Sabado às 23 de Novembro de 2024 às 02:04:08
Policial

Suspeito de matar mãe e filha no Botiatuva em janeiro queria esconder crime de estupro, diz delegado

“É um crime bárbaro, onde temos uma adolescente de apenas 17 anos e que já vinha sendo vítima de crime"

Suspeito de matar mãe e filha no Botiatuva em janeiro queria esconder crime de estupro, diz delegado

Já nos primeiros dias do ano, Campo Largo e toda a Região Metropolitana de Curitiba foram surpreendidos com a notícia de execução de Daniele Richalski Favaro, de 41 anos, e Emillyn Richalski Tracz, de 17 anos, no bairro Botiatuva, durante o início da madrugada de 12 de janeiro.

Uma situação que envolvia várias peculiaridades, sinais de tortura, disparos vindos de duas armas diferentes, crianças trancadas no banheiro e o companheiro de Daniele que escapou ileso da execução acabou ganhando novos capítulos com a divulgação da investigação, que tem à frente o delegado titular da 3ª Delegacia Regional de Polícia de Campo Largo, Dr. Ademair Braga.

As investigações dão conta que o principal suspeito do caso é Wilson de Jesus Farias, de 35 anos, que também era padrinho da adolescente e também é suspeito de abuso sexual desde que a menina tinha 11 anos. Ele acabou sendo preso na última terça-feira (07).

“É um crime bárbaro, onde temos uma adolescente de apenas 17 anos e que já vinha sendo vítima de crime, sofrendo na mão do algoz e teve a vida ceifada por ele. Não só a adolescente, mas a mãe também. Chama a atenção que era uma pessoa de confiança da família, que inclusive era padrinho. Quando tomamos essa decisão de permitir que alguém seja padrinho de nossos filhos, é uma pessoa tida com estima, que neste caso acabou por ceifar a vida dessas pessoas”, ressalta o delegado.

Cronologia do crime
Dr. Ademair explica que ao longo da investigação foi possível verificar que o que antecedeu o fato - já diante de um cenário de violência sexual sofrido pela jovem Emillyn desde seus 11 anos, cometido pelo suspeito - ocorreu no dia 05 de janeiro, quando o namorado da vítima tomou conhecimento de mensagens trocadas entre a menina e o suspeito, sobre a situação de abuso. “Todo o histórico começa a partir deste fato. No dia 11 de janeiro a vítima adolescente conta o que ocorreu para a mãe, Daniele, dos abusos sofridos, já ao final do dia. Então, a mãe vai confrontar o autor dos fatos. Esse confronto gera nele um temor - pela prisão de estupro - e com o intuito de encobrir o crime e acabar com as provas existentes por meio dos aparelhos telefônicos, se dirige até a casa”, explica.
Neste momento então, o suspeito exige os aparelhos telefônicos das vítimas e efetuam vários disparos, causando então a morte.
 
A investigação
A linha de investigação apontou que o crime que resultou na morte das duas mulheres aconteceu em um núcleo familiar, com pessoas que estavam no local do fato e que essas pessoas apontam a autoria de alguém, com o mínimo de indicativo ou suspeita que elas fossem participantes. “De plano em um primeiro momento existe a suspeita de um grande número de pessoas, mas quando se tomou conhecimento de um fator motivador, a investigação tomou rumo para este norte.”

Ele remonta ainda que no dia 20 de janeiro o suspeito teve uma discussão com a esposa que, segundo informações levantadas, teria tomado conhecimento dos fatos. “Ele acabou agredindo ela e foi ouvido em decorrência desta violência doméstica. No entanto não era interessante naquele momento da investigação revelar que ele estava sendo investigado pelo homicídio, tendo em vista que havia possibilidade de que tomando conhecimento, ocultasse provas ou fugisse da cidade”, retrata.

Dr. Ademair revela que, neste intervalo de tempo, o suspeito acabou se ausentando da cidade, visto que ao procurá-lo para colher depoimento, foi avisado pela esposa que ele estava ausente, não tinha informações sobre onde foi ou como contatá-lo. “Isso trouxe um dos requisitos para prisão preventiva. Ele estava se furtando da aplicação da Lei Penal, havia fugido de onde deveria responder ao processo. Com base nessa informação, representei pela prisão preventiva, e o juíz assinou, levando então a prisão dele em questão de dias”, relembra.
Outro fator que endossou o pedido pela prisão foi o resultado da perícia técnico-científica realizada nas armas apreendidas na casa do suspeito.

Perícia técnica
O delegado explica que o Mandado de Busca e Apreensão foi cumprido dia 13 de fevereiro, em que foram apreendidas armas na casa deste autor, que foram levadas à perícia, que constatou um “elemento mínimo para a prisão preventiva dele e então com o respectivo cumprimento”, destaca.

“Nós temos então uma linha sucessória de tempos e entraves normais e legais que tinham que ser vencidos para ter elementos suficientes para levantar uma acusação”, diz.  

A prisão
O homem foi preso na empresa que é proprietário, localizada no Centro de Campo Largo. “Ele já havia mudado um pouco a fisionomia do que usualmente tinha, tirou a barba, acreditando na tentativa de despistar a ação policial”, pontua.

Por hora, somente a prisão deste suspeito foi realizada. “Testemunhas que estavam no local dos fatos, apontam que chegaram em duas pessoas no interior da residência. Agora a investigação vai ter seu curso normal, com o objetivo de identificar quem é essa segunda pessoa, que teria o auxiliado nestes fatos”, diz.

População pode ajudar
Dr. Ademair diz ainda que a Polícia Civil trabalha com canal oficial para denúncias, que é o 181, e que estes relatos permanecem anônimos. “Caso alguém tenha conhecimento de quem é essa segunda pessoa envolvida no fato, pedimos que entre em contato e colabore com a investigação, para que esse crime tenha uma solução o mais rápido possível.

“Assim, nós temos prova técnico-científica - via arma utilizada ser a mesma apreendida na casa dele, temos as conversas que foram divulgadas, gerando um fator motivador, a violência sexual antecedente e o temor pela prisão, resultando na morte. Agora nosso foco está na identificação deste segundo suspeito”, finaliza.

Defesa
A Folha de Campo Largo não conseguiu contato com a defesa do suspeito, mas se coloca à disposição para explicação e posicionamento da defesa.

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