Quando começou sua carreira, aos 18 anos, Darci Chaves, dono da Farmaglobo, a confiança nos profissionais era o que levava as pessoas a procurarem as chamadas “farmácias da família”
As grandes redes de farmácia tomaram, ao longo dos anos, um tamanho inimaginável. Quando começou sua carreira, aos 18 anos, Darci Chaves, dono da Farmaglobo, nem imaginava que isso pudesse acontecer. Naquela época, as farmácias nada se assemelhavam às famosas drugstores e a confiança nos profissionais era o que levava as pessoas a procurarem as chamadas “farmácias da família”. Confiança, inclusive, era o nome da farmácia onde Darci começou a trabalhar em Campo Largo, logo que se mudou de Imbituva para cá. Em sua cidade natal, o senhor de 70 anos, que nem aparenta a idade que tem, trabalhava desde os 11 na exatoria federal.
Em frente ao seu emprego, uma farmácia. O dono se chamava Moisés Figueiroa e escolheu Darci para ensinar e passar adiante sua profissão. Assim, aprendeu não só a vender remédios e fazer curativos, mas também a lidar com as pessoas com um olhar humanitário. Sempre com um sorriso no rosto, atende a todos que entram em sua farmácia com muita atenção e nunca mediu esforços para fazer com que os clientes fiéis sempre voltassem. “Tive um cliente que tomava um remédio controlado e eu sabia qual era a miligramagem. Quando ele veio comprar, teimou comigo que eram 20mg, mas eram 5. Depois do expediente, peguei o fusquinha e fui com minha mulher até a casa dele para trocarmos o remédio”, conta Darci.
Uma vida dedicada à farmácia
Darci trabalhou na farmácia em Imbituva por cinco anos. Nos dois primeiros, não recebia salário nem ajuda de custo para se deslocar até o local. Darci casou-se em Imbituva, no ano de 1975. Em 76, mudou-se para Campo Largo e não parou suas atividades. Depois da farmácia Confiança, ele decidiu abrir a sua própria. Conheceu Margarete Talamini, que trabalhava em outra farmácia e, juntos, abriram a Farmaglobo, que permanece aberta no mesmo local há 24 anos.
Os dois filhos, Rafael e Rodrigo, ajudaram o pai na farmácia durante alguns anos, mas decidiram seguir carreiras um pouco diferentes: um é educador físico; o outro, químico. Mas as maiores paixões de Darci são mesmo os netos. Quando fala dos três, os olhos chegam a brilhar.
Em 55 anos de estrada na farmácia, Darci guarda muitas histórias. Dentre elas, uma das que ele lembra com muito carinho foi de um parto que fez em Imbituva, ainda quando tinha 18 anos. Ele conta que não havia hospitais na cidade e que era comum farmacêuticos serem chamados para esses procedimentos. Então, junto com Moisés, fizeram o parto das gêmeas. Anos depois, em uma visita que fazia à Imbituva, uma das gêmeas, que sabia da ajuda no parto, reconheceu Darci. “Essa é uma das histórias que mais me emocionam, porque elas sabiam do parto e vieram falar comigo”, diz Darci sorrindo.
Mudanças em Campo Largo ao longo do tempo
Quando chegou aqui, Campo Largo era uma cidade bem diferente. Em frente à farmácia onde trabalhava, nada de asfalto e vários carros passando: a rua era de chão e o principal meio de transporte era a bicicleta. A cidade toda se conhecia e ninguém falava sobre assaltos naquela época. A capital da louça era pacata e a população provavelmente não imaginava o quanto ela poderia mudar em anos. As ruas foram ganhando asfaltos, a bicicleta não era mais tão utilizada assim. As farmácias que antes eram “da família”, começaram a sumir aos poucos e davam lugar às grandes redes. Os plantões, que eram comuns nas pequenas farmácias, foram acabando. Com o tempo, o crescimento.
Darci diz que as grandes mudanças na cidade começaram com a chegada da Chrysler, um pólo automotivo montado em 1998. O investimento, na época, ultrapassou os R$300 milhões. “Depois disso Campo Largo foi mudando, chegando pessoas desconhecidas e a cidade foi crescendo”, conta.