Com grande comoção e tristeza, os campo-lar­guenses receberam na quarta-feira (29) a no­tícia do falecimento do cantor Yago Piemonte, aos 29 anos, vítima de um pneumotórax. Ele tratava de um linfoma diagnosticado desde 2018 no Hospital Erasto Gae­tner, em Curitiba, onde permaneceu internado por 42 dias até o dia 29 de dezembro. Yago fazia dupla sertaneja com o irmão, Santhiago, e colecionava admiradores por onde passava. Ele vivia com a esposa e seu cachorro em Cam­po Largo, cidade que adotou com muito carinho.

“O Yago era filho de Campo Largo, foi uma cidade que nos acolheu muito bem. Nós somos naturais de Caieiras, São Paulo, e tivemos passagem por várias cidades e esta­dos. Somos de uma família grande, sou o irmão mais velho da união dos nossos pais e o Yago era o terceiro filho des­sa união, mas ao todo somos nove irmãos”, conta Santhia­go, que tem sua família de origem cigana, por isso a dupla é carinhosamente chamada de “Irmãos Ciganos”.

Carreira e chegada a Campo Largo

Santhiago conta que eles iniciaram muito cedo no mundo da música, ainda quando viviam em São Paulo. “Eu comecei com 05 anos e o Yago com 07. Ele sempre foi uma criança muito esperta, agitada. Foi contratado pelo progra­ma do Raul Gil, quando fez os testes. Eu fiz junto com ele, mas não passei, mas o Yago estava sempre envolvido em muitos projetos do programa e da emissora. Em 1999 o Moacir Franco nos conheceu e comprou o passe, quando começamos a nos apresentar no programa Pequenos Bri­lhantes, quando nós nos apresentamos pela primeira vez juntos, mas ainda sem formar uma dupla. Passado algum tempo, o Yago acabou voltando ao programa do Raul Gil e participou do Trem da Alegria, onde ficou por mais dois anos”, relembra.

Mas foi na internet que os irmãos conquistaram muitos seguidores e admiradores, com vídeos de imitação de ou­tros sertanejos, trabalho iniciado em 2010.

Foi em 2006 que eles montaram a dupla Yago e San­thiago e começaram a se apresentar. No ano de 2011 chegaram ao Paraná e iniciaram as apresentações por Curitiba e região metropolitana. “Em 2012 nós estávamos nos apresentando no Largo da Ordem, em Curitiba, quan­do o Gil Souto se aproximou e gostou de nos ouvir can­tar. Ele comprou um CD e nos chamou para vir até Campo Largo. Foi então que começamos a nos apresentar cantan­do em jantares dançantes. Sempre cantamos com a casa cheia, com as pessoas curtindo nosso trabalho”, comenta.

Além do Paraná, os irmãos músicos se apresentaram em vários outros estados, inclusive tendo um grande públi­co no Rio Grande do Sul. Tiveram a oportunidade de can­tar com grandes nomes da música nacional como João Bosco e Vinícius, César Menotti e Fabiano, Nego do Borel, Zezé di Camargo, Bruna Viola, entre outros.

A música para os irmãos era um dom natural, pois nunca estudaram propriamente sobre canto ou instrumen­tos. Yago era a primeira voz da dupla, mas eles revezavam dependendo da música ou do show.

Yago na vida particular

“Apaixonado pela vida, apaixonado pela esposa – com quem era casado há 10 anos – e amava muito o cachor­ro que eles têm. O Yago era extremamente alegre, ele en­tendia que essa era a missão dele. O nome de Yago era associado à alegria e assim deve permanecer na memó­ria das pessoas. Por muitas vezes ele falou para mim que não iria abrir a situação da doença, porque muitas pessoas que passavam por problemas abrem nossos vídeos para se alegrarem, era o que ele mais gostava de fazer, cantar e espalhar essa alegria”, se emociona Santhiago.

Santhiago conta que o irmão era muito honesto, princi­palmente na administração dos cachês da dupla. Era muito “gente fina”, mas que se precisasse, comprava a “bron­ca” do irmão. Era vaidoso e gostava muito de malhar, sen­do definido pelo Santhiago como o “galã da dupla”, mas sempre respeitou muito a esposa. Era um jovem de muita fé, espírita kardecista e seguidor de Jesus. “Ele acreditava que nós estávamos nessa Terra só de passagem, sempre estava estudando e lendo muito o livro de Allan Kardec. Essa fé que ele tinha e a fé que nós temos, nos fez, ape­sar da tristeza da partida do meu irmão, ficar mais confor­mados”, comenta.

Yago foi diagnosticado em 2018 com linfoma e em 2019 precisou intensificar o tratamento. Emagreceu cerca de 20kg e perdeu os cabelos, por conta da quimioterapia. “Ele encarava tudo de maneira muito valente, era forte e lutou muito pela vida. Tínhamos esperança, inclusive está­vamos com planos maiores para depois que ele estivesse recuperado, mas não deu certo. O dia que ele faleceu foi o dia mais difícil da minha vida”, diz.O velório do cantor foi realizado na quinta-feira (30/12), na Paróquia da Orleans, em Curitiba.

Recado aos fãs

Santhiago conta que está sofrendo bastante com a partida do irmão, mas que vê como uma responsabilida­de continuar o legado dele. “Vou ficar afastado por mais dois meses, preciso me encontrar com as minhas raízes novamente. É uma tristeza que eu não sei explicar. Ontem (05/01) ouvi pela primeira vez a música Fim de Noite, do Milionário e José Rico e me emocionei muito, chorei”, re­vela.

Os irmãos tinham shows agendados em 2022 e San­thiago comenta que irá se preparar para subir nos palcos sem o irmão. “O Yago era o meu primeiro amor, ninguém nunca irá ocupar o lugar dele. Peço para que continuem orando por nossa família, pela nossa equipe que é par­te da nossa família, porque tem sido um momento delica­do”, declara.

“Agradecemos imensamente ao Hospital Erasto Ga­etner, que sempre tratou ele com muito carinho e fez de tudo. Aos nossos fãs, gostaria de agradecer primeiramen­te e dizer para que digam eu te amo, abracem, amem as pessoas, façam o bem, pois sempre tem alguém com um problema maior que o seu. A vida é um sopro e estamos aqui só de passagem, aproveite estes momentos espe­ciais”, finaliza.

Santhiago recebeu uma homenagem na missa de sétimo dia