Há quase cinco anos sem poder sair de casa, Debora Dunetz (23) jamais vai esquecer a última terça-feira (10). Foi surpreendida à tarde com a chegada de uma cadeira de rodas motorizada, que tanto sonhava para voltar a ter mais liberdade e autonomia para poder sair de casa e fazer desde as coisas mais simples, como também voltar a estudar e poder trabalhar.

Estava em casa quando chegaram dizendo que tinham um presente para entregar a ela. Voluntários - envolvidos na ação para arrecadar dinheiro para tornar possível realizar esse sonho - foram levar a cadeira de rodas. “Na hora meu coração só faltou explodir de alegria porque é um sonho realizado, graças a Deus e por Ele ter colocado pessoas tão especiais na minha vida que me ajudaram. Nem acredito ainda, não caiu a ficha. Foram cinco anos dentro de casa e agora vi que minha vida começou a mudar a partir de hoje. Parece que estou no céu, não tenho palavras para agradecer”, declarou Debora à Folha.

Para ela, o dia foi de vitória, pois sua “liberdade chegou”. Ficou muito grata pela mobilização e o quanto as pessoas ajudaram para conseguir em tão pouco tempo esse presente para ela. “Peço a Deus que Ele retribua o triplo para todos que me ajudaram. Meu desejo era que no mundo existissem mais pessoas como essas que me ajudaram, tão generosas. Eles que fazem a diferença na vida”. Agora, ela diz que vai atrás de outros objetivos, que é fazer faculdade, arrumar contrato de emprego, fazer curso e ter a dignidade de volta, fazer as coisas do dia a dia que antes era impossível.

Um dos voluntários detalhou à Folha que conseguiram, com muita negociação, comprar a cadeira por R$ 7.590. Valor arrecadado em apenas 39 dias, antes do prazo previsto de 45 dias. “Conseguimos R$ 6.773 em doações através do rádio, jornal e mídias sociais, trabalhei na Colônia Cristina dia 01 e arrecadamos R$ 2.606 em dinheiro. Para completar o valor um empresário doou o restante, R$ 848, e com isso fechamos os R$ 7.590. Enfim, ela venceu”, declara satisfeito.

Relembre o caso
Mesmo enfrentando dificuldades por ter nascido com paralisia cerebral, Debora conseguia andar sozinha. Mas ao longo dos anos precisou passar por diversas cirurgias, que iniciaram aos 08 anos de idade no fêmur, depois joelho, entre outras. Em 2015 precisou passar por uma osteotomia (técnica cirúrgica de restauração) bilateral no fêmur e tíbia, mas desde então não consegue mais andar sozinha.

Debora já tentou fisioterapia e hidroterapia, foi a outros médicos, mas até que um ortopedista disse que infelizmente não melhoraria mais do que isso e teria que aprender a viver dessa forma. Ele a orientou a andar de muletas, o que chegou a tentar, mas hoje não consegue mais. O ortopedista disse, então, que teria que usar cadeira de rodas motorizada, o que era algo inviável financeiramente para ela, mas que após uma vaquinha na internet iniciada por uma amiga, mais um vídeo divulgado, a realidade começou a mudar.