Sabado às 23 de Novembro de 2024 às 01:35:49
Geral

Secretário estadual de Educação fala dos projetos e da sua relação com Campo Largo

Roni Miranda já foi vendedor de jornal,  empreendedor e passou por diversos setores dentro da Educação, agregando experiência em projetos que colocaram o Paraná em destaque a nível nacional

Secretário estadual de Educação fala dos projetos e da sua relação com Campo Largo

O governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciou novos nomes para compor o primeiro escalão do Governo do Paraná a partir do dia 1º de janeiro deste ano. Entre eles, o professor de Campo Largo, Roni Miranda, que já tinha experiência na Secretaria de Educação e foi convidado a estar à frente da pasta após a saída de Renato Feder, que agora ocupa o mesmo cargo no governo de São Paulo.

“Me senti honrado e emocionado por representar a Educação do Paraná, posto mais alto da educação dentro do Estado”, declara Roni, citando que o governador faz escolhas bem técnicas para assumir as pastas. Hoje o Paraná tem a melhor educação de Ensino Médio do Brasil, segundo ele fruto do investimento e de profissionais muito dedicados. “Os profissionais da Educação entregam muito resultado e temos muito orgulho disso”, ressalta, comentando que também já está mantendo conversa com o sindicato, como fazia já enquanto diretor da Secretaria.

Roni assume o cargo com uma grande vivência em diversos níveis dentro da Educação, desde a sala de aula, direção, experiência no Núcleo Regional e diretoria dentro da Secretaria. Diz ter uma enorme gratidão por Campo Largo, onde tem os dois filhos, esposa campo-larguense, residência. “Foi muito importante no meu desenvolvimento pessoal e profissional, os professores de Campo Largo que me deram aula e me formaram.”

“Educação é um grande complexo porque tem vários segmentos, desde áreas diferentes e que ramificam em vários grupos. Meu trabalho sempre foi pautado no diálogo, algumas vezes professores não vão concordar, mas às vezes temos que tomar decisões que não são populares. Sempre fui muito sincero, franco, com decisões pautadas na aprendizagem”, frisa, completando que são cem mil servidores da Educação do Estado, sendo cerca de 55 mil professores em sala.

Trajetória profissional

Roni Miranda nasceu em Foz do Iguaçu em 1982 e veio em 1998 para Campo Largo, onde a irmã e avós maternos já moravam, inclusive cidade em que foi feito seu registro de nascimento. Morou no Itaboa, mas também acabou se mudando várias vezes para casas alugadas, na Vila Operária, Centro, Bieda, Jardim Esmeralda e atualmente mora na Vila Solene.

De família humilde, quando chegou começou a trabalhar de vendedor de jornal, inclusive vendendo a Folha de Campo Largo, para complementar a renda. Conciliava com o trabalho no Restaurante e Lanchonete Mestre Cuca – saía às 6h da manhã e até as 10h vendia jornal para então entrar no outro emprego. “Comecei desde garçom aí fiquei como chapeiro, depois também ajudava na gestão”, detalha. Anos depois empreendeu e abriu um cachorro-quente em frente ao Mestre Cuca, que funcionava à noite.

Cursou o Ensino Médio em Campo Largo e depois fez faculdade de História, trabalhando durante o dia e estudando à noite. Em 2005 iniciou o trabalho como professor de História nos colégios Centenário, Caic e Sebastião Leal (Itambezinho).

Sempre gostou de gestão e quando foi trabalhar em sala de aula via que dava pra fazer diferente, tinha muitas ideias que queria implementar para atender melhor os estudantes e garantir aprendizagem melhor. Foi então que em 2008 se candidatou a diretor do Ceebja Domingos Cavalli, mas perdeu para professores que já estavam há mais tempo. Deu aula na Ferraria e outras regiões nos turnos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Ficam descentralizadas para incentivar o estudo em regiões mais afastadas. Por questão financeira e tempo inviabilizaria o estudo para algumas pessoas e por isso o governo incentiva. É um sentimento de realização pessoal trabalhar nesta área; trabalhar e estudar e saber que a educação vai transformar sua vida”, declara.

Forte atuação na Educação

Roni assumiu concurso de professor lotado no Djalma Marinho em fevereiro de 2009. Dois anos depois foi eleito diretor com gestão a partir de 2012 e ficou por quase três anos, quando então foi convidado a trabalhar como assessor no Núcleo Regional da Área Metropolitana Norte. “Fui convidado pelo trabalho prestado no Djalma, porque antes era o pior Ideb e conseguimos melhorar a colocação da escola. Parte de infraestrutura também teve melhorias, com reforma em quase todo o colégio. Melhor autoestima para a comunidade na época, equipe bem envolvida”, detalha.

Em 2017 assumiu a chefia do Núcleo, coordenando 111 escolas, de 14 cidades e com 14 mil matrículas. Seguiu a mesma linha de melhorar a nota destas escolas no Ideb, investimento em infraestrutura que estavam muito precárias e aquisição de equipamentos para melhorar a parte de informática. No ano seguinte foi convidado pelo então secretário de Educação, Renato Feder, para fazer parte do time dele na Secretaria, como chefe de departamento. Neste período implantou o projeto Tutoria Pedagógica – um técnico da regional vai uma vez por semana conversar com a escola, entende os desafios do planejamento, o que está ou não funcionando, para então repensar estratégias.

Realidade e melhorias em Campo Largo

Anunciou uma grande aquisição de computadores para as escolas, expansão de escolas para período integral – o que será fortalecido ainda mais neste ano -, aumento da oferta do ensino profissional, principalmente com o CEEP que vai ser entregue em março deste ano e terá regime de contratação PSS. “Assumimos o desafio de avançar com cursos técnicos em Campo Largo e Paraná como um todo”, diz.

Questionado sobre investimento em novos colégios, principalmente em relação aos que funcionam em dualidade com escolas municipais, o secretário fala que é uma preocupação do Governo em resolver. Cita a situação como exemplo nos colégios Caic, Darlei Adad, Dr. Leniro Ribeiro Bittencourt, Sebastião Leal e Julio Nerone. O Colégio Darlei Adad já deve passar a receber os alunos a partir de fevereiro em nova estrutura que está sendo reformada, na Av. Ayrton Senna, onde antes funcionava a Vip Car.  “Ponto estratégico e de fácil acesso para a comunidade, acesso a ônibus”, cita, detalhando que  se as obras não terminarem a tempo do início das aulas continuam por um curto período contando com a estrutura da escola municipal.

Sobre a quadra esportiva que há muito tempo é solicitada no Colégio São Pedro e São Paulo, Roni explica que a dificuldade é por questão ambiental, porque ali tinha um rio que foi canalizado e passa por dentro do colégio. Afirma que querem trabalhar para achar uma forma de viabilizar tecnicamente isso. Em relação a melhorias em alguns colégios e também construção de quadra, ele comenta que há dificuldade no registro de imóveis para fazer melhorias nas escolas, porque juridicamente não pode investir dinheiro público se a documentação não estiver certa.

Assunto polêmico foi a questão do transporte escolar na cidade. O secretário diz que em Campo Largo é algo cultural querer estudar em escolas do Centro, mas é um desafio porque ofertam vaga próximo da casa do estudante e inviabiliza esse investimento. Foi negociado com o Ministério Público que o governo garante a vaga próximo da casa, mas se os pais matriculam em escola distante a responsabilidade do transporte é por conta da família, porque a família optou por isso. Foram muitos diálogos com prefeito e secretária municipal, desdobrou com promotor, levando para análise técnica, pautado no programa de georreferenciamento se tem direito ou não ao transporte escolar. A não ser alunos que cursam o magistério no Sagrada Família, por exemplo, os quais têm direito ao transporte, visto que não há o mesmo curso nos bairros.

Projetos que destacam o Paraná no nível de Educação

Em 2020, auge da pandemia, Roni aceitou o desafio de chefiar o projeto de aulas remotas, aulas na TV, em app, Youtube e materiais para o Google sala de aula - todo dia equipe enviando material. Ficou um mês à frente do projeto e então foi convidado a ser diretor de Educação na Secretaria, quando passou a tocar diversos projetos estaduais, como o Ganhando o Mundo e, coordenação do Volta às Aulas na pandemia, envolvendo vários órgãos. Muitos desafios enfrentados.

Implantou quatro plataformas educacionais – Matemática, Redação com inteligência artificial, aula de Inglês e aula de Programação de computadores como matéria extracurricular. Em 2021 inseriu no novo Ensino Médio a matéria de Educação Financeira e vai expandir em diversas séries. “Paraná está na vanguarda a inserir no currículo educação financeira e programação, com forte apoio do Ratinho Junior. Preparamos estudantes para o mercado de trabalho e para a vida. Conteúdos que preparam o estudante, principalmente o de escola pública que tem um déficit gigante de acesso ao ensino superior. Muito orgulho deste trabalho”, frisa.

Ele esteve à frente do plano de Formação Continuada que “sem dúvida é o melhor do Brasil, outros estados vêm ver como a gente faz”. Quase 30 mil professores neste ano passarão por formação continuada - toda semana discutem aulas, estratégias e exercícios para os alunos, com professores dando formação para seus pares. Em 2022 Roni também assumiu a coordenação das escolas cívico-militar.

Expansão do integral – quando o Ratinho Jr. Assumiu o governo eram 34 escolas em período integral, este ano chega a 263 escolas. Em Campo Largo são os colégios Casemiro Karman (Rivabem) para alunos do 6º ao Ensino Médio, no Dona Fina o Colégio Geraldino da Mota, e ainda vão implantar no Dr. Leniro. Inclui aula de empreendedorismo, programação, protagonismo juvenil, estudo orientado, projeto de vida.

O projeto Ganhando o Mundo ampliará em 2024 para mil alunos participarem de cinco meses de intercâmbio, podendo escolher cinco países diferentes. “Pelo menos um aluno de cada cidade do Paraná estará viajando pelo programa. 10% das vagas serão destinadas para alunos de vulnerabilidade social, mas na seleção tem mérito os estudante com frequência e boas notas, por exemplo.”