A raiva é uma antropozoonose comum a todos os mamíferos, causada por um vírus que ataca o sistema nervoso central, e leva o infectado à morte rapidamente. A transmissão geralmente acontece por mordedura, ou via transcutânea pela penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, ou mais raramente pela arranhadura e lambedura das mucosas. Na zona urbana o cão e o gato são os principais transmissores.
Entre 2010 e 2024, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 48 casos humanos de raiva - e apenas dois pacientes sobreviveram. A boa notícia é que o Paraná não registra casos de transmissão de raiva autóctone desde 1987. “Grande parte disso se deve ao protocolo antirrábico existente, baseado em orientações do Ministério da Saúde e Notas Técnicas da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (Sesa)”, destaca Andressa Ziolkowski Kochanny, médica veterinária da Vigilância em Saúde Ambiental.
A divisão do departamento de Vigilância em Saúde do município segue o protocolo do Ministério da Saúde, que preconiza a vacinação antirrábica do paciente ou a observação do animal causador de acidente (dependendo da sua espécie), já que alguns representam maior risco de transmissão da raiva. Além dos animais domésticos e de produção (como os bovinos e suínos), mamíferos silvestres também são importantes transmissores dessa zoonose, em especial os quirópteros (morcegos), mas a transmissão só vai acontecer quando o animal estiver infectado. Por isso, conhecer a condição do animal no momento do acidente é essencial.
O que fazer
Em caso de acidente com um destes animais, a primeira recomendação é que o paciente busque atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) de Campo Largo, pois apenas o Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe da medicação profilática (imunoglobulina homóloga e heteróloga, e as vacinas). A veterinária lembra que, mesmo buscando atendimento em outro serviço de saúde, nos casos previstos no protocolo com necessidade do uso de imunobiológicos, o paciente será encaminhado para a UPA.
No atendimento médico são avaliados o ferimento, as condições gerais do paciente, além das circunstâncias do acidente e as condições do animal causador. O médico precisa dessas informações para definir o melhor protocolo a seguir.
Durante o atendimento é obrigatório ao profissional de saúde o preenchimento da ficha de notificação de atendimento antirrábico. Este documento é encaminhado da UPA para a Vigilância Epidemiológica dar entrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A partir dessa notificação, o protocolo de atendimento antirrábico dará continuidade, para encaminhamento dos imunobiológicos ou para a investigação do acidente e o acompanhamento do paciente e do animal (quando observável).
De olho no animal
No caso de mordedura de cães ou gatos, segundo a Vigilância em Saúde, conhecer as circunstâncias do acidente é essencial, principalmente pela possibilidade de observação do animal agressor. Conforme o protocolo antirrábico, cães e gatos responsáveis pelo acidente devem ser observados por 10 dias para ver se permanecem saudáveis (sem sinais sugestivos de raiva ou alterações nas suas condições físicas), ou se apresentam alguma alteração neurológica.
Caso os animais não sejam observáveis é necessário seguir o protocolo pós-exposição da vacinação antirrábica, que será avaliado e prescrito a partir da consulta médica.
Outra questão importante é que não há necessidade de recolher o animal para avaliação clínica. O próprio tutor, ou mesmo o paciente que sofreu a mordedura, pode e deve acompanhar o animal, se possível. Caso ele apresente algum dos sintomas característicos, então será preciso avaliá-lo. Por isso é importante que o paciente mantenha o contato frequente com a Vigilância em Saúde Ambiental, durante todo o período de observação do animal.
A divisão vinculada à Secretaria Municipal da Saúde está à disposição para qualquer dúvida. Os contatos são o telefone (41) 3291-5246, ou pessoalmente no Bloco 8 da sede administrativa da Prefeitura de Campo Largo (Avenida Padre Natal Pigatto, 925, Vila Elizabeth).