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Opinião

Pelo que você fala, eu sei o que você consome

A desinformação parece estar cada vez mais forte e mais pessoas inclinadas a acreditarem naquilo que se torna mais cômodo ou interessante para elas.

Pelo que você fala, eu sei o que você consome

A desinformação parece estar cada vez mais forte e mais pessoas inclinadas a acreditarem naquilo que se torna mais cômodo ou interessante para elas. Conteúdos de piadas, fofocas ou visões políticas distorcidas, por quem às vezes nem sabe o que está falando chamam mais atenção do que o texto que exigiu preparo do profissional jornalista desde a pesquisa da pauta, entrevista, escrita ou produção e divulgação.

Ao ler um artigo publicado há dez anos, o autor  apontava um mundo informativo futuro voltado para o engajamento, sendo o setor de fofoca e entretenimento os mais rentáveis. Qual seria a nossa surpresa ao perceber que ele acertou em cheio. Quando voltamos dez anos atrás, em 2012, tínhamos lançamentos tecnológicos importantes, como novas versões de iPad, iPhone 5, Samsung Galaxy III, uma maior popularização do 3G e o início dos leilões para uso do 4G no Brasil. Isso fez com que o senso de imediatismo começasse a ser alimentado, quando as pessoas ainda usavam as redes sociais para postar foto de “pratos de comidas”.

Com auxílio de plataformas associadas - Instagram, Twitter, YouTube e Facebook - muitas pessoas ganharam visibilidade nacional, alcançando a fama com vídeos de conteúdos variados, que não existiam na televisão aberta ou por assinatura, encantando adolescentes e jovens adultos da época. O número de visualizações cresceu e alcançou proporções milionárias, tornando esses jovem em “autoridades” em diversos assuntos, segmentando setores e principalmente “dando muito dinheiro”. Com essas novas personalidades, vieram as páginas de fofoca e publicidade que insistiam em fazer destes nomes cada vez mais famosos.

Dependendo do consumo de informação que você tem, talvez suas páginas sugeridas no Instagram e no Tiktok sejam exatamente essas... A transformação dos formatos de redes sociais são realizados quase diariamente justamente porque levam em consideração as preferências da maioria, tornando-as cada vez mais viciadas em conteúdos pouco construtivos, acompanhando vida e rotina de outras pessoas em padrões inalcançáveis. Ler um material extenso ficou chato, quando vídeos de poucos segundos parecem informar mais rápido, ainda que superficialmente.O vício aumenta e a busca por conteúdo insignificante atinge mais e mais gerações.  Provavelmente, com a chegada do metaverso essa imesão tecnológica isso progrida.

A questão aqui não é lutar contra isso, mas de certa maneira equilibrar, fazer um uso saudável dessas redes e do entretenimento, que também é importante para quebrar uma rotina de notícias ruins que vemos diariamente. Nunca, na história da humanidade, tivemos tantas oportunidades de consumir conteúdos de maneira íntegra e de assuntos tão variados. As pessoas percebem pelo seu jeito de falar e verbalizar pensamentos o que você tem consumido. Que você seja reconhecido, então, pela sabedoria e não pela alienação.