As obras na Rua Marechal Deodoro, uma das mais movimentadas e importantes de Campo Largo, têm gerado grande polêmica.
As obras na Rua Marechal Deodoro, uma das mais movimentadas e importantes de Campo Largo, têm gerado grande polêmica. Não foi apresentado um projeto de como realmente ficaria a rua e com a execução da obra muitos se mostram insatisfeitos, não apenas pelos transtornos normais de obra, mas por como ficará após concluída.
Para discutir o assunto, empresários ligados à Associação Comercial e Empresarial de Campo Largo – Acicla, reuniram-se nesta semana com representantes da Secretaria de Urbanismo, Secretaria de Viação e Obras, engenheiro fiscal da obra e responsável pela empresa que está realizando as obras.
Lojistas apresentaram alguns pontos para que pudessem na reunião esclarecer algumas coisas sobre as obras. Também foi falado aos responsáveis que em 2019 já foram levantados diversos pontos por eles, mas que até então não tiveram resposta sobre seus posicionamentos.
Foi pontuado a questão da qualidade da obra, como alguns pavers que não estavam bem travados e começavam a apresentar problemas, algumas partes sem terminar, problemas com descida de água pluvial. A empresa justificou que sobre os pavers, por exemplo, é importante que os lojistas mantenham a areia jogada em cima, pois a retirada dela antes do tempo pode comprometer o serviço. Sobre outros pontos, falaram que estão acompanhando e concluindo o que ficou pendente.
Um melhor planejamento da obra e sinalização da obra foram solicitados. O responsável da obra citou que em alguns lugares foram tiradas placas de sinalização por populares e que mesmo que alguma rua vá receber obras ao final do dia, por exemplo, é preciso fechar desde cedo para que não fiquem carros estacionados. Além disso, estão sendo encontradas situações inesperadas na obra, então às vezes iniciam o serviço, mas precisam parar e analisar para planejar o que fazer.
A falta de galerias de água pluvial já tem se mostrado um problema. Foram construídas esquinas com calçadas mais largas, mas - com chuva - a água fica toda empoçada nestas esquinas, onde não foram construídos bueiros. Sobre isso, explicaram que não estava previsto, mas que serão construídos pela Prefeitura.
As esquinas também têm sido uma grande reclamação, pois em alguns lugares não passam dois carros e principalmente a dificuldade de ônibus, caminhão de coleta de lixo e caminhões em geral que não conseguem fazer a conversão após o alargamento. Já foram diversas situações de grandes veículos que precisaram passar pela calçada para conseguir fazer a conversão. Responsáveis falaram que apenas na frente no banco Santander não passam dois carros e em algumas entradas para ruas transversais. Vagas destinadas a bancos e farmácias também precisam ser revistas.
De modo geral, foi pontuado que a obra dá ênfase aos pedestres, mas a Acicla pede mudanças para que isso não prejudique o comércio local. Entende-se que durante a obra há certa confusão, mas o que querem é evitar que no pós-obra tenham que adaptar as coisas novamente. Queriam revitalização, mas com consenso de pedestre e trânsito de veículos. Lembraram que os comerciantes não apoiavam essa redução na passagem dos veículos, pois acreditam que para elaboração do projeto faltou entender a realidade local, pois a teoria é diferente da prática.
Prefeitura
Em nota divulgada pela Prefeitura, foi informado que o projeto contempla obras de adequação e modernização das calçadas que compreendem as vias do anel central do município, realizadas na Rua Desembargador Clotário Portugal, Rua Engenheiro Tourinho, Avenida Padre Natal Pigatto, Rua Monsenhor Aloísio Domanski, Rua Xavier da Silva e Rua Marechal Deodoro, sendo que, futuramente, ainda serão licitados mais 4 produtos (novos locais).
Durante a reunião, o principal questionamento, foi acerca do propósito da obra em si, o que foi prontamente respondido pelo Engenheiro da Prefeitura de Campo Largo, Sérgio Luiz Schmidt: “as obras de revitalização das calçadas no anel central têm um propósito muito grande - melhorar a acessibilidade - pessoas com dificuldade de locomoção, como cadeirantes, deficientes visuais, idosos ou as próprias mães/pais com carrinhos de bebê, por exemplo, serão favorecidos com essa novidade”. Segundo o Engenheiro, tudo isso está na mesma esteira de uma tendência mundial, que é melhorar a acessibilidade das pessoas.
O Engenheiro frisou que é preciso ter paciência e se pensar um pouco nesse público, deixando de lado o egoísmo e entender que no mundo inteiro as cidades têm se adaptado para que as pessoas com mobilidade reduzida possam andar nas ruas nas mesmas condições dos que não enfrentam essa batalha no dia a dia: “Chegou o momento de favorecerem essas pessoas, mesmo em detrimento de carros ou das pessoas que não têm dificuldade de locomoção”.
A empresa vencedora da licitação, pelo seu representante, Junior Vinicios de Castro, explicou que as esquinas que, aos olhos dos munícipes, parecem equivocadas, seguem normas da ABNT - NBR 9050 e que estão sendo feitas nesse formato modal por conta da necessidade de visibilidade, tudo conforme essa norma técnica.
Quanto à sinalização da obra, o representante da empresa disse que as placas e cavaletes não são respeitadas por algumas pessoas que vandalizam os objetos e retiram do lugar. Solicitou auxílio da Prefeitura nesse sentido e o Deptran já tomou as providência necessárias e irá reforçar a sinalização.
Junior disse, ainda, que é importante que as pessoas tenham calma e compreendam que a obra está em execução, portanto muitos questionamentos feitos foram respondidos que a obra está inacabada e que não se pode pular etapas. Tecnicamente, ele explicou que ainda faltam ser colocados os mobiliários como bancos, iluminação e lixeiras, por exemplo, portanto muitos trechos das obras não podem ser vistos como malfeitos ou irregulares porque ainda estão sendo executados.
Quanto às guias, explicou que elas existem, também conforme as normativas de obras de mobilidade urbana, onde são colocadas em pontos estratégicos, seguindo, também a referida ABNT - NBR 9050.
Sobre o questionamento acerca da drenagem, ponto que causou grande preocupação nos lojistas, diante da necessidade de escoamento da água pluvial, o que foi respondido pelo Secretário de Obras Viárias, Paulo Rogério Alves, que explicou que a drenagem não faz parte do contrato de revitalização das calçadas, mas que será feito pela prefeitura, durante a execução da própria obra. O manilhamento já foi solicitado e, assim que tudo estiver conforme, com empenhos feitos e manilhas entregues, as obras iniciarão, sendo que já têm prazo para terminar - 20 de novembro.
A previsão é que até 20 de novembro termine a obra das calçadas e a Prefeitura vai fazer escoamento da água pluvial, como também refazer pontos de asfalto. Na reunião foi criada uma Comissão para acompanhamento da obra.
Um vídeo de um motorista que ficou impaciente com a obra e passou pela calçada repercutiu na internet e quando publicado na página da Folha no Facebook gerou cerca de 440 comentários e alcançou mais de 93.500 pessoas. A maioria dos internautas se mostrou descontente com a obra, não só pelos transtornos atuais, normais de quando uma obra está acontecendo, mas por terem reduzido as vias nas esquinas e a dificuldade de fluir o trânsito com ruas mais estreitas. Até relembraram o fato de antigamente ter floreira, aí depois outro prefeito tirou, agora colocam de novo e assim gastam o dinheiro público.