Campanha Maio Furta-cor foca na saúde mental materna, abordando abertamente diversos assuntos
Existem mulheres que desde a infância nutrem o desejo de se tornarem mães, enquanto outras apontam que nunca se imaginaram nesta função, mas mesmo assim tiveram filhos. Outra parcela é daquelas que estão assumindo a preferência por não terem filhos, fato este bastante recente, pois até décadas atrás, principalmente para a mulher, ser mãe não era uma escolha e sim um legado que precisava ser cumprido. A vida da mulher era em torno dos filhos, marido e cuidados com o lar. Com o advento dos métodos anticoncepcionais, surgiu pela primeira vez na história a possibilidade de se ter uma vida sexual sem o risco de uma gravidez indesejada.
Cada história é única, o fato é que, independente disso, tornar-se mãe é uma experiência que só se saberá vivendo. Surpresas podem surgir tanto para aquelas que não desejaram, como para as que sempre sonharam desempenhar essa função. Estas surpresas podem estar relacionadas à satisfação ou não em relação à tarefa de ser mãe, ou até mesmo em relação ao próprio bebê.
Com muita frequência, já antes da gestação e também a partir dela, são criadas fantasias sobre quem será o bebê, como ele será fisicamente, quais serão seus gostos e/ou preferências. Com a gestação, nascimento e desenvolvimento são percebidas certas diferenças entre o que foi imaginado e a realidade. Os pais poderiam estar esperando um menino e vem uma menina, ou, uma criança calma, porém o bebê chora constantemente, ou ainda, esperavam um bebê mais ativo e este só dorme. Este confronto entre realidade e imaginação gera impacto, frustrações e necessidade de adaptação e integração ao novo.
Lembramos que isso não acontece somente após o nascimento, mas durante todo desenvolvimento dos filhos, pois é comum em outros momentos eles apresentarem comportamentos bastante diferentes daqueles que foram sonhados pelos pais.
No entanto, o que venho destacar é quando essa diferença entre realidade e fantasia se dá pelo fato deste serzinho ter nascido com alguma doença, síndrome ou outra necessidade que demande cuidados intensivos e especiais.
Nestas situações a dor é imensa. Estas notícias vêm como um choque, podendo gerar medo, culpa, tristeza, impotência, insegurança, dúvidas, negação da realidade entre tantas outras reações. Cada pessoa possui seu tempo para conseguir assimilar o que está acontecendo e conseguir acompanhar todas as mudanças não planejadas, bem como se adaptar às novas necessidades exigidas. Nestas situações é extremamente necessário o acolhimento e apoio das pessoas próximas e de profissionais especializados, bem como informações adequadas sobre o quadro apresentado e trocas com outras famílias que vivenciam ou já vivenciaram situações similares. Certamente isso ajuda no processo de aceitação da nova realidade. Sem dúvida, este é um tempo de dor e transformação, mas, quando estas mães conseguem avançar neste processo, sentem-se mais capazes e potencializadas para ajudar seus filhos, dando um novo significado para dor, isto é, percebendo possibilidade de crescimento, amadurecimento e sentido.
Para finalizar, é importante as mães olharem para si mesmas, pois muitas vezes estão tão focadas no cuidado com o outro que nem sequer olham para as suas próprias necessidades. É muito importante se questionarem como estão e como poderão cuidar se seus filhos e família se não estão bem. É um equívoco priorizar somente os outros, sem olhar para si. E você mãe, como está?
Juliane Gequelin é psicóloga e em conjunto com a Folha de Campo Largo, outras empresas locais e grupo de voluntárias apoia a Campanha Maio Furta-cor, voltada à Saúde Mental Materna. Nesta sexta-feira (20) e na próxima semana, as voluntárias farão visitas no Hospital do Rocio e Hospital Infantil Waldemar Monastier para uma roda de conversas com mães de crianças que estão em leitos dos hospitais.