Um local, onde até hoje, os campo-larguenses se encontram. O popular “hoje vou pro Centro”, embora tenha origens mais profundas, permanece como uma frase corriqueira e comum. Embora muitas mudanças tenham acontecido ao long
Um local, onde até hoje, os campo-larguenses se encontram. O popular “hoje vou pro Centro”, embora tenha origens mais profundas, permanece como uma frase corriqueira e comum para a maioria dos moradores de Campo Largo. Embora muitas mudanças tenham acontecido ao longo dos anos, a essência da região central parece permanecer intacta.
O marco zero da cidade é na Praça Atílio de Almeida Barbosa, a famosa Praça da Matriz. O motivo da escolha não é difícil de saber, pois se tratava de um ponto de encontro da população desde o início da construção da Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade, sendo ela a quarta mais antiga pertencente à Arquiodiocese de Curitiba, com inauguração oficial em 1826. Foi apenas na década de 1920 que iniciaram a limpeza da região para a construção da Praça no formato que é conhecida hoje, conforme conta responsável pelo Acervo Histórico Municipal, Milton Muginoski.
As ruas centrais eram de terra, estradas de chão, sendo alterado para paralelepípedo apenas muitas décadas depois. O centro comercial que é formado hoje por várias lojas, antigamente havia casas antigas, das primeiras famílias que se instalaram na cidade. O Calçadão da Rua XV de Novembro foi construído apenas em xxxx.
“O centro de Campo Largo se construiu em torno da Igreja Matriz, pois era ali onde a população se reunia antes e depois da missa por muitos anos. Foi como um costume. As pessoas já aproveitavam que estavam caminhando pelo Centro e compravam algumas coisas, davam uma volta e iam para casa. O campo-larguense, talvez pela temperatura desta região, nunca foi de ficar muito tempo em praças públicas, por exemplo, sentado em bancos e lendo o jornal. Era algo até mesmo visto com certa estranheza pela população ao longo dos anos, embora este seja um direito das pessoas”, retrata Milton.
Ele explica que havia um ponto de ônibus que ia para Curitiba pela estrada velha, por muitos anos permaneceu em frente ao Hotel do Titio, onde hoje é o início do Calçadão da Rua XV de Novembro, saindo da Praça Atílio de Almeida Barbosa, em direção à Praça Getúlio Vargas, que antigamente abrigava o Clube Escolar Macedo Soares, atual Museu Histórico de Campo Largo. Milton destaca que muitas pessoas que chegavam à cidade acabavam desembarcando neste ponto de ônibus, sendo sempre movimentada esta região.
Comércios na região central
“Não existiam comércios como estes que conhecemos hoje. A forma de vender e comprar produtos era diferente. Por exemplo, a Lojas Puppi vendia tecidos de vários tipos. Mulheres iam até lá, escolhiam a quantidade em metros que queriam e levavam para as costureiras da cidade. Os homens, levavam os tecidos aos alfaiates. Existiam opções de armarinhos em Campo Largo, que vendiam fios, zipers, botões de vários tipos. Comprar roupas prontas era algo extremamente raro por aqui. A profissão de costureira e alfaiate era algo passado para as gerações de famílias”, relembra Milton.
O responsável pelo Acervo Histórico Municipal comenta ainda que era muito comum que famílias de agricultores viessem até a região central em carroças para trazer legumes, frutas, verduras e ovos para a venda em determinados dias da semana.
“Os agricultores traziam os alimentos soltos, nada era embalado como vemos hoje. Vinham em sacos de feijão, arroz e o milho, quando iam até o moinho – por exemplo – e levavam fubá. Tinham balanças e contrapesos, então o cliente pedia e eles pesavam o produto na quantidade desejada”, comenta.
Prédios oficiais
Onde já abrigou o Posto de Saúde, Farmácia Especial e atualmente é o prédio dedicado à Cultura, já foi instalado o Tiro de Guerra de Campo Largo. “Quando foi comprada a casa onde hoje é a Biblioteca Pública, aproximadamente em 1880, foi feito negócio com a intenção de abrigar a Prefeitura Municipal, Câmara Municipal e foi construído um anexo, que hoje não existe mais, para ser a Cadeia Pública da cidade. Havia ainda o que eles chamavam de Câmara Velha, onde eram realizadas reuniões e aconteceram alguns ensaios da Seresta de Reis”, completa.
Curiosidade sobre a Estação de Enologia
Na inauguração da Vila Olímpica, que aconteceu na década de 1980, o governador Ney Braga estava presente e fez uma doação para o município de toda a área de Estação de Enologia. “A área de Estação de Enologia tinha a Chácara Floresta, que pertencia à família do Desembargador Clotário Portugal. Foi vendido este terreno para o Estado, que doou para a União, com a intenção de instalar aqui a Estação de Enologia, para ser um centro de produção e fabricação de vinhos, licores e produzir mudas para incentivar os produtores locais a plantarem, fazendo da cidade um polo na área de vinícolas”, relembra.
Entretanto, uma praga chamada pérola atingiu as mudas, sugando a seiva das videiras e não era possível produzir. “Foi então que eles tiveram que parar com a produção, pois seriam um centro disseminador da praga, fornecer uma muda contaminada, que poderia atingir outras áreas da cidade. Eles extinguiram este projeto, a União devolveu para o Estado e o Estado doou para o município, com anúncio feito na inauguração da Vila Olímpica”, conta.
Milton lembra que a Estação de Enologia envolvia a região onde hoje é o Parque Cambui. “Antigamente, o Parque Cambui tinha uma escola. Aqui no Centro tínhamos o Colégio Macedo Soares e lá a Escola da Granja, que foi criada para atender os filhos dos funcionários e aceitaram as demais crianças da região, ainda na década de 1940 e 1950”, comenta.
Mudanças à vista?
A Folha entrou em contato com a Prefeitura de Campo Largo, para verificar se há mudanças previstas para a região central. A Comunicação explicou que haverá um concurso de projeto para a Praça Atílio de Almeida Barbosa. “O que existe é o projeto é do eixo cultura que contempla duas quadras da Rua Sete de Setembro. Também será dado início a um estudo da reforma da Praça João Antônio da Costa, a popular Praça do Colégio Sagrada Família”, revela.
Quais as próximas transformações os campo-larguenses irão vislumbrar no futuro? Ficaremos atentos para registrar a história.