22-09-2010

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciou ontem dez policiais da Rondas Ostensivas Tático Motorizadas (Rotam) do 12.º Batalhão da Polícia Militar por participação na morte de André Santos das Neves, 21 anos, morto em outubro de 2008, com cinco tiros nas costas.

Quatro policiais foram denunciados criminalmente por homicídio, cinco por fraude processual e um por vilipêndio de cadáver. Testemunhas declararam que a cena do crime foi alterada pelos policiais.

"Enquanto os policiais alegaram que André reagiu à prisão em um beco, próximo de sua casa, testemunhas informaram que eles invadiram a casa do rapaz, que dormia quando foi abordado", explica o promotor de Justiça do Gaeco, Denilson Soares de Almeida.

Um laudo do Instituto de Criminalística comprova a existência de uma marca de um calçado utilizado por policiais na porta do quarto do jovem. As investigações concluíram que dois policiais invadiram a residência da vítima para obrigá-lo a sair, e outros dois atiraram contra ele.

Mais cinco policiais chegaram depois e teriam auxiliado na "montagem" da cena do crime, colocando armas e drogas próximo ao corpo e dentro da casa de André. O último denunciado divulgou na internet uma foto do cadáver e outra foto tirada cerca de 20 dias antes do crime, durante uma abordagem ao rapaz.

"Eles acreditavam que André tinha ligação com o tráfico de drogas na região, mas não ficou muito esclarecida a motivação específica dos policiais para a execução do jovem", afirma o promotor.

Os policiais negaram a entrada em qualquer uma das residências da Vila Torres, onde viviam os Santos das Neves. "Eles alegam que encontraram o rapaz em um beco, já armado, portando uma bolsa com uma submetralhadora que não apareceu em nenhum momento na investigação, nem em fotografia. Os policiais apresentaram drogas, munição e armas, mas os indícios são de que nada estava em poder do rapaz", declara Denilson. Ainda fundamentam a denúncia dados sobre a localização das viaturas, tempo de atendimento à ocorrência e gravações.

Moradores da Vila Torres fizeram diversas manifestações ao longo dos anos pedindo providências, mas os policiais continuaram atuando nas ruas. Em junho do ano passado, quase todos os denunciados saíram da Rotam e foram para outras unidades policiais.

Fonte:Parana Online