Campo Largo é hoje o município que mais gasta com transporte escolar no Paraná, cerca de R$ 10 milhões por ano. A partir de 2022, pelo menos R$ 5 milhões estarão disponíveis para a Educaç&atild
Nesta semana, pais de alunos do Colégio Estadual Dom Pedro II entraram em contato com a Folha de Campo Largo para contar que as linhas de transporte escolar, que hoje são oferecidas aos alunos que estudam na instituição, a partir de 2022 não serão mais ofertadas. A Folha conversou com o prefeito Maurício Rivabem que explicou sobre o projeto de remanejamento do transporte escolar que acontecerá a partir do ano que vem.
O que dizem os pais
À Folha, uma mãe de estudante de 12 anos, do Colégio Dom Pedro II, explicou que esse é um colégio que fica em uma área rural e não há outro meio de chegar à escola se não for pelo transporte escolar. “Os bairros atingidos por essa mudança seriam o Vila Pompéia, Cercadinho, Vila São Luís, Caratuva, Vila Conceição, Vila Guarani e Revier. Foi montada uma comissão junto aos pais, estamos dispostos a ir até a última instância para lutar pelo direito dos nossos filhos”, diz a mãe da aluna.
Ela mora a oito quilômetros da instituição e explica que a região é de estrada de chão e sem acostamento, por isso oferece muitos riscos aos alunos que por ventura façam o trajeto a pé. “Não tem nenhuma linha de ônibus que passa pela Colônia e temos bastante movimento de caminhões, porque é área de plantio. No grupo há famílias com mais de um filho estudando neste colégio e que estão preocupados sobre como eles irão para a aula no ano que vem. Além disso, este é um colégio com 100 anos de história, que tem um índice no IDEB muito bom, sem falar de vários alunos com aprovação pela Federal”, diz a representante.
Prefeito explica
O prefeito Maurício Rivabem recebeu a Folha no gabinete na última terça-feira (07) e explicou que atualmente Campo Largo gasta aproximadamente R$ 10 milhões em transporte escolar por ano, sendo o município que mais gasta nesta área. “Mais que Curitiba, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu. Agora, motivados pelo contrato, nós tivemos que dar o reajuste, o reequilíbrio contratual, cerca de 8%, então vamos passar para quase R$ 11 milhões, fora os outros adendos que podem ocorrer. Isso para transportar alunos do Estado e do Município.”
Ele diz que esse é um dinheiro bem aplicado, mas explica que a lei obriga oferecer o transporte escolar para alunos que moram a mais de dois quilômetros da escola, feito por meio dos próprios pais, que oferecem os endereços no momento da matrícula. “O que acontece em Campo Largo, e que já acontece há muitas décadas, infelizmente, é um preconceito com determinadas escolas. A questão do direito da escola em hipótese alguma será mexida, porque é algo adquirido. Ninguém vai inviabilizar que o estudante continue estudando em determinada instituição. Contudo, esse transporte que existe hoje, de bairros distantes onde tem escolas e colégios, com muitas vezes os mesmos professores, ou professores que tiveram a mesma formação, nós não vamos mais custear esse transporte para alunos que moram próximo dessas instituições”, enfatiza.
O transporte escolar da região rural será mantido. “Locais onde há dificuldade de ônibus, estradas perigosas para que os alunos transitem, o município irá arcar evidentemente. Outro exemplo é o Cercadinho, que não há mais colégio estadual, então nós iremos transportar esses alunos até a instituição mais próxima, em conversa com o Estado e o georreferenciamento”, reforça.
Economia e retorno na Educação
Campo Largo tem hoje 60 instituições educacionais – contando com CMEIs, escolas municipais e outros – e há Termos de Ajustes de Condutas a serem cumpridos junto ao Ministério Público em muitas escolas. “Há situações onde a propriedade não é do município, problemas de alvará, de licença emitida pelo Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e hoje, em pleno 2021, instituições onde são cerceados os direitos de pessoas com deficiência poderem estudar na instituição por falta de acessibilidade. Situações extremamente graves e queremos melhorar, principalmente na segurança dos nossos alunos. Nós precisamos cuidar dos alunos”, afirma.
O prefeito explica que somente em um estudo preliminar, feito em parceria com o Estado, o município economiza cerca de R$ 5 milhões de reais, que retorna para a própria Educação Municipal, não é redistribuído entre as pastas.
Para os 14 mil alunos, com o valor atualizado na licitação – há menos de 30 dias – onde foi custeado todo o material escolar – com cadernos e livros, oferecidos tênis e mochila para 100% dos estudantes da rede municipal, uniforme e apoio digital aos professores foi investido R$ 3,1 milhões. “Com esse remanejamento do transporte escolar, nós conseguiremos ter em caixa R$ 15 milhões nestes três anos de mandato que temos pela frente, para investir em outras frentes dentro desta pasta e oferecer uma educação melhor aos nossos estudantes”, finaliza o prefeito.