Usuários do transporte coletivo também relatam superlotação em linhas e necessidade de ampliação de itinerários no período noturno
O poder público campo-larguense tem realizado audiências públicas para discutir melhorias no transporte coletivo, mas a finalização do processo está prevista somente para março de 2023. Então, a gestora de um condomínio na região do Bom Jesus entrou em contato com a Folha de Campo Largo para reivindicar maior participação popular na comissão sobre o Transporte Público.
A necessidade dessa maior participação popular foi vista durante a realização da segunda audiência pública, realizada no dia 08 de novembro, quando haviam poucas pessoas participando da pauta.
Maior preocupação
A representante comenta que por intermédio de um vereador acabou sabendo que dos componentes da comissão nenhum usa de fato o transporte coletivo. “Essa é a maior preocupação, colocar pessoas que não utilizam o transporte público para defender os interesses de quem realmente conhece e entende os problemas e pontos a melhorar. O transporte público não é feito para gerar lucro, ou receita para a cidade, mas sim para atender a demanda da população, mantendo os preceitos básicos de dignidade, com veículos, horários, pontos de paradas e itinerários”, ressalta.
Ela comenta ainda que durante a audiência do dia 08 foi levantado que tudo o que foi considerado para os apontamentos foram os protocolos de reclamações feitos na Prefeitura de Campo Largo. “Porém, muitos não sabem que podem reclamar na Prefeitura e ligam somente na Piedade. Então, muitas reclamações não estão presentes lá e não serão consideradas”, pondera.
O abaixo-assinado visa ter representantes da população nesta comissão. Interessados em assinar, basta acessar https://peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR128073. A meta é 3 mil assinaturas.
Pontos a melhorar
“O que percebemos no transporte público é que há linhas que durante o horário de pico ficam extremamente cheias, sem condições de uso. A linha Moradias Bom Jesus, por exemplo, tem dias que o motorista nem para no ponto, pois está muito cheio, especialmente no horário da manhã. Eu questionei na audiência que Campo Largo está crescendo em população, temos muitos condomínios recebendo famílias inteiras e as linhas não estão preparadas para atender esse grande contingente”, pontua.
Outro ponto levantado foi a respeito da linha Terminal Urbano de Campo Largo/Terminal Campina do Siqueira, o popular Ligeirinho. “Eles trocaram os carros por articulados, o que melhorou bastante, mas há outras questões envolvidas nisso. Nós entendemos que não é culpa deles as obras nas rodovias, trânsito intenso e acidentes, mas seria muito importante discutir esse tema também”, completa.
Os horários de ônibus noturno também são uma preocupação. Comenta que hoje Campo Largo possui uma vida noturna, com trabalhadores que atuam na área da Saúde, em restaurantes, supermercados, farmácias e agora, o novo outlet shopping, que embora encerrem suas atividades perto das 22h ou 23h, há uma necessidade de que o colaborador permaneça na empresa algumas horas a mais. A Folha já recebeu reclamações de empresários da área de restaurantes, que havia grande dificuldade em contratação, visto que há atendimento até 23h e necessidade de encerrar o expediente perto das 00h ou até em horário superior.
“Finais de semana não tem horários estendidos, o transporte público encerra as atividades cedo. Há muitas pessoas que trabalham por escala, e quando saem do serviço, já não têm mais horários disponíveis. O pessoal do interior, por exemplo, precisa marcar horário para vir ao Centro, pois não há muitos horários disponíveis e no final de semana é pior. Tudo isso não foi levantado durante a Audiência, não pelas pessoas que lá estavam”, diz a representante.
Prefeitura e Empresa de Ônibus Campo Largo
À Folha, a Prefeitura de Campo Largo respondeu: “Em relação à nova concessão de Transporte Público, a Prefeitura de Campo Largo informa que realizou diversas ações para uma prestação de serviços mais adequada aos anseios da população, incluindo a participação popular de diferentes formas, não somente com audiências públicas.
Foram realizadas duas (28/07 e 07/11) e a terceira está programada para o primeiro trimestre de 2023. Importante salientar que todas as audiências públicas tiveram o critério de publicidade legal atendido. Foi realizado questionário online com a participação da população contendo mais de 1.300 respostas e criada uma comissão multidisciplinar com técnicos de diversas secretarias do município em relação à nova concessão. Um convite formal para entidades civis organizadas foi feito para que apresentem sugestões em relação à nova concessão, entre eles CREA (Cons. Regional de Engenharia e Agronomia), AECL (Assoc. do Engenheiros e Arquitetos de Campo Largo), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ACICLA (Assoc. Comercial e Empresarial de Campo Largo) e ADFCL (Assoc. dos Deficientes Físicos de Campo Largo).
A Prefeitura também contratou empresa para realizar pesquisa em campo, entrevistando usuários no terminal e acompanhando todas as linhas para verificar ocupação. Outras ações para ouvir a população, como oficinas técnicas em locais mais afastados do município também serão realizadas.
Uma vez mais, importante dizer que a comissão criada é formada por especialistas de diversas áreas da Prefeitura pois é uma licitação de grande importância, não sendo imperioso que haja comissão, contudo, devido a seu impacto no município, foram convocadas pessoas de outras secretarias para participar e realizar um trabalho mais completo. Além do mais, essas informações privilegiadas não podem ser divulgadas até o termo de referência estar publicado oficialmente, devido ao princípio de igualdade para que todas as empresas possam participar sem qualquer direcionamento.
Está em projeto a adequação de alguns itinerários, com vista ao aumento da eficiência. Essas adequações permitirão, no futuro, o aumento da frequência do atendimento - ou seja - aumento de horários de ônibus para os bairros. Outrossim, todas as alterações de itinerários propostas não afetarão a área do município com atendimento do transporte público, pelo contrário, os ajustes em itinerários que estão em estudos tendem a aumentar a área atendida.
Demandas específicas de horários noturnos e finais de semana serão estudadas e colocadas em teste para a verificação de viabilidade técnica e demanda. A nova concessão já pretende implementar a integração, com isso permitir aumentar a frequência de horários em diferentes áreas, incluindo as áreas rurais”, respondeu em nota.
A Folha também entrou em contato com a assessoria da Empresa de Ônibus, a qual informou que estão sendo levantadas informações e ainda será realizada uma reunião com o Poder Executivo, para então poderem passar mais esclarecimentos.