Segunda-feira às 09 de Setembro de 2024 às 10:56:32
Opinião

Assumindo riscos (des)controlados

Os jogos de aposta online têm se tornado cada vez mais usuais nas redes sociais e na internet de maneira geral.

Assumindo riscos (des)controlados

Os jogos de aposta online têm se tornado cada vez mais usuais nas redes sociais e na internet de maneira geral. Com facilidade de acesso, promessas de grandes ganhos com investimento relativamente baixo e nomes famosos e fortes anunciando aos quatro cantos seus lucros, essas plataformas têm atraído milhares de usuários, das mais variadas faixas etárias, em todo o Brasil e ao redor do mundo. Porém, assim como nos tradicionais cassinos, as ofertas tentadoras e as luzes brilhantes, os sons desafiadores e aquele pensamento "e se eu jogar de novo?" podem esconder riscos financeiros reais, que são ignorados no momento da euforia, resultando em desconfortos e até mesmo crises graves quando a poeira baixa. 

Com um mercado global avaliado em mais de 70 bilhões de dólares, com projeções bastante pertinentes de crescimento - até 127,3 bilhões de dólares em 2027 -,  o mundo dos jogos e apostas on-line criam de maneira rápida um local consideravelmente fácil de acessar, com uma constante disponibilidade de jogos, onde se torna fácil perder a noção do tempo e do dinheiro gasto, que podem vir de investimentos, vendas de imóveis e até mesmo empréstimos. São histórias reais que estão disponíveis para nós, basta realizar uma busca rápida, tanto de ex-apostadores, como de familiares que precisam lidar agora com as consequências verdadeiramente graves.

Nesta quarta-feira (31), o Governo Federal, por meio do Ministério da Fazenda, publicou uma portaria em Diário Oficial, na qual estão as novas regras para apostas, jogos online e jogos que fazem parte da modalidade de cota fixa, que são as bets. Segundo a Agência Brasil, a partir de 2025, deverá ser liberada a atuação de plataformas de apostas online sediadas no Brasil, que deverão ser certificadas para oferecer os jogos no mercado, como o Tigrinho e o Aviãozinho. De acordo ainda com a publicação, o jogo online deve ter caráter aleatório, com resultado imprevisto de símbolos, figuras ou objetos. E, na cota fixa, o jogo precisa deixar bem claro quanto quem aposta vai ganhar. O apostador deverá ter acesso a informações como: fator de multiplicação, ou seja, quanto vai ganhar caso seja premiado - possibilidades de ganho e como é possível ganhar, ou seja, a ordem dos símbolos. Embora essa regulamentação para jogos online já exista, os equipamentos físicos continuam proibidos.

Cada jogo deverá pagar pelo menos 85% em prêmios daquilo que for arrecadado com apostas, tornando proibidos promessas de ganhos futuros, saldo negativo para apostador ou que ele seja forçado a escolher determinado jogo. Para os apostadores, vale a pena ler o documento na íntegra e saber o que mudou.

Embora pareça que estamos caminhando a pequenos "tímidos" para uma regulamentação mais coerente deste tipo de jogo, é importante que a própria sociedade cobre por normas mais rígidas e que, ao menos, protejam de maneira mais efetiva seus usuários, para manter sob controle sobre seus hábitos de jogo. Promover mais informações, de maneira abrangente para toda a população, alertando principalmente sobre riscos assumidos ao apostar são tão essenciais, quanto ensinar a usar ferramentas financeiras de forma responsável. Mais uma vez, a educação financeira e a conscientização sobre os sinais de alerta de problemas com jogos de apostas fariam total diferença na hora de conscientizar o usuário sobre o que pode acontecer na hora de apostar, evitando graves consequências futuras.