31-12-2009
Produtor e técnico analisam as flores e sementes da planta. O “Jambú” ainda &eac
31-12-2009
Em sete hectares de uma área na região do Figueiredo, o produtor rural Estefano Dranka está cultivando uma planta típica da Amazônia, o “Jambú”. É uma experiência nova (em altitude de 900 metros acima do nível do Mar), a primeira área de cultivo desta leguminosa de alto valor comercial, na região. A previsão é de colheita de 20 toneladas do produto, nesta primeira safra, mas dependendo dos resultados, a área poderá ser rapidamente expandida se outros produtores também se interessarem.
O “Jambú” é usado na Amazônia como alimento, ingrediente indispensáveis em pratos típicos da região como o Tacacá e o pato no Tucupi, além de coadjuvante em outros pratos, como peixes e carnes em geral. A última novidade gastronômica da região Norte é a pizza de “Jambú”, mas o que mais está despertando o interesse comercial pela planta são suas propriedades medicinais e de uso cosmético. Há, inclusive, uma pomada sendo produzida no Pará, com base no princípio ativo do “Jambú”, o Spilanthol, muito procurada pelas mulheres da região, graças à sua propriedade de aumentar o prazer sexual feminino.
O “Jambú”
Estefano Dranka já tem toda a sua produção vendida para uma indústria de cosméticos da região, mas não descarta a possibilidade de ampliar a área de cultivo da planta. Ele ainda está estudando a planta, o seu comportamento em nossa região, a capacidade de adaptação, as possíveis pragas e doenças, e o interesse comercial pelo produto. Ele conheceu a planta em Morretes, no Litoral, onde também tem uma pequena área de produção, e resolveu trazê-la para o Planalto, para verificar a possibilidade de produção em escala, aqui.
Conhecida como Agrião-do-Norte, ou do Pará, o “Jambú” cujo nome científico é Spilantes oleracea, é uma erva típica da região Norte do Brasil. Originária da América do Sul, é comum também em todo o Sudoeste Asiático e em particular nas ilhas Mascarenhas e Madagáscar. Uma das principais características do “Jambú”” é a capacidade de “tremelicar”” a língua e os lábios de seus comensais, provocando uma leve gostosa anestesia em toda a mucosa bucal. As folhas podem ser usadas frescas ou secas. As tenras, cortadas finamente, são as preferidas dos consumidores, mas a planta é utilizada na culinária como um todo, talos, folhas e flores.
A planta é reconhecida pelos amazônidas como anestésica, diurética, digestiva, sialagoga, antiasmática e anti-escorbútica, e seus botões floridos possuem propriedades odontálgicas e anti-escorbúticas. Em seu uso fitoterápico tradicional as folhas e as flores do “Jambú” são utilizadas no preparo de infusões para o tratamento da dispepsia, malária, infecções da boca e da garganta. É também recomendado contra a avitaminose “C” e como antibiótico e anestésico. Das folhas mais tenras é produzido um óleo essencial com índice elevado de uma substância conhecida como Spilanthol responsável por tais propriedades.
E é exatamente o Spilanthol, o principal interesse comercial na produção do “Jambú”, em Campo Largo. Uma indústria cosmética da região Metropolitana de Curitiba está desenvolvendo produtos com base nesse óleo essencial, extraído do “Jambú”, e já garantiu a aquisição de 100% do que for produzido. Há entretanto, o interesse comercial na alimentação, que pode ser desenvolvido na região, inclusive no preparo de pizzas, cujos consumidores poderão experimentar sensação parecida com os consumidores de tacacá, um prato típico da Amazônia, no qual o “Jambú” é utilizado em grande quantidade.
A Reportagem da Folha foi levada à propriedade de Estefano Dranka, pelo extensionista da Emater, Dirlei Eedson dos Reis, que acompanha o trabalho de Estefano Dranka há quase 20 anos. Ele também não conhecia esta planta, e ficou encantado com as suas propriedades e possibilidades para a região.
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), está desenvolvendo um projeto no Paraná, para produção de uma pomada à base de “Jambú”, cujo efeito imediato é o aumento da excitação feminina. O produto já passou por testes com mulheres da região, que reportaram uma agradável sensação de prazer na mucosa vaginal. Os técnicos que desenvolvem a pomada explicam que essa sensação é o resultado da ação do produto ativo, o Spilanthol, que aumenta os movimentos peristálticos no interior da vulva.
Há dezenas de patentes de princípios ativos desta planta, em todo o mundo, principalmente no Japão e Estados Unidos, mas é uma planta típicamente brasileira, ainda pouco conhecida por nós.