A previsão da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) é que, no ciclo atual (2024/2025), os números de casos de dengue em todo o estado tripliquem. E já se sabe que o quadro de infestação detectado pela Coordenadoria Estadual de Vigilância Ambiental é alarmante na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), inclusive em Campo Largo.
Sendo assim, a Vigilância em Saúde de Campo Largo intensificou a preparação de sua equipe para o verão que se aproxima. A diretora da Vigilância em Saúde do município, Viviane Janz Moretti, avisa que, além do monitoramento de dados, a atuação dos 11 Agentes de Combate a Endemias (ACE’s) foi intensificada por meio da realização de vistorias em residências e comércio, implantação do monitoramento por armadilhas, atendimento a denúncias, orientações em residências e empresas. A equipe de ACE’s passou por dois treinamentos em novembro.
No dia 19 de novembro o auditório da sede administrativa recebeu, além dos ACE’s, as Agentes Comunitárias de Saúde (ACSs) de Campo Largo, somando mais de 100 pessoas, com foco no combate ao mosquito. Ministrada por Virginia Prado Schiavon, bióloga da divisão de Vigilância em Saúde Ambiental, a ocasião também apresentou os locais onde serão instaladas armadilhas para monitoramento de possíveis criadouros no município.
Outra medida para controle do vetor - já em tratativas e inédita no município - será a aplicação espacial de inseticida, aplicado a Ultra Baixo Volume (UBV) com nebulizadores costais, nas regiões do município onde houver casos autóctones (contraídos no próprio município). Os ACE’s participaram de um treinamento na última quinta-feira, dia 28 de novembro, no município de Colombo, com o objetivo de aprender a operar o maquinário e efetuar a correta aplicação do inseticida, bem como orientar a população quando esse momento chegar.
Também para 2025 há outras medidas de apoio à vista. Uma delas é dar continuidade aos mutirões de limpeza nos bairros, como foi feito no Jardim Rondinha no início deste ano. Também está em discussão a reorganização do atendimento a casos suspeitos para situações de aumento da demanda.
Armadilhas
Já está em andamento a colocação de “ovitrampas” que são armadilhas construídas em vasos de plantas com água, ao ar livre, simulando o ambiente ideal para a procriação. A equipe conta com a ajuda da população para receber essas armadilhas e, nesses locais, são os agentes que irão visitar e coletar dados das áreas de possível circulação do Aedes aeqypti, semanalmente, a fim de identificar as áreas de riscos e aplicar atividades de combate nesses locais.
“A maioria dos focos está dentro das casas, junto com as pessoas. Tal medida amplia nossa capacidade de acompanhamento da proliferação e das áreas em que estão concentrados focos do mosquito. Vamos ampliar o número de armadilhas, pois é uma medida muito importante de monitoramento, que nos dará mais informações para intensificar as ações de enfrentamento”, explica Viviane Janz Moretti.
Fiscalização
Uma medida importante que a Prefeitura de Campo Largo destaca é a notificação ao morador, feita pela equipe de saúde quando detectar falta de ação ou interesse em colaborar com a limpeza e eliminação de focos do mosquito. Se ainda assim o problema persistir, o morador também poderá sofrer infrações e, até mesmo, multas que acarretam em dívida ativa com o município.
Comportamento do Aedes aegypti
Os focos estão se espalhando, as alterações do clima e a adaptação da fêmea a novos ambientes têm sido fatores importantes para o aumento dos casos, indica Virginia Prado Schiavon. Ela lembra que é especificamente a fêmea do Aedes aegypti a responsável pelas picadas que transmitem três arboviroses: dengue, zika e chikungunya.
“Ela é mais ativa no final da tarde e no começo da manhã, quando sai para buscar alimento. Mas pode se alimentar o dia todo. Diferente do que as pessoas pensam, esse mosquito gosta de água limpa. E os locais onde deposita seus ovos, no geral, são depósitos menores, com água parada e preferencialmente artificiais. Isso significa que ela não coloca seus ovos em rios, por exemplo. E não é preciso muita água para ela colocar seus ovos. Uma tampinha de garrafa, uma casca de ovo já serve”, conta a bióloga.
Outra questão é a aparência. “O Aedes aegypti não é o único mosquito que tem manchinhas brancas pelo corpo. Existe uma outra espécie que é muito parecida, o Aedes albopictus. Para diferenciar as duas é necessário ver uma marca que o Aedes aegypti tem no dorso do corpo, próximo aos olhos, mas que é quase impossível de ver a olho nu, somente é perceptível com lente de aumento”, reforça Virginia. Veja fotos de ambos na aba Mídias.
Sendo assim, mais importante do que saber qual é a espécie é manter as medidas de prevenção, eliminando os criadouros e usando repelente. Mas caso a população queira ajudar no monitoramento da presença do inseto, a divisão de Vigilância em Saúde Ambiental de Campo Largo faz a identificação dos espécimes encaminhados. Se a coleta for do mosquito adulto é importante que ele não esteja esmagado.
Para mais informações entre em contato com a Vigilância em Saúde no telefone (41) 3291-5246 ou pelo aplicativo de mensagens WhatsApp no número (41) 99515-0086.