02-09-2010

O debate sobre a viagem que o papa Bento 16 fará ao Reino Unido entre os dias 16 e 19 deste mês, contra a qual diversas manifestações estão sendo preparadas por ativistas locais, foi reacendido com a discussão de um ato formal em oposição ao fato da visita ser de Estado, ou seja, financiada pelos contribuintes.

Membros de diversas posições, católicos e laicos, estiveram no evento realizado desta quarta-feira (1º) no centro de Londres e promovido pela Associação Humanista Britânica (BHA) e pela organização Catholic Voices com o objetivo de encorajar o diálogo sobre o tema.

O grupo Protest the Pope, que participou das conversas e reúne diversas entidades que contestam a viagem, está organizando uma série de iniciativas que coincidirão com a estadia do papa, entre as quais uma manifestação no centro de Londres no dia 18, quando o papa celebrará uma missa para milhares de pessoas no Hyde Park.

A viagem será a primeira visita pontifícia de Estado ao Reino Unido desde os tempos da Reforma. Em 1982 João Paulo 2 (1978-2005) esteve no país, mas em uma visita pastoral. A estadia de Bento 16 é a resposta a um convite das autoridades civis e religiosas locais.

O filósofo humanista A.C. Grayling e o ativista de direitos humanos Peter Tatchell se expressaram contra a vista de Estado, afirmando que o evento não deveria ser financiado pelos contribuintes britânicos.

Eles disseram que as razões para isso são que o Vaticano não é verdadeiramente um Estado, conforme sua opinião e que as religiões são entidades auto-constituintes e como tais deveriam se financiar com fundos próprios.

Eles também afirmaram que a Igreja Católica foi instrumento para esconder crimes cometidos por seus membros, e, portanto, o papa não deveria ser acolhido com todas as honras.

Os dois se referiram aos escândalos de pedofilia contra padres, nos quais as denúncias se intensificaram no ano passado e afetaram diversos países, entre eles o Reino Unido.

Esse é um dos maiores pontos de conflito dos manifestantes, que também condenam Bento 16 por seu posicionamento contrário a leis de igualdade a favor dos homossexuais.

Os defensores da visita foram o jornalista Austen Ivereigh e o padre Christopher Jamison.

O religioso contestou a visão dos humanistas e disse que o Vaticano, é uma entidade soberana, criada e reconhecida anteriormente aos Pactos de Latrão, que instituíram o Estado da Cidade do Vaticano em 1929 e hoje mantém relações.

Fonte: R7 notícias