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Opinião

Cadê meu celular, eu vou ligar pro 180

á cantava Elza Soares, "você vai se arrepender de levantar a mão para mim", na música Maria da Vila Matilde

Cadê meu celular, eu vou ligar pro 180

Já cantava Elza Soares, "você vai se arrepender de levantar a mão para mim", na música Maria da Vila Matilde, que incentiva as mulheres a denunciarem casos de violência doméstica. Embora esse seja o primeiro passo a ser dado para ter uma vida mais feliz, ainda não é a realidade de muitas mulheres, que se submetem às agressões gratuitas de seus companheiros, familiares, patrões e até estranhos na rua. Além de triste, é uma constatação preocupante.

A Guarda Municipal divulgou que a patrulha Maria da Penha atendeu no ano passado 121 ocorrências de violência doméstica, realizou 30 prisões, com 87 mulheres atendidas no período, além de 11 acionamentos do botão de pânico e 310 visitas preventivas. Segundo dados do Ministério das Mulheres, de janeiro a outubro deste ano, a Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 atendeu uma média de 1.525 ligações telefônicas por dia. Foram 461.994 atendimentos, sendo 74.584 deles referentes a denúncias de violência contra mulheres.

O último podcast realizado na segunda temporada do Bons de Papo trouxe exatamente este assunto, junto com informações extremamente importantes repassadas pelos promotores Fernanda da Silva Soares e Eduardo Labruna Daiha, da Vara Criminal de Campo Largo, que ressaltaram que a mulher não deve suportar um dia só de violência contra ela, buscando orgãos públicos e ligados à segurança para denunciar a condição que está vivendo, alertando para o número maior de incidência de violência doméstica durante as festas de final de ano.

O que vimos então a seguir foram casos tristes em nossa cidade de violência doméstica. Vimos flagrantes do marido tentando estrangular a sua esposa, um homem arrastando sua esposa em via pública - casos que aconteceram na véspera de Natal, último dia 24 de dezembro, e, já em 2024, um homem praticando atos libidinosos (masturbação) ao lado de uma mulher dentro de um ônibus e um caso de dano patrimonial e de violência psicológica cometida pelo marido. Em todos estes casos, os companheiros e o passageiro foram encaminhados para a delegacia, colocando um ponto - esperamos que final - nesta violência.

Entretanto, o que nos vem à mente ao ver situações como essas é quantas outras mulheres passam por isso em nosso bairro, nosso trabalho, nossa igreja, nossa cidade? Quantas estão submetidas a uma vida dolorosa e infeliz desta maneira, muitas vezes presas na ideia de que o homem irá mudar, que é culpa delas mesmas toda aquela situação? O fato é que muitas vezes preferimos não nos importar com o outro e fingir que está tudo bem, que isso não acontece no meu círculo de convivência. Comece a se importar, a ajudar, dar o apoio necessário para quem atravessa um momento tão delicado como esse, uma covardia que deixa marcas para sempre. E, se tem filhos homens, ensine que o respeito às mulheres, em qualquer circunstância, é primordial. Por meio da educação desde a infância nós teremos uma sociedade melhor no futuro.