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Saúde

Pacientes registram longas horas de espera no atendimento da UPA

“Um caos”, assim definiram vários leitores que estavam presentes na Unidade de Pronto Atendimento na última segunda-feira (25.

Pacientes registram longas horas de espera no atendimento da UPA

“Um caos”, assim definiram vários leitores que estavam presentes na Unidade de Pronto Atendimento na última segunda-feira (25) e que entraram em contato com a Folha de Campo Largo desde o início da tarde até próximo das 20h. Segundo alguns, havia mais de 100 pessoas aguardando atendimento, mas o chamamento para a triagem e para as consultas com os médicos levavam muito tempo para acontecer.

A Folha de Campo Largo recebeu a informação durante a tarde, perto das 14h30, que mais de 50 pessoas aguardavam o atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento. Segundo relato de leitor, mesmo mulheres grávidas aguardavam atendimento com longas horas de espera. Ele ainda comentou que não foi possível se alimentar durante este período, visto que aguardavam o atendimento.  Às 18h30, uma leitora relatou que havia 25 pessoas na sua frente aguardando atendimento, mas que na UPA estavam aproximadamente 100 pacientes.

Ao postar o vídeo enviado por um leitor, mais de 500 comentários relacionados à UPA foram feitos, entre eles alguns como este relato da leitora: “Fiquei lá das 12h até as 19h, um descaso total com a população. Eu com muita dor no corpo, tossindo, com febre e nem tinha me alimentado”.
Outro relato: “(...)Fui com a minha bebê de 1 ano e 2 meses e simplesmente não aguentei esperar, isso que fiquei cinco horas esperando por atendimento e para um adulto já é uma tortura imagine para crianças e bebês”.

Essa situação não aconteceu somente na segunda-feira, mas também durante o final de semana, quando leitores procuraram a equipe de Jornalismo para relatar a longa espera. Uma filha de paciente comentou ter desistido do atendimento quando verificou que a fila havia aumentado, passando sua mãe da 16ª posição para a 25ª. Um leitor comentou que precisou esperar oito horas para ser atendido. Sobre dias anteriores também há relatos de demora no atendimento, como por exemplo desta leitora: “Total descaso! Quando quebrei a clavícula fiz a ficha às 18h da tarde e fui atendida às 23h, só para tirar um raio-x e ser encaminhada para o Rocio”.

Assunto na Câmara
Na sessão realizada na Câmara Municipal desta segunda-feira (26), a demora de atendimento foi apresentada por alguns vereadores. Um deles foi o vereador Sargento Leandro Chrestani. Em seu tempo na tribuna, o vereador disse que recebeu várias ligações e solicitações de pacientes. “Estive na UPA na última quarta-feira (20), às 17h30 e tinham crianças na Upa desde às 8h sem atendimento. Conversei com muitas pessoas e uma mãe chegou às 11h com uma criança do interior do município; eram 17h30 e ainda não havia sido chamada. Vi aquela criança deitada no colo da mãe, sem comida – pois não foi oferecido nenhum suporte.”

Dr. João Freita também se posicionou: “A Comissão de Saúde esteve reunida com o prefeito e a secretária da pasta, aonde o município fez algumas propostas de imediatamente buscar alternativas, mas que não surtiram efeito, infelizmente. A espera é ruim, mas não está deixando de atender. Fica aqui um pedido para que o município tome atitude, pois se é para ter sete médicos, porque tem apenas três? Os que não apresentam justificativa ou atestado, qual é a situação? Que seja adotado um procedimento administrativo para verificação dessas faltas, pois ali tem vidas e os médicos devem ter responsabilidade diante disso.”

O vereador João D’Água disse que a melhor solução para a situação da saúde seria a privatização. “Faltou médico, chama outro. Se terceirizar vai acabar este problema. O povo não pode ficar do jeito que está. Nós respeitamos os médicos, que também ficam doentes, mas não tem como ficar assim. Segunda-feira passada levei meu filho, cheguei no início da tarde e saiu às 17h30, pois eu vim para a sessão e ele ficou lá com a minha esposa. É a única solução para Campo Largo”, completa.

Prefeitura responde
Por meio de nota, a Prefeitura de Campo Largo respondeu: “O aumento da procura por atendimento na UPA é uma das causas da demora, quando ela existe. Em cinco dias (de 21 a 25/04) foram cerca de 1700 atendimentos e, em muitos casos, são situações que poderiam ser resolvidas nas UBS. Isso porque, muitas vezes, as pessoas entendem que devem ir direto para a UPA, não procurando primeiro o atendimento da UBS que é para atenção primária, ou seja, para casos que não são de urgência ou emergência.

Essa demanda gera excesso de pessoas para atendimentos que não são específicos da UPA, consequentemente aumenta a fila e faz com que o tempo de permanência dentro da Unidade de Pronto Atendimento seja maior.

Além disso, há outros fatores que aumentaram a busca pelos atendimentos na UPA. Entre eles estão as mudanças típicas de temperatura nessa época, atendimentos de urgência e emergência que exigem transferência para a capital ou hospitais de referência. A Prefeitura salienta que a natureza da Unidade de Pronto Atendimento é priorizar casos de maior gravidade, com risco de morte. Ressalta-se que os serviços de emergência são atendidos conforme a urgência do caso.

De toda forma, para diminuir a espera na UPA, a Prefeitura de Campo Largo tem tomado diversas atitudes, estudado projetos, pesquisado ferramentas de gestão e buscado experiências de outras regiões, bem como verifica a possibilidade de uma parceria para o gerenciamento dos serviços de saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) na UPA. Muitas cidades passam ou já passaram por situação extremamente parecida.

Assim, o estudo de novos modelos de gestão também está sendo feito.
Além disso, a Secretaria de Saúde está, desde o ano passado, providenciando a contratação de novos profissionais, os trâmites burocráticos seguem seu curso normal. Foi feito concurso (sem êxito) e, após, foi feito PSS. Além disso, outra medida adotada foi aumentar o valor da hora de trabalho do plantão médico, adequado à realidade do mercado.

A Prefeitura reafirma que nunca ficou sem médico na UPA. O que houve foi, em algum momento, escala reduzida, o que exige equilibrar a falta de médicos com a situação pessoal daqueles que estão na ativa (licença, férias e eventuais afastamentos e atestados). Por esse motivo, também, se buscou a contratação de novos profissionais. Já no início de maio, gradativamente, novos médicos assumirão.