A costureira trabalhava no setor de pediatria de um hospital em Pitanga e foi aprender uma nova função aqui em Campo Largo
A Folha traz a história de uma conhecida costureira da cidade, como valorização dos profissionais que aqui estão, em comemoração aos 149 anos de Campo Largo. Quando morava em Pitanga ela nem imaginava que, algum dia, se tornaria costureira. Clecir Maria Pretto Cardozo, de 57 anos, saiu de uma cidadezinha no interior do Rio Grande de Sul com sua família para morar em Pitanga, há aproximadamente 5 horas de Campo Largo. Por lá, ela trabalhava no setor de pediatria de um hospital, mas, chegando aqui, ela precisou se reinventar.
Clecir casou aos 21 anos e logo veio para Campo Largo. Uma das maiores diferenças que sentiu ao sair da cidade localizada no centro-sul do estado foi a individualidade do povo daqui. A nova profissão veio após o nascimento do primeiro filho, Eliezer. O menino nasceu com um problema de visão e Clecir precisou se desdobrar para fazer o tratamento do filho. A costureira levava Eliezer quase que diariamente para fazer um tratamento no Centro de Reeducação Visual.
Apesar das dificuldades, Clecir não queria ficar parada. Quando Eliezer tinha 2 anos, ela decidiu fazer um curso de costura e começou a trabalhar em casa. Naquela época, o trabalho de costura era voltado a fazer as roupas, hoje, a maior procura é para pequenos consertos, como barras de calça, trocas de zíper e alguns ajustes.
Desde que havia chegado aqui, Clecir dependia financeiramente do marido. A costura não trouxe apenas independência, mas também uma melhora na autoestima. Alguns anos após ter começado suas atividades em casa, Clecir começou a trabalhar na Restaura Jeans, que era voltada a tingimentos de roupas e pequenos reparos. Por lá, ficou durante três anos e aprendeu muito do que aplica hoje em seu próprio ateliê.
Crescimento
Há 7 anos, o Ateliê da Costura, que era apenas uma salinha no Campo Largo Plaza, precisou ser aumentado. Clecir, que antes trabalhava sozinha, teve de contratar mais pessoas para ajudar nas costuras, porque a demanda só aumentava com o tempo. Para ela, o crescimento está diretamente ligado ao aumento do número de pessoas na cidade.
Campo Largo cresceu, o número de costureiras também. Mas Clecir garante que, mesmo com a concorrência, não falta trabalho. “A cidade mudou muito, outras costureiras também vieram para cá, mas percebo que o número de clientes também cresceu”. E apesar dos novos clientes que chegam a cada dia, há também aqueles que são fiéis e confiam no ateliê que completou 15 anos em janeiro de 2020.
É exatamente essa a base que faz com que todos esses anos valham a pena: confiança. Sorrindo, Clecir diz que o outro segredo é gostar daquilo que faz. A profissão já tem durado 34 anos e ela não pensa em parar. Com o ateliê, ela conseguiu se manter e, mais do que isso, fez com que os filhos se formassem. Eliezer, hoje com 36 anos, se formou em Psicologia. Lyara, a segunda filha, tem 28, é professora e tem um filho que é o xodó de Clecir: João, de 7 anos.
Clecir e sua família fazem visitas constantes aos parentes que moram em Pitanga, mas confessa que, apesar do estranhamento quando chegou na cidade, aprendeu a gostar de morar em Campo Largo e não quer mais sair daqui.