Está em debate – bastante intenso – o uso da inteligência artificial nas eleições do próximo ano, pleito que elegerá prefeitos e vereadores em todo o país, sendo discutida inclusive punições como cassação para quem utilizar a ferramenta para espalhar a desinformação que venha a prejudicar outros candidatos e principalmente os eleitores.
A proposta foi lançada pelo presidente do Superior Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que ressaltou a importância da regulamentação do uso da inteligência artificial com punições severas, tais quais a cassação do registro de candidatura e, no caso de candidatos eleitos e comprovação do uso da IA, a cassação do mandato e a ilegibilidade, durante o seminário Inteligência Artificial, Desinformação e Democracia, no Centro Cultural da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, realizado na última segunda-feira (04). Inclusive já foi divulgado que no primeiro trimestre de 2024 haverá intenso debate sobre a regulamentação do uso da inteligência artificial.
Não podemos negar – embora ainda em muitas profissões o uso não seja constante – que a inteligência artificial vem se tornando algo indispensável nos mais variados setores da sociedade, mas ainda mais quando relacionada à publicidade e política e não deve ser vista somente como uma vilã. É também uma oportunidade para melhorar a transparência, por exemplo, por meio do desenvolvimento de sistemas ainda mais seguros para tabulação de dados, detecção de fraudes e irregularidades, e inclusive automatizar tarefas administrativas relacionadas ao pleito.
Assim como tudo que há de novo, possui o desafio de barrar a desonestidade do uso da mesma, principalmente ao espalhar fake news, propagandas eleitorais desonestas, deepfakes – que consiste na edição de vídeos falsos com base em vídeos reais, se apropriando de imagem e semelhança de voz para espalhar a desinformação – que podem ser usados para prejudicar candidatos e partidos políticos, ou ainda manipular eleitores, ameaçando o processo democrático. Mas nós, eleitores, também temos a nossa parcela de responsabilidade diante das divulgações e compartilhamentos de notícias realmente verificadas, auxiliar aquelas pessoas que tenham um conhecimento superficial sobre tecnologia e sermos realmente honestos, corrigindo sem ofender a opção de voto ou a opinião dela.
É bastante desafiador criar uma regulamentação que não promova a censura ou parcialidade. Por isso, é importante que os eleitores tenham consciência do uso de inteligência artificial em propagandas e que estejam habituados a verificar a autenticidade dos fatos e das campanhas. Cada vez mais é exigido de nós, eleitores, a imersão no mundo político para que não levemos também à administração pública “gato por lebre”.