Domingo às 24 de Novembro de 2024 às 01:30:02
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Rir com alegria genuína faz bem para a saúde, diz médica

A risada resultante de alegria verdadeira é capaz de provocar bem estar e relaxamento

Rir com alegria genuína faz bem para a saúde, diz médica

Já dizia Charlie Chaplin, “um dia sem risada, é um dia desperdiçado”. No último dia 18 foi comemorado o Dia Internacional do Riso, quando foi lembrada a importância de realmente dar risadas e se divertir verdadeiramente tanto para a mente, como para o corpo.

A psiquiatra Sarita Evelyn Silva (CRM-PR 29051/RQE24842) explica, entretanto, que o riso é uma expressão não exclusivamente de alegria e bem-estar. “O que realmente importa é o bem-estar, a serenidade e o equilíbrio emocional. A risada só é benéfica para a saúde mental se estiver atrelada à alegria verdadeira, a um estado de relaxamento físico e emocional, pois ela pode surgir também de estados de tensão emocional, de constrangimento, de sarcasmo, de histeria, e até mesmo de uma tristeza conformada, de desesperança.”

Ela enfatiza ainda que o conjunto de características que define um indivíduo depende de fatores como genética, que influencia o temperamento, condições de saúde (hormonais, nutricionais, estados de dor), aprendizado, cultura em que está inserido (algumas culturas prezam pela discrição e contenção emocional), situação social e estilo familiar, dentre outros.

“Cada pessoa tem sua forma de expressar-se, existem pessoas com tendência à introspecção e muito satisfeitas com sua forma de viver; existem pessoas extrovertidas, também genuinamente felizes; existem pessoas tristes que se recolhem, buscando o isolamento social, e existem pessoas que parecem extremamente felizes, extremamente falantes e risonhas, mas que essencialmente não estão felizes e mascaram seus problemas. Neste caso, a identificação de um transtorno de humor e o auxílio por parte de pessoas próximas pode demorar. Pessoas com dificuldade de assumir e externar tristeza podem recorrer ao uso de álcool ou substâncias psicoativas para amenizar a dor, e muitas vezes surpreendem a família e amigos com tentativas de suicídio ou outras formas de autoagressão. A pessoa que esconde a tristeza com o riso pode estar agindo assim para não desagradar outras pessoas, e por não se sentir amparada”, explica.

Chorar de tanto rir
Várias pessoas, quando estão tendo um ataque de riso acabam derramando algumas lágrimas, e isso acontece por dois motivos, conforme explica a Medicina. Porque a mesma área do cérebro que é responsável pelo riso, também é responsável pelo choro, ou também resultantes dos fortes movimentos corporais.
Dra. Sarita reforça que derramar algumas lágrimas após um ataque de riso é normal, desde que o humor se mantenha congruente, ou seja, a pessoa mantenha o estado de alegria. “Porém, há pessoas que de fato têm uma instabilidade emocional que as levam a chorar de tristeza logo após um ataque de riso, e isso pode ocorrer em condições depressivas, por exemplo. Nesses casos é importante buscar por ajuda”, recomenda.
Já o “rir de nervoso” pode ser uma expressão de constrangimento e embaraço, com uma necessidade de reagir ao interlocutor, portanto não é expressão genuína de felicidade, conforme explica a médica.

Terapia do riso funciona?
“Se o riso for genuíno, sim. A risada aproxima as pessoas, diminui as distâncias sociais, traz bem-estar, quando é a expressão de alegria, de felicidade, de graça. Quando o riso é genuíno, provoca a liberação das endorfinas que contribuem para o bem-estar do indivíduo, e são capazes até de reduzir a percepção da dor. Já vi grupos terapêuticos em que se pedia aos participantes para que simulassem o riso, gargalhassem alto, de forma mecânica, sem nenhuma motivação para isso; não acredito no benefício de tal prática”, finaliza.

Tem como
mudar a risada?

Algumas pessoas se incomodam com a forma que dão risada e até se sentem envergonhadas na hora que estão rindo próximo a outras pessoas. A Folha de Campo Largo conversou com a fonoaudióloga Débora Leão, que explicou que não existem exercícios que tenham o poder de mudar a risada. “O riso é algo extremamente espontâneo, não é previsível e muito pessoal, variável de pessoa para pessoa, que pode mudar de acordo com o assunto ou com o nível da graça. Então muitas pessoas acabam se adequando ou não se importam e soltam gargalhadas valorosas. Como fonoaudióloga, não acredito que exista um modelo padrão de risada, como a qualidade vocal, que difere de pessoa para pessoa. Se importe menos em ter uma risada socialmente ‘bonita’ e ria, seja feliz”, aconselha.