Quarta-feira de Cinzas com importantes simbolismos e que estimulam à reflexão neste período em que se inicia a Quaresma. Período de 40 dias até a Páscoa, que segue o de Jesus, que no deserto se retirou para rezar e jejuar.

Na missa das 9 horas da Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade, o Frei Marcos ressaltou que esse é um momento de lembrar que o humano peca e cai, mas que também é possível vencer e seguir a Cristo. Para isso, é necessário jejuar das vontades, ter controle e o Frei frisou que o jejum é rigoroso, pois exige fé nesta entrega. O Papa Francisco declarou que “jejuar é saber renunciar às coisas vãs, supérfluas, para ir ao essencial, é buscar a beleza de uma vida mais simples”.

O Frei também falou sobre o início da Campanha da Fraternidade, que nesse ano tem como tema “Fraternidade e vida, dom e compromisso”, com o lema “Viu e sentiu compaixão e cuidou dele”. Falou aos fiéis que a Igreja olha a vida de forma social, comunitária, humana e ecológica e que é preciso cuidar da vida. “É preciso escutar e requer sensibilidade para cuidar da vida. É necessário ver e ouvir as outras pessoas em um simples olhar distante, em momento de crise saber ter sensibilidade. É cuidar em cada momento da vida. Cuidar sem invadir o campo do outro. Se trata de coisas simples. Ter compaixão, que é sentir o mesmo sentimento do outro e reerguer a pessoa. É ser capaz de resgatar”, declarou.

Contextualizou que cada pecado ou situação que vivemos deixam suas marcas, mesmo depois de curadas, e é preciso ter ciência que cada uma das marcas que fazemos em nós e nos machucam se tornam cicatrizes permanentes. “É necessário se afastar dos pecados, se converter e nos transformar em verdes campos, novos homens e mulheres”, afirmou o Frei, lembrando que a Cruz é amor com acolhida de Jesus.

Cinzas
Antes da imposição das cinzas, o Frei pediu a Deus a bênção sobre elas, com a oração: “Derramai a graça da vossa benção sobre os fiéis que vão receber estas cinzas para que, prosseguindo na observância da Quaresma, possam celebrar de coração purificado o Mistério Pascal do vosso Filho”.

As cinzas são impostas na fronte dos fiéis em sinal de penitência. O Papa Francisco declarou, na missa de imposição das Cinzas na Basílica de Santa Sabina, em Roma, que “a cinza pousa nas nossas testas para que, nos corações, se acenda o fogo do amor. Com efeito, somos cidadãos do céu. E o amor a Deus e ao próximo é o passaporte para o céu; é o nosso passaporte”. Ele ressalta que estamos no mundo para caminhar da cinza à vida e adverte que os cristãos precisam ficar atentos para não caírem no segundo percurso: o percurso contrário, da vida ao pó. “Olhamos em redor e vemos pó de morte, vidas reduzidas a cinzas: escombros, destruição, guerra […] Continuamos a destruir-nos, a fazer-nos voltar ao pó. E quanto pó existe nas nossas relações. Vejamos em nossa casa, nas famílias […] Há tanto pó que suja o amor e embrutece a vida. Mesmo na Igreja, a casa de Deus, deixamos depositar tanto pó, o pó do mundanismo. Quantas vezes sufocamos o fogo de Deus com a cinza da hipocrisia. A hipocrisia: é a imundície que hoje, no Evangelho, Jesus pede para remover. De fato, o Senhor não diz apenas para fazer obras de caridade, rezar e jejuar, mas que tudo isso seja feito sem fingimento, sem falsidade nem hipocrisia”.