Justo na semana em que celebramos a Independência, uma pitada nada agradável de censura tomou conta do País. A restrição do acesso à rede social X, o antigo e mais conhecido Twitter, tem deixado até mesmo jornais declaradamente favoráveis ao governo desconfortáveis com a situação. A decisão veio de cima, mais precisamente do Supremo Tribunal Federal (STF), pelas mãos do ministro Alexandre de Moraes.

Resumidamente, ainda em 28 de agosto, o ministro havia enviado uma intimação para o bilionário e proprietário da rede social, Elon Musk, para que ele indicasse um representante legal no Brasil no prazo de 24 horas. No caso de descumprimento, a rede social seria suspensa no país. Na decisão, publicada na sexta-feira (30), Alexandre de Moraes disse que a postura do bilionário incentivava discursos extremistas e antidemocráticos, além de obstruir a Justiça ao não seguir determinações judiciais como bloqueio de contas e ao deixar de apontar um representante legal no país. Foi então que O STF acionou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para que fizesse o bloqueio do acesso à rede. Já no sábado (31),  os usuários brasileiros da plataforma, que ultrapassavam os 24 milhões, não conseguiam mais acessar o X, o que permanece até o fechamento desta edição.

Em uma semana que temos um dos maiores exemplos da nossa história retratado e relembrado, um contraste amargo se torna evidente. A Independência conquistada com um bravo grito de coragem às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo, que remete à emancipação de um país ainda bastante jovem, mas com grande potencial, se choca com um cenário onde a liberdade de expressão de cada internauta brasileiro acaba sendo desafiada, tocadas profundamente por decisões judiciais de maneira que gera desconfiança e uma certa perturbação, justamente por nos fazer pensar "quais são os próximos passos dessa briga".

Se a essência da Independência também está na comunicação livre, um pilar das sociedades democráticas, mesmo quando há tensões e desafios pairando no ar, e foi por isso que os brasileiros lutaram lá no passado. À medida que avançamos para o futuro, é importante que não percamos de vista os princípios que definem nossa identidade como brasileiros, o povo expressivo e que gosta de dar suas opiniões, desde que respeitando o espaço e a imagem do nosso próximo. A proteção da liberdade de expressão não é uma brincadeira, é um direito que não poderá jamais ser cerceado, independente do tipo de poder que a pessoa tenha investido em suas mãos. A manutenção de um espaço digital livre, como o X, que permite a atualização de notícias e a publicação de opiniões diversas e até mesmo piadas e desdobramentos de teorias diversas, fazem parte da vida do brasileiro está atrelada à sua autonomia política. Que este período de reflexão nos inspire a reafirmar nosso compromisso com uma democracia forte, consistente e sempre visando a defesa das liberdades que tornaram nossa Independência possível.