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Opinião

O veneno da ansiedade e do medo

A comunidade escolar quase como um todo foi mobilizada na manhã desta quinta-feira (16), envenenadas pela ansiedade e pelo medo.

O veneno da ansiedade e do medo

A comunidade escolar quase como um todo foi mobilizada na manhã desta quinta-feira (16), envenenadas pela ansiedade e pelo medo. Sentimentos de insegurança, desamparo e ameaça foram sentidos a cada respiração. Podemos considerar uma tragédia gerada pela desinformação, pela criação do caos e aparente mentira.

Pais desesperados buscavam seus filhos nas instituições de ensino após receberem mensagens nos celulares. Crianças, dentro de sala de aula, choravam com medo, podendo despertar gatilhos que perduram por longos anos e podem afetar diversas áreas da vida. Celulares que tocavam sem parar, mensagens recebidas e a incerteza do que poderia acontecer.

Ao chegar 11h30 da manhã, horário de saída, aquele sentimento de alívio por não ter acontecido nada, misturado com a pressa de se retirar das intermediações das instituições. No portão, pais afirmavam que não levariam seus filhos para a escola nesta sexta-feira, não sabiam o que poderia acontecer, tudo causado por um recado deixado no banheiro sobre um possível ataque. Um veneno aplicado nestas famílias, que acabam preferindo não arriscar e perder um ou dois dias de aula.

É um sentimento bastante compreensível. Temos filhos também, familiares que trabalham em instituições de ensino. Nos colocamos no lugar e seriamente nos perguntamos, como agiríamos se estivéssemos nesta situação também.

A Polícia Militar agiu, dentro dos procedimentos e protocolos já ajustados para situações como essas. A direção da instituição também agiu e, se for possível, o responsável será identificado para sofrer as consequências cabíveis. Não é possível presumir o que pode acontecer, mas é preciso fazer com que os jovens entendam a gravidade que uma ameaça como essas pode provocar. Embora ainda sejam adolescentes, precisam mensurar que há tragédias que poderiam ter acontecido, desde um mal-estar em um familiar, até mesmo acidentes, pânico, histerias. Há coisas que não são alvos de brincadeiras e essa é uma delas. Não há graça no caos, não há divertimento no medo, não há prazer na ansiedade.

Ao longo de nossas vidas, sempre aprendemos que a escola acaba sendo uma extensão do nosso lar, visto que nesta primeira fase da vida passamos muitas horas neste ambiente. É um local seguro e também acolhedor. Quantas pessoas já não foram auxiliadas em aspectos da vida pessoal e familiar por professores e pedagogos? Em várias ocasiões vai além do ensino. Situações como essas acabam minando essa confiança, trazendo incertezas às famílias, um veneno que não vale a pena ser aplicado, seja em doses grandiosas ou homeopáticas, o gosto é sempre amargo e o efeito é catastrófico.