações; o silêncio que se fez presente para adorarmos o Santíssimo Sacramento; o nascer do Sol à beira do rio no parque Tejo após a vigília; um peregrino que me deu um abraço depois do atendimento como agradecimento; as chegadas no alojamento todos os dias e encontrar uma amiga com um sorriso sincero para conversar e trocar experiências; tudo isso ficará para sempre gravado no meu coração”, finaliza.
Peregrinas
Ana Carolina Gorski e Heloiza dos Santos participaram da JMJ em Portugal como peregrinas. Ana conta que nasceu na igreja católica e participa de todas as celebrações. “Iniciei como coroinha em torno dos 08 anos de idade, fiz catequese, comecei a cantar nas missas com 11 anos e atualmente, sou coordenadora da música em minha capela (Santo Antônio dos Quadras - Rondinha) e sirvo onde me chamarem. Participo de grupos de jovens desde meus 14 anos e com o grupo Solis, desde 2020, com o objetivo de ir para Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Portugal.” Já Heloiza comenta que é envolvida desde os 10 anos, com um grupo em que ela foi uma das fundadoras.
O sonho e até mesmo o chamado para participar da JMJ veio ainda em 2013, quando ambas as jovens conheceram o evento, que aconteceu no Rio de Janeiro. “Eu conheci a JMJ em 2013 quando ela aconteceu no Rio de Janeiro, recebi um jovem mexicano em casa na época e encantei pela possibilidade de conhecer outros jovens do mundo todo e de celebrar junto ao Papa. Em 2020 surgiu a ideia dar vida ao sonho de participar da JMJ e criamos um grupo na paróquia com alguns amigos. Mais de três anos de trabalho e preparação para participar da JMJ Lisboa. Eu, em particular, participei de minha primeira JMJ e fiquei 13 dias em Portugal”, conta Heloiza.
Ana Carolina já havia participado da JMJ que aconteceu no Panamá, em janeiro de 2019. “Um ano depois que voltei do Panamá, criamos o grupo Solis para iniciar os trabalhos para a arrecadação e preparação espiritual para Portugal. Fomos em cinco pessoas no dia 23 de julho de 2023 e ficamos 20 dias em Portugal”, relata.
A sensação em participar deste evento, com pessoas compartilhando da mesma fé é parecida para ambas, que comentam ser algo único. “Para nós, católicos, tem um valor inestimável, pois vimos o Papa Francisco de pertinho e compartilhamos momentos com jovens de vários países. Em todos os cantos da cidade, os jovens estavam alegres cantando suas músicas em diferentes línguas, seja nas ruas, nas praças, nas igrejas ou nos transportes públicos. Nesse evento, tivemos a certeza de que a juventude católica está viva e evangelizando pelos quatro cantos do mundo”, pontua Ana.
Para Heloiza, a JMJ mostrou que ela é capaz de fazer coisas pelos jovens à sua volta. “A Jornada nos ensina a dar valor às pequenas coisas, a entender as diferenças e o quanto o amor de Deus basta. Pra mim fica marcada a lembrança de quando o Papa passou próximo a nós e abençoou um bebê, depois da nossa geração vem outras, a Juventude Católica não está morta e temos muito que fazer”, finaliza.