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Opinião

Unidos em um sentimento: revolta

Parece que nada une mais a população do que o sentimento de revolta e injustiça.

Unidos em um sentimento: revolta

Parece que nada une mais a população do que o sentimento de revolta e injustiça. Na noite da última terça-feira (13), essa união ficou bastante evidente, diante do acontecimento do acidente que parou um dos principais trechos de rodovia do Estado do Paraná. Foram muitas horas de trabalho, mas principalmente horas de agonia para quem estava na fila, na espera.

Muitos relatos chegaram até nós, que chegamos a conversar com as pessoas que estavam dentro de seus veículos via rede social. Todos em um tom de cansaço, revolta e vontade de chegar logo ao seu destino foram compartilhando suas histórias. O medo e a incerteza foram bastante presentes também. Soubemos de um caso de uma adolescente que teve crise de pânico ao ficar parada na rodovia até as 3h da manhã com a sua mãe. Uma mistura de cansaço, necessidade de estudar para uma avaliação no dia seguinte, com a ansiedade em saber que ainda estava distante do seu lar.

Casos de crianças pequenas dentro do transporte público também chegaram. O frio, desconforto, fome e sede da criança pequena se misturava à apreensão dos pais, que não podiam fazer nada, se não esperar. Quem não queria esperar, decidiu ir a pé. Não foi fácil tomar essa decisão, enfrentando rajadas de vento em um local aberto, ou nos corredores formados por veículos maiores, como ônibus e caminhões. Essas pessoas foram vistas como corajosas, pois a baixa iluminação, quando os veículos estavam desligados, fez com que o visual ficasse comprometido, misturado ao cansaço e pressa dos motoristas que buscavam o acostamento para chegar mais perto do destino final não conseguisse enxergar direito. Um acidente acabou acontecendo, mas felizmente nada de mais grave aconteceu.

Houve quem passasse mal por ficar sem comida e sem água neste período de tempo. Em dado momento, o trânsito precisou ser liberado para que uma gestante, que estava em início de trabalho de parto, pudesse ser atendida. Uma parcela daquelas pessoas ainda enfrentariam muitas horas dentro do carro, como uma família de Londrina que entrou em contato.

Entendemos todos os riscos que estavam envolvidos no processo de liberação da rodovia, e há um entendimento de empatia múltipla, onde um acaba entendendo o lado do outro. Porém, apesar de acidentes acontecerem de maneira imprevisível, fica o aprendizado e a necessidade de mudar procedimentos. O resultado parece estar a caminho, com as possibilidades de desvios em três rotas alternativas para o transporte público, algo já acessível a quem estava de carro. É uma atitude essencial em um trecho relativamente grande e com uma movimentação superior a 50 mil veículos por dia.